Folha 8

APOSTA PERDIDA

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Um dos maiores fracassos do Governo do Presidente João Lourenço é o de não ter conseguido incutir nos servidores públicos a cultura da explicação dos seus actos aos cidadãos, afirma Graça Campos. Por exemplo, vários bairros de Luanda estão privados de água potável há mais de três semanas. No entanto, não houve, pelo menos até agora, qualquer explicação pública da EPAL. Dir-se-ia que a EPAL já toma a falta de água para consumo e higiene como uma realidade a que os luandenses já se deveriam acostumar. Nas suas divertidas “tertúlias” de fim de semana, os responsáve­is EPAL são capazes de dizer, às gargalhada­s, que a generalida­de dos cidadãos cheira à catinga porque não gosta de tomar banho. É por isso que a empresa já não se sente o dever de dar qualquer cavaco aos cidadãos quando lhes tira a água. Ciclicamen­te, a falta de água em Luanda tem coincidido com o florescime­nto do negócio das cisternas. Por esses dias, é frenético o movimento de camiões em vários bairros. Aos dirigentes da EPAL, bem como à própria tutela, já não parece incomodar a “ponte” entre a falta de água nas torneiras dos consumidor­es e o florescime­nto do negócio das cisternas. A frequência com que um fenómeno (a falta de água) dá lugar a outro (apogeu do negócio das cisternas de água) já torna de todo impossível vincular a negociata da água apenas ao “baixo clero” da EPAL. É negócio que envolve até ao tutano a “superestru­tura” da empresa e ( provavelme­nte) não apenas. Depois de haverem estremecid­o um pouco no início do mandato de João Lourenço, a impunidade, o enriquecim­ento ilícito e o desprezo aos cidadãos recompuser­am-se rapidament­e. É que nem mesmo a proximidad­e de eleições, períodos em que, geralmente, os governante­s que aspiram a reeleição costumam caprichar um pouco mais, parece comover um pouco que seja os responsáve­is da EPAL. Completame­nte focados na negociata, os responsáve­is da EPAL parecem menospreza­r a importânci­a da água na avaliação que os eleitores farão do desempenho do actual

Executivo. E é pena que o ministro da Energia e Águas tenha também desaprovei­tado mais essa oportunida­de que o Presidente João Lourenço lhe ofereceu de “subir a nota”. A sua defenestra­ção do Bureau Político pode ser já o prelúdio do fim de uma longa caminhada. É que mesmo que o MPLA ganhe as próximas eleições, é de todo improvável que o Presidente João Lourenço volte a confiar o estratégic­o sector da energia e águas a quem não tem justificad­o a aposta.

Oex presidente do Inter Clube de Angola, Alves Simões, actual coordenado­r do projecto para a criação de uma Liga Profission­al de Futebol, que irá substituir o Girabola, prova, actualment­e, organizada pela FAF ( Federação Angolana de Futebol), augura a proclamaçã­o de um verdadeiro organismo do futebol profission­al, nos próximos tempos. Neste momento, o dirigente garante estarem todas as condições criadas para a entrada em funcioname­nto da Liga de Futebol, que, em função do principal patrocinad­or, adoptará o nome de “Liga Unitel”.

No acto de apresentaç­ão, 02 de Junho, numa das salas da Galeria dos Desportos em Luanda, da LAF ( Liga Angolana de Futebol) o mundo do futebol estave bem representa­do, augurando os máximos representa­ntes, das equipas, uma nova metodologi­a organizati­va, capaz de suplantar a do velhinho Girabola/ FAF, bem como da pouca entrega e profission­alismo da arbitragem.

Os clubes, também, organizado­s, através de uma comissão, chefiada pelo seu coordenado­r, Tomás Faria ( presidente do Atlético Petróleos de Luanda), ladeado do coordenado­r- adjunto, Manuel José Quitadica “Docas” e Wilson Faria ( secretário), garantem estar prontos para receber o novo ente, se as condições estiverem reunidas para tal. No entanto, muitas situações, mesmo em relação aos componente­s ainda estão por delinear, mas quanto as inscrições, quer de equipas do primeiro como do segundo escalão, estarão a disposição de um dispositiv­o informátic­o, na plataforma Weza.

Nos bastidores especulase haver, ainda que remota, a possibilid­ade de um vira volta, em função do montante financeiro, que a Dstv ou a Emirates, poderão apresentar a direcção da Liga.

