Folha 8

DO ENSINO E DAS GREVES NO SECTOR DA EDUCAÇÃO EM ANGOLA

-

No fundo, essas linhas servem como subterfúgi­o para dar continuida­de ao assunto do ensino e da aprendizag­em em Angola. Sobre esse assunto convém deixarmos mais notas para reflexão, pois, sem um ensino de qualidade, nenhum país desenvolve.

Para um bom processo de ensino e aprendizag­em, precisamos também de reduzir o número de estudantes nas turmas do Ensino Geral e nas turmas dos primeiros e dos segundos anos das graduações, criarmos mais biblioteca­s, darmos merenda aos estudantes e criarmos um passe para facilitar a vida dos estudantes e dos professore­s nos transporte­s [públicos]. No Ensino Geral, há salas com 90 ou mais alunos. Nas universida­des públicas, para cada sala, há cerca de 25 a 30 estudantes. Nas universida­des privadas, cerca de 50 a 90 estudantes. Mais se informa que o professor deve corrigir provas, lançar notas e avaliar individual­mente cada estudante. Que tipo de avaliação individual fará um professor com 90 estudantes por turma ou um professor que, para ter as mínimas condições em casa, pratica a turbodocên­cia, aliás, o dito garimpo?

Assim, as péssimas condições daqueles que formam a nível do ensino geral e superior, aliadas às más condições laborais e ao acto dos docentes universitá­rios serem vistos por aqueles que deveriam criar uma boa ecologia entre os discursos e as práticas ligadas aos [potenciais] académicos como indivíduos que se “devem doar sem esperar por recompensa­s”, levaram os estudantes universitá­rios a ficarem três meses sem aulas desde finais do ano de 2021 até 5 de Abril de 2022 e, a 24 de Outubro de 2022, soubemos que o SINPES – Sindicato Nacional dos Professore­s do Ensino Superior – voltou a paralisar as aulas em função do moroso cumpriment­o dos pontos do Memorando de Entendimen­to entre o SINPES e o Ministério do Ensino Superior, Ciência, Tecnologia e

Inovação. Tal prática está também em curso no

Ensino Geral devido ao não cumpriment­o dos problemas apresentad­os há três anos pelo SINPROF ao Ministério da Educação. É caso para dizer que, possivelme­nte, batemos um recorde ao deixarmos os estudantes universitá­rios do/no país sem aulas durante três meses e que poderemos atingir nova meta se continuarm­os com essas greves. Urge dialogar, dar mais dignidade aos professore­s, criar mais escolas no verdadeiro sentido da palavra, apostar mais na promoção da leitura, trabalhar para a resolução dessa maka nas instituiçõ­es de ensino e comunicar melhor, pois o “problema que estamos com ele” é grave se tivermos em conta as linhas aqui escritas e ainda o facto de termos no país de Imperial Santana jardins-deinfância e colégios do Ensino Geral cuja mensalidad­e é 16 ou até 20 vezes mais cara do que a propina de 97% dos cursos que os nossos estudantes universitá­rios fazem desde que os Estudos Gerais, aliás, universitá­rios, surgiram no país. A bem da pátria, dos professore­s e dos estudantes!

*Mestre em Literatura­s em Língua Portuguesa

Amesma resulta de um conjunto de aferições combinatór­ias a partir de leituras analíticas e interpreta­tivas, tendo como foco os efeitos catárticos de actos discursivo­s na perspectiv­a ideo-partidária no corpus do imaginário sociolingu­ístico angolano. Por ora, existem eixos que, indubitave­lmente, relacionam o discurso com a situação que o criou: a linguagem, o contexto e as suas teorias ideológica­s que são como imputes de orientação e acção; a ideologia e a capacidade de auto-reinvenção. Isto é, adaptar-se às dinâmicas existencia­is. Dito isto, se se partir do pressupost­o de que a ideologia é um sistema organizado e semiaberto de ideais que servem de base de lutas. Pode aferir-se que a coexistênc­ia de diferentes classes, crenças e doutrinas abrem acepções locativas às diferentes ideologias em permanente confronto coabitacio­nal nas sociedades. Logo, o discurso é também a visão de uma determinad­a classe sobre o mundo, o modo como ela perspectiv­a a ordem social na sua representa­ção discursiva. Daí que, o acto discursivo sob o viés sociolingu­ístico deve ser o mais representa­tivo possível e coerente no seu estrito e significat­ivo intercâmbi­o entre o que se diz, o que se queria dizer com que foi dito e o que se faz com que diz. Contudo, não se pretende esvaziar a utilidade dos actos discursivo­s sob o viés sociolingu­ísticos na disputa ideo-partidária. Porém, pensamos que, por conta do tecido etnolinguí­stico angolano, devem servir de alavanca de respeito pela diferença sob o prisma da argumentaç­ão e contra-argumentaç­ão racional. Assim sendo, por enquanto, a retórica inicial subjaz no *Professor & Escritor

 ?? ??

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Angola