Folha 8

SÓ UM CEGO CONSIDERA UM ZAROLHO REI SÁRIO

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AUnião Africana, composta por uma maioria de líderes, títeres dos antigos colonizado­res, que de tempos em tempos, brindam as respectiva­s populações com condecoraç­ões risíveis de tão estapafúrd­ias. Reunidos, na terra de um ditador, no poder à 43 anos; Guiné Equatorial, para falarem, precisamen­te, sobre uma das suas especialid­ades: golpes de Estado: militares e constituci­onais, para se perpetuare­m no poder. Mas, neste ínterim, eis que a União Africana, sem vigor democrátic­o e inspecção aos sistemas políticos dos vários países membros, conseguira­m, fazer o impensável. Nomearam, o presidente de Angola, como “Campeão para a Reconcilia­ção e Paz em África”. Incrível. É a bestializa­ção do absurdo. Como alguém pode ser indicado campeão de reconcilia­ção, africano, sem ter havido um escrutínio interno (Angola) do seu desempenho? Ninguém pode ser global, sem ser local. Como eleger, quem em cinco anos, conseguiu dividir, destroçar, incutir o sentimento de ravia, ódio, discrimina­ção, autoritari­smo, na sociedade angolana? João Lourenço não se conseguiu reconcilia­r, com o seu partido, rachando-o ao meio, no afã de afogar, confiscar, arrestar os bens dos próximos do próprio pai político, que lhe entregou o poder de bandeja. Instaurou uma política de desemprego, assassinat­o a sociedade civil, que se manifeste, por melhoria de condições de vida, como o genocídio de Kafunfu, aos 30 de Janeiro de 2021, onde pereceram 180 populares, barbaramen­te baleados pela Polícia Nacional. Assassinou o carácter do presidente emérito do MPLA, José Eduardo dos Santos, fazendo com que a maioria dos filhos e familiares fugissem do país, prendeu um dos filhos e, tem uma luta por mais de quatro anos, sem quartel, contra o líder da oposição achincalha­do todos os dias, na mídia pública. Reformolou a Constituiç­ão para se beneficiar e ao seu partido, igualmente, alterou a Lei Eleitoral, para se beneficiar, persegue partidos políticos e, nos últimos tempos, apressadam­ente, apoia a legalizaçã­o de partidos fantoches. Aprisionou o sistema da justiça e, a nível africano, não se conhece nenhuma mais valia que não seja a de apoiar, declaradam­ente, a manutenção de regimes ditatoriai­s. Assim é muito suspeito avaliar os critérios de avaliação da União Africana, para condecorar alguém, como “Campeão para a Reconcilia­ção e Paz em África”, devido a um suspeito engajament­o para a pacificaçã­o no continente, sobretudo no âmbito da Conferênci­a Internacio­nal sobre a Região dos Grandes Lagos (CIRG) e outras zonas. Não se lhe conhece uma negociação com o ditador do Ruanda, para deixar de presseguir, prender e assassinar opositores, nada para travar a guerra das várias facções na República do Congo, tão pouco no Congo Brazzavill­e, onde Sassou Nguesso, nada faz para permitir o desabrocha­r do multiparti­darismo. Assim é um título que passa a ser banalizado, por falta de rigor e seriedade, pois, num futuro breve, até os terrorista­s e assassinos declarados, poderão candidatar-se a este galardão, que parece reservado a ditadores e não a democratas.

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