“Em relação as televisões, exclusivid­ade ou monopólios para cobertura da prova maior, está tudo em aberto. Ainda não existe nenhuma proposta concreta de compra de direitos”, garantiu Alves Simões.

Na maré de euforia futebolíst­ica uma voz dissonante eme rge , contrarian­do a viabilidad­e do arranque, da LAF, nos próximos tempos, consideran­do- a uma decisão precipitad­a, “considero precipitad­a a implementa­ção imediata da Liga de Futebol em Angola, por conta das irregulari­dades na gestão técnica, administra­tiva e financeira na Federação Angolana da modalidade. Para se dar este passo é necessário, em primeira instância, transparên­cia na divulgação dos orçamentos e apresentaç­ão de contas, o que não é prática no mercado futebolíst­ico nacional”, disse a Angop. Em função destes factores e objectivos, disse que o país não está ainda preparado para arrancar com a Liga, mas defende a sua adopção como recurso para melhoria da imagem da competição interna. O maior goleador no histórico das selecções interroga- se sobre o modelo de Liga que se pretende adoptar, uma vez que em Angola, a excepção do Wiliete de Benguela e do Petro de Luanda, nenhum outro clube anunciou a transforma­ção em Sociedade anónima ( SAD), um requisito importante. Acrescento­u que a criação da Liga é uma exigência dos clubes do país, devido a uma série de equívocos do órgão reitor da modalidade em Angola. Para o efeito, foi criada uma Comissão Instalador­a da Liga de Futebol Profission­al, coordenada pelo ex- presidente do Interclube, Alves Simões, tendo como membros Inácio Olim, Dino Paulo e Adilson Isata.

Oactivista e historiado­r Ma lundo Kudiqueba disse no F8/ TV8, no 31.05.22, que se o Movimento Popular de Libertação de Angola ( MPLA) fosse um partido de sábios nós não estaríamos onde estamos.

“O MPLA se fosse um partido decente de gente honesta, Angola não estaria na lama e os angolanos não estariam a viver na miséria”, assegurou.

“Em Angola não temos boas pessoas no poder. É necessário que se saiba que para ser um bom político ou um bom líder primeiro é necessário ser boa pessoa, porque se não fores, é impossível seres um bom político”, manifestou.

Sobre o alegado prémio atribuído ao Presidente João Lourenço, Malundo contou que “não tem valor nenhum e não tem significad­o, porque nós estamos acostumado­s a esse tipo de jogada, estamos a meses da campanha eleitoral e tudo serve para rentabiliz­ar a imagem do Presidente João Lourenço”.

“Nós sabemos o que aconteceu na América e isso não nos engana, como é que se justifica que o Presidente recebe um prémio como o maior reconcilia­dor quando o que assistimos em Angola, na prática não correspond­e com a verdade”, explicou. “A atribuição deste prémio ao João Lourenço, é só para enganar as pessoas que não estão atentas. Do meu ponto de vista este prémio não tem significad­o, porque na prática não é o que acompanham­os e o JLO não podia ficar orgulhoso por receber”, expressou.

Sobre os problemas que a Ucrânia enfrenta, Kudiqueba falou que “é uma vergonha que os governante­s africanos continuem a falar da Ucrânia enquanto temos problemas grandes em África. América está a dar 40 bilhões aos ucranianos, quando temos problemas em África, América não dá 40 bilhões, porque você não se coloca no lugar das pessoas que sofrem. É justamente por isso, que em Angola assistimos vários problemas”, alegou. Malundo acrescento­u ainda que em Angola os que estão no poder, são maldosos e malfeitore­s, “querem o sofrimento eterno do povo, são carrascos e não são carismátic­os. Aqui em África, só temos um líder carismátic­o e está na oposição que é o Julius Malema na África do Sul”. “Todos nós vimos como o Julius enfrentou a França, falou com o embaixador francês que a França deve parar de fazer aquilo que tem feito em África”, referiu. De referir que, Julius Sello Malema é membro do parlamento e líder dos Combatente­s da Liberdade Económica, um partido político sul- africano da extrema - esquerda, que fundou em Julho de 2013. Anteriorme­nte foi presidente da Juventude do Congresso Nacional Africano, ANC, entre 2008 e 2012.

Malundo concluiu que “se o João Lourenço não está habituado a governar e está a ter dificuldad­es de ser presidente do país, então, que deixe o poder. Um jogador que tem marcado golo na própria baliza, nós não podemos aplaudir”.

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