RAPIDAMENTE E EM FORÇA, PEDE O REI JOÃO
OPresidente de Angola, igualmente presidente do MPLA e Titular do Poder Executivo (entre muitos outros cargos de domínio absoluto e unipessoal), João Lourenço, convidou os empresários japoneses a investirem, sobretudo, no sector agro-industrial do país, garantindo que Angola dispõe hoje (ou seja, 47 anos depois de o MPLA estar no Governo) de um ambiente de “maior transparência, de boa governação”, com “acções claras” de combate ao que eufemisticamente chama de corrupção e impunidade. Angola está a implementar “importantes reformas visando tornar-se num país cada vez mais aberto ao mundo, sobretudo com um clima de negócios mais acolhedor do investimento privado nacional”, disse João Lourenço. Falando na abertura do Fórum de Negócios Japão – Angola, em Tóquio, assegurou que Angola é um país que respeita a protege a propriedade privada (se exclusivamente detida por dirigentes do MPLA) e a sã concorrência entre os agentes económicos e que defende e assegura a melhoria na circulação internacional de capitais, dos rendimentos e dividendos. “Vamos continuar a aprofundar as reformas iniciadas, sobretudo para promover o desenvolvimento do capital humano nacional e o desenvolvimento socioeconómico do país”, assegurou João Lourenço, só faltando mesmo dizer que só falta quase para em pouco tempo chegar ao paraíso.
João Lourenço, que se deslocou pela primeira vez ao Japão para uma visita oficial que se estende até quarta-feira, convidou os empresários japoneses a investirem em Angola “nas mais diversas oportunidades de negócios”. Tem razão. Desde que tenham dinheiro, o MPLA vende tudo. E, aliás, não tem problemas em vender várias vezes a mesma coisa a vários compradores… Assinalou a necessidade de os empresários nipónicos investirem nos diversos sectores de actividade económica do reino que o MPLA comprou háindústria, turismo e serviços. Mas, também, em sectores com impacto social como são os casos da saúde e educação, salientou. Poderão, aliás, contar (numa oferta gratuita) com os milhões de escravos que, aliás, estão quase a saber viver sem… comer.
“Angola pretende desenvolver todos os sectores, mas com maior destaque para o sector agro-industrial, visando aumentar a oferta de emprego, alcançar a auto-suficiência de bens no mercado interno de diversificar as exportações”, realçou.
João Lourenço garantiu igualmente “todo o apoio necessário” às intenções de investimento dos empresários japoneses nos diversos sectores da economia angolana. O MPLA até aceita, repare-se, que os japoneses façam o que os portugueses já faziam alguns anos antes da independência: plantar as couves com a raiz para baixo…
O reforço das relações bilaterais com a terceira maior economia mundial constitui o mote da vista de João Lourenço ao Japão, onde foi recebido pelo imperador Naruhito. Segundo o chefe de Estado angolano, a cooperação entre Angola e o Japão tem estado assente numa base de complementaridade com ganhos para ambas as partes e, sobretudo, com a visão de alcançar e reforçar o desenvolvimento económico e social de ambos os países.
“É com base neste clima de cooperação que Angola tem beneficiado do “know-how” e do apoio financeiro do Japão, em diversos domínios quer públicos como privados”, frisou João Lourenço, recordando que Angola vem beneficiando ao longo dos anos, de várias linhas de crédito japoneses para financiar projectos de investimento público. Os governos de Angola e do Japão, notou, estão a trabalhar “incansavelmente” na negociação de aprovação do Acordo de Protecção Recíproca de Investimentos, instrumento de cooperação que João Lourenço espera ver concluído no decurso da sua visita. Saudou também as diversas intenções e projectos de investimentos que empresas japonesas têm manifestado interesse em desenvolver em Angola, como a do Grupo Toyota Tsusho, que pretende instalar em Angola uma linha de montagem de veículos e fábrica de peças sobressalentes. Disse ainda que as instituições financeiras do Japão, como regra, apresentam termos e condições de financiamento “favoráveis, com juros baixos e prazos de reembolso suficientemente largos”, manifestando interesse em trabalhar com as autoridades nipónicas na estruturação de linhas de financiamento com as referidas características.
Para “apoiar o esforço de diversificação da economia nacional no que respeita à expansão e modernização das infra-estruturas do país e, também, para potenciar o sector empresarial privado”, apontou.
A presença do financiamento e empresários japoneses em vários projectos de investimento público angolano, como no sector têxtil, na reabilitação do Porto do Namibe, no Projecto Integrado da Baía do Namibe, nas telecomunicações e outros foi também destacada por João Lourenço.
O povo japonês e o povo angolano “que já enfrentaram um período de guerra no passado, partilham diversas características similares, com a capacidade de resiliência para ultrapassar grandes obstáculos”. “É por este motivo que Angola e o Japão são solidários com todas as soluções de paz que se possam encontrar para os diversos conflitos que hoje se registam em diversos locais do mundo, como é o caso do conflito entre a Rússia e Ucrânia, que colocam em risco a paz e segurança mundiais”, observou.
“O mundo precisa de desenvolvimento e sustentabilidade e de nações que cooperem neste sentido. Tenho a certeza de que a relação de cooperação entre Angola e o Japão representa bem este modelo de relacionamento estável e com foco no desenvolvimento socioeconómico”, rematou o Presidente angolano.
JAPÃO AJUDA-NOS A MATAR A FOME ÀS CRIANÇAS
Março de 2022. O Governo do Japão disponibilizou 350.000 dólares (320 mil euros) para apoiar cerca de 10.000 crianças com desnutrição severa (fome, em português corrente) na província da Huíla, umas das mais afectadas pelas alterações climáticas no sul do país, a que se junta uma criminosa incompetência do governo. Segundo o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) em Angola, o apoio do Governo japonês serviu para fortalecer a prestação de serviços para prevenir e tratar a desnutrição no município do Lubango, onde ocorrem vários casos de desnutrição aguda severa. O Unicef e a Embaixada do Japão em Angola disseram, em comunicado, que os recursos servirão também para adquirir cerca de 2.400 caixas de alimentos terapêuticos prontos a usar, 600 caixas de leite terapêutico e 100 pacotes de fitas para medição do perímetro branquial de crianças. “É urgente darmos resposta à situação de desnutrição pois cada dia de atraso no tratamento de uma criança tem impacto negativo na sua vida e aumento o risco de esta não sobreviver”, disse o representante do Unicef em Angola, Ivan Yerovi, citado no comunicado. “As actividades de nutrição financiadas pelo Governo do Japão, e incluídas nesta intervenção, apoiarão o fortalecimento do sistema de saúde e a capacitação das mulheres para reconhecer os sinais de desnutrição e agir rapidamente a fim de salvar as crianças desnutridas”, referia-se na nota. Além da Huíla, o Unicef trabalhava na altura em mais seis províncias de Angola onde “apoia os programas de combate à desnutrição com actividades de reforço das capacidades dos técnicos de saúde, disponibilização de suplementos nutricionais, reforço da supervisão e monitoração assim como o acompanhamento dos casos de desnutrição na comunidade”.