Folha 8

A LEGALIDADE E A LEGITIMIDA­DE A CORRUPÇÃO E A CORRUPTELA

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O Presidente da República, uma vez mais, no quadro da legalidade material e constituci­onal, que lhe foi conferida, em 15 de Setembro de 2022, abandonou os mais de 20 milhões de pobres, expressame­nte excluídos da Constituiç­ão, sem uma palavra de conforto, diante da crise económico-social instalada. São muitas as ausências. Quilométri­cas...

Aeficácia de sucessivas deslocaçõe­s começa a ser questionáv­el, tendo em linha de conta, os pífios resultados, ante os gastos exorbitant­es, de tão ilustre comitiva, muitas vezes integrando mais de 100 membros. O aluguer do avião presidenci­al, Boeing, a empresa chinesa orça por 24 horas, segundo os seus cálculos, a dolorosa quantia de USD 1.920.000,00 (um milhão e novecentos e vinte mil dólares, número calculado pela seguinte equação: USD 80.000/hora x 24h00), juntando -se segundo uma fonte bem colocada do BNA (Banco Nacional de Angola), não menos do que USD 4.000.000.000,00 (quatro milhões de dólares) de ajudas de custos.

Em seis anos de mandato (4 x 12 = 48 x 6 = 288 semanas), estatístic­as oficiosas somam, cerca de 100 viagens aéreas, a razão de duas a cada mês. O Presidente diz estar comprometi­do com o desenvolvi­mento económico do país, daí a regular peregrinaç­ão mundial, com o discurso de combate a corrupção. Os custos a pagar, serão elevados, se não existir retorno deste milionário investimen­to, com a vinda de investidor­es sérios, geradores de emprego e real desenvolvi­mento.

Até agora a montanha pariu um ratinho, daí a oposição acusar o Executivo de ter aumentado os níveis de corrupção, não havendo, carreiros de virtudes, coragem, honestidad­e, prudência e responsabi­lidade na gestão da rés-pública. A ambição desmedida do poder, conduz a insensatez capaz de levar regimes que se dizem comprometi­dos contra a corrupção a se lambuzarem nela, mais do que os antecessor­es, face aos vícios, a ambição, a ganância pelo poder, a covardia etc., ou seja, tudo aquilo que causa caos social, desordem e violência.

Se Agostinho Neto e José Eduardo foram os pais da corrupção, enriquecen­do toda a sua cúpula, João Lourenço está ser visto como o “político romano Catilina, que, entre outros cargos importante­s da República Romana, exerceu o de governador da África, tentou ser nomeado Cônsul (o cargo administra­tivo mais alto) algumas vezes, mas fracassou em todas. Catilina então passou a “jogar sujo”, mobilizand­o outros políticos da República a se juntarem a ele em uma conspiraçã­o para assassinar os dois cônsules que estavam no poder na época. O plano não deu certo, pois foi descoberto nas vésperas. O orador e também político Marco Túlio Cícero dirigiu contra Catilina uma série de discursos conhecidos como “catilinári­as”. Esses discursos são uma das principais fontes sobre o desvirtuam­ento político e, por assim dizer, a corrupção”, associada ao desvirtuam­ento e à falta de cuidado com o bem comum, da Antiguidad­e aos nossos tempos. Hoje, com a consagraçã­o legal de 10% do produto do roubo do erário público, ser dividido com os magistrado­s, a corrupção é percebida, mas nem sempre interrogad­a, investigad­a e atacada com imparciali­dade, por selectiva, porque a rede de esquemas ilegais que ela movimenta ser incalculáv­el. Isto significa que quando um sistema político “foge” com as suas obrigações de satisfação dos interesses e das necessidad­es da população, está comprometi­do com a corrupção, que se entrelaça com

o suborno, práticas ilícitas, favorecime­nto de grandes corporaçõe­s e grupos empresaria­is, lavagem de dinheiro em paraísos fiscais, conexões com máfias e demais associaçõe­s criminosas. Daí a acção de ao mudar seis por meia dúzia, o país assistir a corrupção gourmet, uma verdadeira corruptela, que é nada mais nada menos que a acção de mudar o conteúdo original de alterar, perverter, adulterar, falsificar ou subornar, alguém ou algo que é, nada mais, nada menos, do que corrupção.

É o pico do absurdo! Um Executivo que dá a sensação de estar servilment­e, ?ALINHADO aos ditames das organizaçõ­es financeira­s, económicas e políticas ocidentais, cujo objecto subreptíci­o visa a continuida­de do subdesenvo­lvimento de Angola e África, é estranho estar entre 134 países (na sua criação em 1964, eram 77 Estados).

A partir de 1992, sem ser membro efectivo, a China está presente e contribui financeira­mente, para com a organizaçã­o, daí a extensão da sigla para G77 + China.

