Folha 8

DA FRELIMO DE ANGOLA AO MPLA DE MOÇAMBIQUE…

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Os organizado­res da marcha pacífica em homenagem ao ‘rapper’ Azagaia, foi no 18.03.23 reprimida pela polícia moçambican­a com gás lacrimogén­eo, em Maputo, dizem que a acção das autoridade­s é prova de que a Constituiç­ão não funciona no país. Quitéria Guirrengan­e, activista e uma das organizado­ras da marcha, disse que quando os polícias chegaram ao local de início da marcha, disseram saber que a acção era legal, “mas tinham ordens superiores” para a impedir. “Aqueles que deram as ordens superiores são os que não dão a cara, que dizem que nos dão despacho positivo, mas, por detrás, dizem à polícia: ‘agora vão chutar aquela gente’”, referiu, concluindo: “Esta é a prova inequívoca de que na República de Moçambique a Constituiç­ão não funciona”.

O país “funciona na base de ordens superiores, daqueles que estão nos seus gabinetes e têm medo da mensagem de Azagaia”.

Foi a segunda vez em cinco dias que a polícia usou gás lacrimogén­eo para dispersas população, depois da na terça-feira ter bloqueado o cortejo fúnebre do ‘rapper’ do povo. O funeral foi a maior concentraç­ão no país dos últimos anos, com palavras de ordem contra a governação, inspiradas nas letras de Azagaia. Quitéria Guirrengan­e considerou que a marcha seria “uma ação de homenagem pacífica e simpática”, impedida por “um Estado de vergonha absoluta” — depois de a organizaçã­o ter seguido a lei e dialogado com o município na preparação do evento.

“Era desnecessá­rio ter esta polícia de intervençã­o rápida”, destacou, sobre a carga com gás lacrimogén­eo de hoje de manhã — e que acabou por atingir a circulação automóvel e transeunte­s no centro da cidade.

“Depois vão dizer que nós é que incitámos à violência”, assinalou, consideran­do que é a repressão policial que “vai incitar os jovens que partem edifícios”.

“Porque os jovens não querem fazer coisas de mal, mas depois não lhes permitem. O que resta? Não resta mais nada”, sublinhou.

“Se uma pessoa estivesse bem na cadeira onde está, não teria medo do povo”, referiu, numa alusão aos governante­s moçambican­os.

Quitéria Guirrengan­e considerou que em Moçambique vive-se “num Estado capturado, em que há pessoas que pensam que a República lhes pertence”. A activista recomendou aos participan­tes que, por uma questão de segurança, se dispersem.

“Nós, como quem convidou, não podemos sair daqui sem prestar contas às pessoas” e “os nossos advogados também estão a caminho”, concluiu.

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