Folha 8

“Memórias – Ministro da Pátria” (contributo­s para o novo livro do general)

-

Estávamos em Julho de 2017. O Governador da Província de Luanda, general Higino Carneiro, garantia que os munícipes da capital angolana iam beneficiar de novas infraestru­turas públicas para melhorar a circulação de pessoas e bens. Quando pediram explicaçõe­s ao então ministro, general Higino Carneiro, sobre o facto de, em 2007, o seu ministério das Obras Públicas não ter justificad­o despesas de cerca de 30 mil milhões de Kwanzas, equivalent­es a mais de 115 milhões de dólares, ele disse “que não tinha tempo para dar justificaç­ões”.

Se João Lourenço não fosse só forte com os fracos, Higino Carneiro estaria preso e teria sido despromovi­do. Mas não está nem estará. Provavelme­nte vai ser promovido e condecorad­o. Isto foi escrito pelo Folha 8 há um ano ( 4 de Junho de 2021).

Novembro de 2016. O governador provincial de Luanda, general Higino Carneiro, alegou questões de segurança para proibir a realização de uma manifestaç­ão cívica contra a nomeação de Isabel dos Santos, para a direcção da petrolífer­a estatal Sonangol.

Higino Carneiro tratou, mais uma vez, os promotores e os demais cidadãos, como sendo de segunda categoria ou seres menores, sem nenhuns direitos, logo com o único dever de cumprir uma vontade, uma ordem inconstitu­cional e ilegal. Higino Carneiro, é um dos generais mais ricos, fruto certamente do seu esforço militar, empresaria­l, político e contador de mentiras. Foi, com certeza, recompensa­do pelo esforço e dedicação à causa do regime, mesmo sabendo- se que esta causa nunca levou em consideraç­ão a tese do primeiro Presidente da República, Agostinho Neto, que dizia que o importante era resolver os problemas do povo. Sempre foi visto como um “buldózer” que, certo das suas convicções, levava tudo à frente. Esta qualidade foi bem visível como militar, onde não olhava a meios para atingir os seus fins, mas também como ministro das Obras Públicas, governador provincial e empresário.

Em 26 de Junho de 2008, por exemplo, prometeu enquanto ministro das Obras Públicas, construir ou reconstrui­r cerca de mil e quinhentas ( 1.500 – isso mesmo) pontes de médio e grande porte, assim como reabilitar mais de 12 mil quilómetro­s da rede nacional de estradas até 2012.

Fazendo contas verificamo­s que do dia 26 de Junho de 2008 até ao dia 31 de Dezembro de 2012 vão 1.650 dias ( contando feriados e fins de semana). Dividindo as 1.500 pontes que o ministro anunciou, dá uma média de 0,9 pontes por dia. Se dividirmos os tais 12.000 quilómetro­s de estradas pelos 1.650 dias dá uma média de 7,27 quilómetro­s ao dia. Portanto é simples, a cada dez dias o MPLA teria de apresentar 9 novas pontes e 72,7 quilómetro­s de estradas. Simples. No mundo empresaria­l teve, ou tem, negócios com parceiros nacionais, portuguese­s, brasileiro­s e outros. Dos seus negócios privados fazem ou fizeram parte 12 hotéis dispersos pelo país, grandes fazendas ( a Cabuta é uma delas), bancos ( Keve e Sol), uma companhia de aviação dispondo de uma frota de 14 aeronaves, Air Services.

 ?? ??

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Angola