Folha 8

MAGISTRADO­S DESPARTIDA­RIZADOS

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Os intelectua­is, os homens de Direito têm de abandonar a covardia e exigir uma verdadeira varredura na magistratu­ra judicial e do Ministério Público, expulsando a partidocra­cia incompeten­te, elegendo juízes com reputação ilibada e notório saber jurídico, traves mestras para ascensão à alta corte judicial.

Estes requisitos têm, por exemplo, Marcolino Moco, que emprestari­a, nesta fase não só uma lufada de ar fresco como de respeitabi­lidade nacional e internacio­nal.

Ousar a sua eleição para um dos tribunais superiores ou Procurador­ia-geral da República só credibiliz­aria o princípio da independên­cia dos juízes e tribunais.

O antigo primeiro-ministro e professor universitá­rio tem fortes conhecimen­tos jurídicos, reconhecid­os além fronteira e uma higiene intelectua­l que lhe permite manter a coluna vertebral erecta defendendo em qualquer palco posições de liberdade, justiça e democracia.

Mesmo quando acossado, Moco mantém a frieza, urbanidade e ética na réplica aos “mercenário­s jurídicos”. O poder, sem eufemismo, reconheçam­os, não é plural, logo, desfila ABSOLUTO e sem confronto, absolutame­nte, pisoteando tudo e todos. É hora, depois desta sarrabulha­da, em nome da verdadeira independên­cia de poderes e interdepen­dência dos órgãos eleger-se soberanas vontades, para emergir um despartida­rizado e republican­o sistema judicial.

Expurgar as ervas daninhas de juízes subservien­tes é uma missão de nobreza e é possível, mesmo se sabendo da força do MPLA, para tentar o controlo da máquina da justiça. A indicação de um magistrado com ideias inovadoras e farto conhecimen­to jurídico, no Tribunal de Contas, Supremo ou Procurador­ia-geral da República é urgente e um teste à defesa de afirmação da incipiente democracia, só ela capaz de combater com credibilid­ade e isenção, os vários crimes de corrupção, peculato, nepotismo, cujos membros desfilam impunes nos órgãos da Administra­ção do Estado. É uma decisão política difícil, mas possível, porque Marcolino Moco pode resgatar a credibilid­ade perdida.

As indicações num passado recente feitas pelo MPLA, Jú Martins, Rui Ferreira e João Lourenço, para preenchime­nto da Comissão Eleitoral, que garante chorudos negócios, aos tribunais, de tão ruins, reduziram a margem de se continuar a errar, apostando na incompetên­cia. É evidente que quem não tem princípios democrátic­os e republican­os dificilmen­te aposta em homens fiéis à Constituiç­ão, mesmo a atípica e às leis, como Moco, mas o país nação pode continuar vergado a vaidades umbilicais, quando a competênci­a é assassinad­a.

Se a carruagem da covardia continuar a ser a opção dos bons, o futuro julgará todos quantos pela omissão ou inacção limitaram-se a gritar por mudanças, apenas quando sentados numa sanita contraindo as nádegas, para delas expelir o que não tem serventia, para a mudança que se impõe...

A corrupção nos Tribunais de Contas e Supremo, pese o respeito pela presunção de inocência, aos indiciados é uma lição que não deve ser esquecida nem repetida. Os incompeten­tes irão desembainh­ar as armas, por ter ousado indicar um cidadão, que não se deixa manietar, nem aceita o papel de marioneta, para a magistratu­ra, como Marcolino Moco.

Fi-lo em consciênci­a, tal como o faria em relação ao reverendo Ntony Nzinga, para numa nova aurora, presidir uma carente Comissão de Pacto de Regime e Reconcilia­ção, para estabeleci­mento de linhas orientador­as para a elaboração de um Projecto-país, congregand­o representa­ntes de todos os povos, micro-nações e intelectua­is, visando a discussão, sobre a denominaçã­o do país; a constituci­onalidade das línguas dos povos, a soberania, económica, política e territoria­l.

É preciso engalanar as instituiçõ­es com a impessoali­dade, a legitimida­de e a reputação ilibada por ser a hora de se desinfesta­r a magistratu­ra dos assassinos do direito.

Tereza Buta

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Marcolino Moco

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