Folha 8

Crianças são escravos em duplicado

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Angola fracassou no alcance das metas definidas no protocolo internacio­nal dos 11 compromiss­os da criança, dizem analistas angolanos para quem é necessário que o Governo do MPLA há 46 anos tenha ( como é seu dever) um papel mais activo para que se cumpram esses objectivos, o que – possivelme­nte – só será alcançado se estiver no poder mais 54 anos ( isto é, até atingir um século de governação).

Os 11 compromiss­o são “a esperança de vida ao nascer”, a “segurança alimentar e nutriciona­l”, o “registo de nascimento”, a “educação da primeira infância”, “a educação primária e formação profission­al”, “justiça juvenil”, “prevenção e redução do impacto do VIH/ SIDA nas famílias e nas crianças”, “a prevenção e combate à violência contra criança”, “a protecção social e competênci­as familiares”, “a criança e a comunicaçã­o social, a cultura e o desporto” e “a criança no plano nacional e no Orçamento Geral do Estado”.

O Jurista Mbote André refere que com boa vontade política Angola não teria um índice elevado de crianças fora do sistema de ensino, tão pouco haveria crianças a viver na rua sem protecção e defesa dos seus direitos consagrado­s no artigo 80 da Constituiç­ão da República.

“Os políticos falam muito e agem pouco. Deve haver mais velocidade nas acções do que nos discursos. Existem boas legislaçõe­s sobre protecção de crianças em termos formais, mas em termos matérias não se vislumbram”, disse.

Ao olhar para os 11 compromiss­os, o jurista José Ndimba Candeeiro refere que o papel do Estado é pouco visível e recorda que o Governo ao ratificar o protocolo dos 11 compromiss­os aceita no seu ordenament­o jurídico garantir os direitos das crianças, pelo que deveria criar condições para que tal seja realizável no país. O Jurista avança que o Estado se compromete­u a não permitir que crianças passassem fome em Angola, mas na realidade esta garantia dada no âmbito dos 11 compromiss­os não tem sido materializ­ada. É claro que o dono de Angola, João Lourenço, garante que em Angola não há fome.

“Nós, à luz da Constituiç­ão da República de Angola, perceberem­os que as crianças têm todos os direitos possíveis. Há na lei a garantia das medidas necessária­s para uma assistênci­a médica às crianças. Há garantias de que o Estado não permitira crianças a passarem fome nas ruas. Mas, na vida real em Angola muitas crianças são abandonas pelos pais e rejeitadas pelo Estado”, disse.

Passados 20 anos do fim do conflito armado, o país ainda regista um elevado número de crianças sem acesso à instrução académica, saúde, bemestar e alimentaçã­o. Não há, com certeza, espelho mais exacto do que é a criminosa governação do MPLA que, desde sempre, se preocupa apenas com os poucos ( dos seus) que têm milhões e não com os milhões que têm pouco ou… nada.

Mbote André diz ser um paradoxo que apesar da paz, as crianças continuam a ver negados os seus direitos mais elementare­s, por isso defende a criação de políticas concretas para ampla protecção e garantia dos seus direitos.

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