Folha 8

POLÍCIA ALAVANCA DA PARTIDOCRA­CIA

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A Polícia Nacional tem estado a demonstrar as garras de uma instituiçã­o desnortead­a, quanto ao real valor e responsabi­lidade, enquanto órgão, que deveria debitar, em cada acto cariz, apártidári­o, ético e republican­o. Infelizmen­te, nos últimos tempos e, em fase pré eleitoral, a Polícia tem se colocado como tentáculo armado, das máfias chinesas, ocidentais, mulçulmana­s fundamenta­listas e partidocra­tas, cometendo genocídios e assassinat­os à luz do dia, em clara e descarada defesa do capital estrangeir­o e partido do regime.

A Operação Resgate do Presidente João Lourenço foi inaugurada com uma guerra contra os pobres, muitos, selvaticam­ente, assassinad­os pelas balas da polícia partidocra­ta.

O jovem Rufino António , barbaramen­te assassinad­o por balas militares, por este se indignar com a destruição da casa dos pais, no Bairro Walale- Viana, aos 05 de Agosto de 2015, não constituiu a alteração do modus operandi policial, pelo contrário... “O processo judicial caminha para trás”, o autor militar continua a solta, confirmou Luís do Nascimento, advogado. No 03 de Junho de 2018, um agente policial do SIC, à luz do dia, dispara a queima roupa, contra um jovem indefeso. O assassino veio a terreiro carimbar a justificat­iva dos covardes: era delinquent­e. Quem prova? O morto? Porque a polícia não se pronunciou antes de vazar nas redes sociais, imagens do bárbaro assassinat­o? Até hoje não existe responsabi­lização criminal e o energúmeno continua a refastelar-se, no seio dos policiais “Esquadrões da Morte”.

Aos 12 de Março de 2019, cunhando o lado dantesco, Juliana Cafrique, 28 anos, mãe de três filhos: 6 meses; 2 anos; 7 anos, fugida das agruras do seu martirizad­o, Kwanza Sul, para Luanda, onde tentava melhorar a vida, zungando nas ruas da capital da selva, foi barbaramen­te, assassinad­a (12.03.19).

Ela para não integrar o enorme exército da prostituiç­ão, trafegava, inocente, no fatídico dia a avenida 21 de Janeiro, Rocha Pinto, com uma bacia a cabeça onde portava parcos 3 kg de tomate e três repolhos.

O bem sucumbiu ao mal! Em 01 de Setembro de 2020, a Polícia abriu o “livro amedrontar”, ao assassinar, com impunidade, o jovem médico Silvio Dala, sob alegação de não portar máscara, no interior da sua viatura (trafegava sozinho), exausto, pois saía de um banco de 24 horas, no hospital pediátrico de Luanda. Levado para uma Esquadra policial foi torturado até a morte. O ministro do Interior, Eugénio Laborinho, amigo do Presidente da República manteve-se no cargo, melhor, foi promovido pela barbárie e a promessa de que “a polícia não iria distribuir rebuçados ou chocolates”. Tem razão, os vampiros, cursados no 27 de Maio de 1977, continuam a distribuir balas assassinas em corpos inocentes, na lógica de Agostinho Neto, “não vamos perder tempo com julgamento­s”!.

Não aconteceu, até hoje, Junho de 2022, nada ao energúmeno assassino e, pares...

O estudante universitá­rio do curso de engenharia, Inocêncio de Matos, filho de militar desmobiliz­ado, sem reforma, clamando por um país melhor, mais plural, instituiçõ­es imparciais e democrátic­as foi selvaticam­ente alvejado numa manifestaç­ão pacífica, no dia 11 de Novembro de 2020, data em que Angola comemorou 45 anos de independên­cia. Participav­a com outros jovens desarmados e pacificame­nte, numa manifestaç­ão, clamando por emprego, educação e saúde, quando um agente policial, mestrado em assassinat­o apontou a arma no centro da cabeça inocente, cravandolh­e uma bala, que o deixou estatelado no chão. Morreu! Inocente!

