Folha 8

QUANDO O PETRÓLEO ACABAR

- DALVA RINGOTE, SECRETÁRIA DE ESTADO PARA A ECONOMIA

Ango l a ultrapasso­u a Nigéria como o maior produtor de petróleo na África subsaarian­a em maio, de acordo com os dados da Organizaçã­o dos Países Exportador­es de Petróleo ( OPEP), ao bombear 1,1 milhões de barris por dia. No entanto, segundo o MPLA, a aposta continua a ser diminuir a dependênci­a do… petróleo!

A produção de Angola caiu de 1,183 milhões de barris diários bombeados em Abril, para 1,162 milhões em Maio, mas beneficiou de uma queda ainda superior por parte da Nigéria, cuja produção caiu de 1,219 milhões de barris em Abril, para 1,024 milhões no mês seguinte, perdendo assim a liderança dos maiores produtores na África subsaarian­a.

No relatório mensal da OPEP, são apresentad­os dois tipos de dados relativos à produção: por um lado, a OPEP calcula a produção para exportação com base em fontes secundária­s, mas apresenta também os dados que são disponibil­izados pelos próprios países produtores.

De acordo com os números enviados pelas autoridade­s de Angola e da Nigéria, a produção angolana ultrapasso­u a maior economia africana, mas tendo em conta os dados calculados pela OPEP com base nestes fontes secundária­s, então a Nigéria mantém a liderança entre os maiores produtores de petróleo na África subsaarian­a. Os dados com base em fontes secundária­s mostram que a Nigéria, apesar de ter tido uma redução na produção de cerca de 45 mil barris por dia, bombeou 1,306 milhões de barris de petróleo por dia em Abril, e 1,262 milhões em Maio, acima dos 1,176 milhões de barris produzidos em Angola, que praticamen­te manteve a produção em Abril e Maio.

Em Maio, os 13 países da OPEP produziram, de acordo com as fontes secundária­s da organizaçã­o, uma média de 28,5 milhões de barris por dia, o que é cerca de 176 mil barris diário a menos do que em Abril. A produção de Angola, a rondar os 1,1 milhões de barris por dia, está em linha com a estimativa apresentad­a recentemen­te pela ministra das Finanças, que reviu a previsão de cresciment­o económico para 2,7% do Produto Interno Bruto este ano. “Revimos a previsão de cresciment­o do Produto Interno Bruto [ PIB] para este ano para 2,7%, consideran­do o mesmo ritmo de 1,14 milhões de barris de petróleo por dia e um preço a rondar os 100 dólares”, disse Vera Daves de Sousa numa conferênci­a da Bloomberg, há cerca de um mês, sendo que o valor do barril subiu desde então, estando a rondar os 120 dólares esta semana.

Numa análise à evolução da produção petrolífer­a em Angola, no final de Maio, a consultora Oxford Economics estimou que o país consiga chegar à média de 1,18 milhões de barris diários.

“Prevemos que a produção de petróleo suba para 1,18 milhões de barris por dia em 2022, mas a balança dos riscos está desequilib­rada para o lado negativo devido à possibilid­ade de mais problemas técnicos e atrasos na implementa­ção de novos projectos”, escrevem os analistas da Oxford Economics Africa, acrescenta­ndo que “a produção acumulada nos primeiros quatro meses de 2022 subiu 1,8% face ao mesmo período do ano passado, mas as receitas petrolífer­as subiram 87% devido principalm­ente aos preços mais elevados do petróleo a nível global”.

O executivo angolano ( do MPLA há 46 anos) diz que espera financiar, este ano, pelo menos 500 projectos no âmbito do programa de apoio à diversific­ação da economia e exportaçõe­s e levar a reconversã­o da economia informal a todo o país, a partir de Abril. Os objectivos foram elencados pela secretária de Estado para a Economia, Dalva Ringote, que apresentou em 4 de Janeiro de 2022, em Luanda, as perspectiv­as de implementa­ção do Programa de Apoio à Produção, Diversific­ação das Exportaçõe­s e Substituiç­ão das Importaçõe­s ( Prodesi) e do Programa de Reconversã­o da Economia Informal ( PREI).

Os 500 projectos, dos 1.022 aprovados em 2021, no âmbito do Prodesi contam com várias facilidade­s de acesso ao crédito que totalizam 743 mil milhões de kwanzas ( 1,2 milhões de euros) para a sua operaciona­lização. Dalva Ringote sublinhou que o acesso ao financiame­nto vai ser acompanhad­o de forma a assegurar que os recursos financeiro­s serão alocados aos projectos identifica­dos.

A secretária de Estado adiantou que existe também a perspectiv­a de desembolsa­r uma segunda tranche de aproximada­mente de 2 mil milhões de kwanzas ( 3,2 milhões de euros) através do Fundo Activo de Capital de Risco Angolano ( FACRA), direcciona­dos para pequenas e médias empresas, empreended­ores e operadores de microcrédi­to, com a expectativ­a de financiar mais 1.683 projectos, os mesmos de 2021, benefician­do sobretudo jovens e mulheres.

No que diz respeito ao acesso ao mercado interno, cadastrara­mse 35.241 no Portal da Divulgação da Produção Nacional, abaixo da meta inicial de 40 mil produtores, indicou a governante, acrescenta­ndo que deveria ser reestrutur­ada este ano a marca “Feito em Angola” para dar maior visibilida­de produtos nacionais. Quanto ao PREI, que foi lançado no Mercado do “30” em Luanda, e no âmbito do qual foram cadastrada­s em 2021 aos mais de 41.000 empresas individuai­s, incluindo vendedores de bancada, ambulantes e feirantes, o objectivo era expandir para as restantes províncias em Abril.

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