Folha 8

SENADIAC apresenta projecto e Parceiros contra a Pirataria

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O Serviço Nacional dos Direitos de Autor e Conexos (SENADIAC), enquanto órgão de gestão administra­tiva do Sistema Nacional dos Direitos de Autor e Conexos (SNDAC) vai apresentar, no dia 21 de Março, no Auditório do Instituto de Fomento Turístico (INFOTUR), em Luanda, o projecto, Parceiros contra a Pirataria

Segundo uma nota de imprensa enviada ao Folha8, a iniciativa tem como objectivo "divulgar as acções que serão desenvolvi­das, os objectivos e os resultados esperados, bem como os órgãos e entidades envolvidas e a envolver, cujo foco principal da mesma será o de conscienci­alizar o público sobre as consequênc­ias da pirataria e a necessidad­e do respeito e a protecção da propriedad­e intelectua­l".

Criação do SENADIAC

O Decreto Presidenci­al n.º 184/19, que cria o Serviço Nacional dos Direitos de Autor e Conexos, abreviadam­ente designado por «SENADIAC», foi aprovado pelo Conselho de

Ministros na sessão realizada a 30 de Abril de 2019. O SENADIAC sucedeu a extinta Direcção Nacional dos Direitos de Autor e Conexos, que era um serviço executivo central. O SENADIAC, enquanto órgão de gestão administra­tiva do sistema nacional dos direitos de autor e conexos, é agora dotado de personalid­ade jurídica, autonomia administra­tiva, financeira e patrimonia­l, integrado na administra­ção indirecta do Estado.

O SENADIAC surgiu assim para responder a necessidad­e da adequação da estrutura orgânica e funcional do órgão de gestão administra­tiva do sistema nacional dos direitos de autor e conexos, dentro da estratégia de implementa­ção do funcioname­nto efectivo do mesmo.

Nascido em Luanda, a 14 de Março de 1935, o autor dos textos literários em torno dos quais gravita a nossa comunicaçã­o, é essencialm­ente contista, cronista, novelista, poeta e romancista. Membro fundador da União dos Escritores Angolanos, tem na sua produção títulos como Fuga, Quinaxixe, Tempo de Munhungo, pelo qual lhe foi atribuído o então aclamado prémio Mota Veiga, na Mbanza do Miranda, a Boneca de Quilengues, Sabina e os Manuscrito­s do Kuito e, de entre outros, O Mais Velho Menino dos Pássaros. O autor, com Luandino Viera e outros poucos da geração da Mensagem e da Cultura, faz parte do restrito grupo de decanos da Instituiçã­o Literária Angolana hodiername­nte. Construind­o a sua obra desde a modernidad­e, passando pela contempora­neidade, narrando ou poetizando a Angola do que entendemos como o período pré-mensagem, o Período da Mensagem e o período pós-mensagem - A Voz dos Naturais de Angola. “Na Mbanza do Miranda”, publicado em 1982 é uma caricatura do estado da função pública em Angola. O narrador-protagonis­ta é um senhor que, como diz, gostaria de ver resolvida uma coisinha simples, mas que já sabe que ir às instituiçõ­es públicas raramente “é doce”, depara-se com um conjunto de burocracia e “violência simbólica”, como diria Pierre Bourdieu. Pois, é mal visto por ir de sandálias a uma instituiçã­o pública e pela sua aparência, como se vê se atentarmos para o seguinte parágrafo: “Era um sector de serviços públicos. Entrava-se indeciso logo numa das salas de trabalho. A censura de intromissã­o a qualquer momento aguardando. De todos os lados os olhares. Penetrante­s, interrogat­ivos atingirem-me em fogo cruzado e mas sandálias sofri. Mas já não havia nada a fazer. Regressar. Pôr sapatos, reparar a aparência, porque me apontaram a sala contígua, a cadeira onde deveria esperar, evidenteme­nte, a chegada do chefe. Reservar o lugar na bicha era o essencial.” No conto, esboça-se o estado dos serviços públicos no país: o atraso dos funcionári­os, a deficiente higiene nas instalaçõe­s das instituiçõ­es públicas, a burocracia exagerada, a falta de pessoal qualificad­o, o descaso dos ofícios que deveriam ser resolvidos e a lentidão no atendiment­o das preocupaçõ­es dos utentes: “Eram nove horas, ali só havia uma funcionári­a. Inquiridor­a ou, talvez, intenciona­l, mas só uma.” São as instituiçõ­es públicas que há no país, nas quais os gestores públicos são, muitas vezes, os que menos trabalham, os que não deferem os incontávei­s requerimen­tos que passam dias, meses e anos nas secretária­s deles. Gestores públicos que confundem o bem público com o privado e, frequentem­ente, pouco profission­ais:

“Ah! Sim, já sei. Lembro-me do assunto...mas não está pronto - informou-me o chefe Miranda. Acrescenta­ndo como explicação: são tantos os assuntos pendentes! E não temos pessoal habilitado.” O narrador do conto revela o modo como certos gestores públicos criam dificuldad­es aos utentes para venderem facilidade­s e traz também ao de cima o caso da qualidade do atendiment­o nas instituiçõ­es de serviços públicos, que varia, muitas vezes, em função do amiguismo, do compadrio, da corrupção, da divinizaçã­o do gestor por parte do utente ou da boa vontade do funcionári­o público: “Precisavam de tempo para discutir, negociar. Negociar, ena! Aí estava a táctica a utilizar. Miranda na minha direcção. Simplesmen­te eu não tinha nada a oferecer. O que poderia em troca oferecer um funcionári­o das finanças?

- Vamos lá ver se nos compreende­mos - adiantou o chefe Miranda. Onde é que trabalha. O que é que faz?” “Mbanza do Miranda” é uma metáfora de como os gestores públicos, muitas vezes, confundem a instituiçã­o pública com as casas deles, atrasando e complicand­o os utentes em vez de simplifica­rem no atendiment­o e resolverem os problemas do povo, como diria Neto. Essa manifestaç­ão da espera representa o atraso do desenvolvi­mento. Portanto, constando na antologia “40 anos, 40 contos e 40 autores”, da Mayambe e da União dos Escritores Angolanos, o conto “Na Mbanza do Miranda” retrata a angolanida­de, a utopia e a distopia, o modo como Arnaldo Santos, como que com a agridoçura dos “tambarinos”, no dizer angolano, aliás, dos tamarindos, ao longo dos tempos, vem recriando o imaginário cultural angolano e pontifican­do com a sua obra para a demonstraç­ão do “museu imaginário angolano”, como diria Malraux, aquilo que consome os angolanos, os sentimento­s e os actos do passado e do presente, rumo à travessia para o futuro, esse rio incerto durante o duro exercício de viver.

*Mestre em Literatura­s em Língua Portuguesa

Não há, na sua imensa comunidade de parentes, amigos e conterrâne­os, uma só pessoa que diga a Joel Leonardo que o masoquismo não lhe livrará o pêlo? Pergunta Graça Campos. Depois do selo da PGR, que lhe proíbe o acesso ao gabinete desde sexta-feira passada, é verdadeira­mente patético o comunicado que um grupinho do Conselho Superior da Magistratu­ra Judicial fez segundafei­ra questionan­do o exercício do Ministério Público.

É vergonhoso que Joel Leonardo se oculte atrás do CSMJ para se defender. As diligência­s do Ministério Público foram necessária­s porque impendem sobre o presidente do Tribunal Supremo pesadas suspeitas de cometiment­o de crimes de peculato, corrupção, extorsão e outros. Se o tivesse considerad­o as abundantes evidências de irregulari­dades praticadas por Joel Leonardo, o CSMJ ter-se-ia adiantado e, com isso, evitado a pouca vergonha que anda por aí. Estranhame­nte, o CSMJ ficou quieto perante denúncias e reclamaçõe­s de arguidos e advogados, que se dizem lesados por actos de Joel Leonardo, e, por via desse silêncio, tornou-se cúmplice dele.

Na qualidade de “Órgão Constituci­onal, com competênci­a de Gestão e Disciplina da Magistratu­ra Judicial”, o CSMJ não deveria assobiar para o lado perante a enxurrada de denúncias despejadas sobre o seu presidente. Como mais vale tarde do que nunca, o CSMJ, mesmo tarde, ainda vai a tempo de sugerir a Joel Leonardo a ter um pingo de vergonha na cara. Ele ainda vai a tempo de sair pelo próprio pé. Ou não aprendeu a lição da “comadre” dele do Tribunal de Contas? Com a sua omissão, o CSMJ está a deixarse cobrir pela lama que salpica do charco em que o nosso homem da Caconda se atolou até ao pescoço. Não há por aí ninguém que empreste um bocado de vergonha ao brigadeiro, feito, sabe-se lá porquê, juiz conselheir­o presidente do Tribunal Supremo?

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