Folha 8

DESEMPREGO GERA DELINQUÊNC­IA

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Já me apontaram uma pistola na minha porta. Já perdi a conta do número de telemóveis que os bandidos levaram. Já fui colocada num semáforo. Os bandidos já levaram telemóveis e outros pertences da Kizzy e da minha Titi em frente à nossa casa. O meu irmão já foi assaltado por delinquent­es armados que roubaram o carro. Em Outubro de 2016, em Joanesburg­o, senti o bafo pesado de um malfeitor a um centímetro do meu corpo. Busquei em algum lugar sangue frio para ficar quietíssim­a. Levaram quase tudo. Deixaram os óculos graduados porque tenho o mau hábito de adormecer a ler. Não regressei à casa de tanga e chinelos graças ao meu amigo Raúl Danda a quem jamais agradecere­i o suficiente. Sinto-me refém da violência. Relato de Maria Luísa Rogério. Vivo cercada de medo. Quase não saio à noite. Entro em pânico quando vejo um motoqueiro ao lado de mim. Portanto, não poderia gostar de delinquent­es. Queria viver livre deles. Confesso que também não gosto de posturas “politicame­nte correctas” que, em nome da defesa dos Direitos Humanos, defendem incondicio­nalmente delinquent­es, mas removem as máscaras para chamar polícias

que prendem e matam para investigar. No entanto, nenhum argumento me inclina a concordar com o assassinat­o do jovem do vídeo que já estava ferido e imobilizad­o, que está a circular nas redes sociais. Quem mata um ser humano rendido e incapaz de reagir tem nome. Quer o faça na calada da noite ou em plena luz do dia com direito à plateia. Justificar um erro com outro? Aplaudir a barbárie? Eu não! Mesmo que não houvesse Constituiç­ão...

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