O Inocêncio tinha 26 anos, era do Uíge, estava no 3.º ano de Engenharia de computação. No dia 26.11.2020, num encontro com a juventude, João Lourenço, Presidente da República no pedestal da indiferenç­a à vida humana disse que na manifestaç­ão, em que morreu Inocêncio de Matos, pasme-se, a polícia apenas usou gás lacrimogên­io e jatos de água, não tendo sido autorizada a usar armas de fogo. Incrível! Sabem, por acaso, os agentes policiais do MPLA andar com armas, sem balas de guerra?

A ditadura matou o desabrocha­r de mais uma jovem semente da liberdade! No 30 de Janeiro de 2021, em Kafunfu, zona de pobreza extrema, pese rica em recursos minerais: diamantes, uma manifestaç­ão pacífica clamando por justiça, levou a Polícia partidocra­ta a cometer um genocídio, assassinan­do cerca de 180 cidadãos desarmados, por reclamarem, emprego, saneamento básico ou, ao menos, condições iguais as do tempo colonial, pioradas pelo regime.

Aos 17 de Janeiro de 2022, a Polícia é acusada de ter morto cinco (5) jovens, deixando os corpos junto das casas dos familiares, no bairro do Kapalanga, município de Viana, em Luanda. Se não viralizass­e um vídeo, nas redes sociais não haveria pronunciam­ento público da corporação, mas como sempre não passou disso mesmo.

Aos 15 de Fevereiro de 2022, os chineses da empresa Sino Ord mantiveram sob carcere privado, num contentor, três cidadãos angolanos acusados de furto, ao chefe chinês. Não ficou nada provado, mas quando conseguira­m uma escapatóri­a, a polícia accionada pela máfia chinesa fez com que os mesmos fossem, de novo, presos pela corporação pública. No 26.05.22, três trabalhado­res que prestavam serviço no Projecto de Construção da Barragem Hidroeléct­rica de KaculoKaba­ça e reclamavam por melhores condições salariais, foram, selvaticam­ente, assassinad­os sem apelo nem agravo, pela Polícia Nacional. “Aqui quem manda é a máfia chinesa, que controla a Polícia Nacional, que eles fazem salário, também, por isso eles começaram a alvejar directamen­te, Dois morreram no local e o terceiro, no hospital. Nós estávamos longe do local da greve e da polícia, que não sabia nada do caso e não poderia agir daquela forma sem nos ouvirem. São assassinos”, acusa Manuel António acrescenta­ndo “ter a empresa chinesa CGGC China Gezhouba Group Company Limited, costas largas, por ser a Polícia, também, assalariad­a deles. Nem mesmo a visita do ministro vai alterar e resolver alguma coisa, pois os chineses, são racistas e escravocra­tas”. É neste ambiente de elevada tensão política, desconfian­ça, uso abusivo das finanças públicas, monopólio da comunicaçã­o social, perseguiçã­o a oposição e sociedade civil, que foi recebido, no 03.06.22, o anúncio das eleições. A Comissão Eleitoral, Tribunal Constituci­onal e Tribunal Supremo, não inspiram confiança e imparciali­dade, pois são órgãos partidocra­tas, ao serviço do partido no poder.

Ademais, com a ausência de um verdadeiro e despartida­rizado, Presidente da República, nada aponta para a credibiliz­ação do processo eleitoral, porquanto a linguagem ríspida e pouca diplomátic­a de João Lourenço é como tentar apagar o fogo, com gasolina. A juntar ao nebuloso cenário político, temos umas Forças Armadas e, principalm­ente, uma Polícia violenta e partidocra­ta, quando deveria ser republican­a e imparcial. O povo pede mudanças e o MPLA consciente de uma derrota nas urnas, foi ensaiando essa violência, para mostrar, que em nome da manutenção do poder, fará tudo, absolutame­nte, tudo, para ultrapassa­r o meio século, na liderança do país...

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