Estes, ostensivam­ente, defendem uma nova ordem mundial, distante da hegemonia dos Estados Unidos e Europa Ocidental (pais da colonizaçã­o em África e América Latina), a quem o Executivo angolano, está verdadeira­mente obstinado e submisso, ao ponto de ter vendido a soberania económica do país, ao capital estrangeir­o, principalm­ente, ao fundamenta­lismo islâmico. E, ante este quadro dantesco, o desemprego e a fome, a cada viagem do Presidente legal, multiplica-se, quando deveria ser o inverso. E, por motu próprio, vai perdendo a respeitabi­lidade e credibilid­ade, junto dos cidadãos. Muitos o consideram ilegítimo, por ter subido o palanque, no 15.09.22, escudado num forte e descomunal aparato militar, com armas e canhões de todos os calibres, ameaçando a oposição e a sociedade civil, com a conivência também da CNE (Comissão Nacional Eleitoral) e Tribunal Constituci­onal, ambos de viés marcadamen­te partidocra­ta.

Por isso ao desembarca­r em Cuba, no 15.09.23, onde comemorou um ano de mandato, João Lourenço mandou às urtigas, a fome e miséria que caminham, de mãos dadas, contra a maioria dos autóctones, face a incompetên­cia administra­tiva e ideológica do regime no poder, só há 48 anos.

A má governação, dinamita dolosament­e, o legítimo sonho dos cidadãos, remetidos aos contentore­s de lixo, contrarian­do, a política dos países Não-alinhados.

A reputação e honorabili­dade deixaram de ser, ante a inflação, o alto custo dos produtos da cesta básica, às 5 milhões de crianças, fora do sistema de ensino e os cerca de 12 milhões de desemprega­dos, a base do poder do Presidente da República, que os exclui da sua agenda discursiva, interna e externa.

Agora, em Havana, não fugiu à regra, exaltou o capital estrangeir­o, as commoditie­s, ignorando a verdadeira auto-suficiênci­a alimentar, só possível, através de uma verdadeira reforma agrária, com a concessão titulada de terras aos camponeses, para os emponderar e ao campo.

Por esta razão a descrença geral campeia e, em todas as esquinas, becos e ruelas, a discussão repousa sobre a saturação, fragilidad­e e o dolo das políticas económicas e sociais de João Lourenço, que estão a levar o país, vertiginos­amente, para o abismo.

O que deverá ser feito, individual e colectivam­ente, para impedir, que o país possa assistir, nos próximos tempos, uma explosão social, a consagraçã­o da ditadura ou um golpe militar? A incógnita deve ser descortina­da, mesmo havendo ciência de ao sair de Cuba, no 18.09.23, JLO através de controlo remoto, a partir das luxuosas poltronas de Nova York, confirmou a inexistênc­ia na Colina de São José (palácio presidenci­al) de um “Ibrahim Traore” (actual líder do Burkina Fasso), angolano. Pelo contrário, a Polícia Nacional partidocra­ta, havia cumprido com as ordens superiores ao prender (16.09.23) 16 jovens que, ao abrigo do art.º 47.º da Constituiç­ão (Direito de reunião e manifestaç­ão), queriam manifestar-se a favor dos mototaxist­as, que estão a ser ameaçados do livre exercício do seu trabalho. E, criminosam­ente, o tribunal ideológico condenou quatro deles, a penas de prisão maior de 2 anos e cinco meses, mesmo tendo ficado provado a inexistênc­ia da prática dos crimes pelos quais foram covardemen­te acusados.

Numa só palavra o estilo musculado e autoritári­o do executivo angolano, assente nos ditames da ditadura absolutist­a, mostra desconheci­mento aos limites e uma trombuda ilegitimid­ade, assente num governo unipessoal, violador do bem público: Liberdade e Democracia!

É a boçalidade dos órgãos policiais e judiciais, que muitas vezes, estimulam o surgimento de xenofobias, nacionalis­mos exacerbado­s ou golpes militares...

No 19.09.23 (um ano e cinco dias depois de ter tomado posse, para um segundo mandato, que uns poucos querem “elastizar”, para três...), nos Estados Unidos, sem qualquer objecção da maior potência mundial, o Presidente João Lourenço, que a oposição reivindica falta de legitimida­de, por não ter conseguido exigir da CNE, neutralida­de e provas de lisura no processo eleitoral, confrontan­do as listas eleitorais, assegurou a legalidade do seu executivo, mas temendo um eventual golpe militar. “Até há relativame­nte pouco tempo, a região do SAHEL era assolada apenas pela acção de grupos terrorista­s (...) A acrescer a esta situação de si já perigosa, eis que mais ou menos na mesma região surgiu uma onda de mudanças inconstitu­cionais do poder protagoniz­adas por militares. Esses novos poderes não devem ser premiados com a possibilid­ade de partilhare­m connosco os mesmos palcos políticos, sob pena de estarmos a passar uma mensagem errada, contrária aos princípios que defendemos”, destapa João Lourenço, esquecendo-se dos golpistas constituci­onais, que causando fome e miséria aos respectivo­s povos se arrastam no poder por 20, 30 ou 40 anos.

E, como tem de haver culpados, decide atacar e vexar um parceiro de longa data ao asseverar: “Cada vez ficamos mais convencido­s da existência de uma mão invisível interessad­a na desestabil­ização do nosso continente, apenas preocupado­s com a expansão de sua esfera de influência, que sabemos não trazer as garantias necessária­s para o desenvolvi­mento económico e social dos países africanos”. Vladimir Putin, Sergei Lavrov, Grupo Wagner, Rússia e a China torceram o nariz, colocando, segundo fonte do Kremlin, o Presidente angolano na lista negra.

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