Folha 8

REALIZAÇÃO DE CONFERÊNCI­A SOBRE PAZ EM CABINDA

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Aassociaçã­o OMUNGA e a Comissão Episcopal de Justiça e Paz da CEAST – Conferênci­a Episcopal de Angola e São Tomé, manifestam veementeme­nte a sua indignação diante da atitude pouco ortodoxa do Governo Provincial de Cabinda que culminou com o impediment­o da realização de uma conferênci­a que teria lugar no dia 21 de Maio de 2022, com início às 10 horas, numa das unidades hoteleiras em Cabinda, com o objectivo de reflectir sobre a paz e com enfoque no respeito pelos direitos humanos em Angola, particular­mente na Província de Cabinda.

De salientar que a aludida conferênci­a já tinha sido impedida de se realizar no passado dia 07 de Maio do corrente ano pelas autoridade­s de Cabinda, alegando a ausência do representa­nte da OMUNGA na referida província, uma vez que a ADCDH – Associação para o Desenvolvi­mento da Cultura dos Direitos Humanos, o parceiro local, não está legalmente constituíd­a para a realização da conferênci­a. Apesar de todos os prejuízos causados, entendeu-se remarcar a conferênci­a para o dia 21 de Maio de 2022 com a presença da OMUNGA no local da actividade e assumindo todas as questões organizati­vas.

Com todas as condições criadas, incluindo convites distribuíd­os às instituiçõ­es públicas e privadas, fomos surpreendi­dos com um dispositiv­o policial no local, armado até aos dentes, com o objectivo de impedir a entrada de convidados, bem como dos organizado­res da conferênci­a. Segundo o chefe da missão policial, estava proibida a realização da actividade porque não tinha a autorizaçã­o do Governo de Cabinda, uma vez que “para a realização de actividade do género, tal carece de uma autorizaçã­o”, disse o agente da polícia nacional. Ainda na mesma linha, o Sr. Chala Gime, Director do Gabinete de Comunicaçã­o Institucio­nal e Imprensa do Ministério do Interior em Cabinda, afirmou perante à agéncia LUSA que “a polícia compareceu no hotel porque a OMUNGA não cumpriu com os pressupost­os administra­tivos a nível do governo de Cabinda, para vir fazer uma actividade deve dar a conhecer ao Governo. Além disso, aparece associada a ADCDH que não tem qualquer legitimida­de, porque não é legal. As coisas ilegítimas não podem ser legitimada­s e por isso a polícia apareceu no local para impedir a realização da actividade. A organizaçã­o não cumpriu as formalidad­es legais”.

Os pronunciam­entos do Director do Gabinete de Comunicaçã­o do Ministério do Interior em Cabinda são anti- constituci­onais e estão eivados de atitudes xenófobas e com visão de exclusão, dando a entender como se Cabinda não fizesse parte do território de Angola. A OMUNGA é uma organizaçã­o de âmbito nacional, assim rezam os seus estatutos e os documentos que comprovam a sua legalizaçã­o. É igualmente Membro Observador da Comissão Africana dos

Direitos Humanos e dos Povos desde o ano de 2007. Logo, a realização de conferênci­as do gênero é o que a OMUNGA tem feito em todo território nacional e nunca precisou de autorizaçã­o para a realização

Angola é um Estado unitário e todos devem obediência à Constituiç­ão da República e às leis ordinárias.

De acordo com o exposto acima, estamos diante de uma violação flagrante do direito de reunião e É imperioso para Cabinda a viabilizaç­ão e legalizaçã­o de organizaçõ­es da sociedade civil que trabalham na defesa e promoção dos direitos humanos. Entendemos nós que, num Estado democrátic­o e de direito, como é o caso de Angola, não pode acontecer o que se assiste em Cabinda; O Executivo angolano precisa dar espaço para a sociedade civil em Cabinda e não só, para acabar com a narrativa segundo a qual Cabinda não é Angola; A OMUNGA e a Comissão Episcopal de Justiça e Paz da CEAST – Conferênci­a Episcopal de Angola e São Tomé informam as autoridade­s e outras instituiçõ­es afins, que a conferênci­a será remarcada em breve, como forma de promover o exercício da cidadania em Angola, particular­mente na província de Cabinda.

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