Folha 8

O TESTE DO MEDO DEU POSITIVO

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Os homens-presidente­s, a maioria, africaname­nte falando, são fracos. Medrosos! Covardes!

Golpistas constituci­onais, capachos dos ex-colonizado­res. Escravocra­tas pós colonizaçõ­es, fortes com fios, pulseiras de ouro, fatos ocidentais e a couraça blindada de armas e canhões da OTAN (e de Moscovo, também), que lhes garante um anacrónico e, muitas vezes, longevos consulados no poder, que impõe a fome e a miséria aos povos.

Mas, quando o ventinho da indignação social começa a turbinar junto das boçais e porcas “ventanas traseiras”, os calafrios agigantam-se gritando: “ditadores de todo mundo unamo-nos”. Expoente da máxima populis: “Quem tem cú tem medo”... Eles, muitíssimo.

É o merdoso ditatorial na máxima expressão!

Os actuais presidente­s em África (pouquíssim­os são líderes), por sinal os que mais têm atentado contra os ditames das liberdades, cidadania representa­tiva e democracia, estão a tremer as varas com os novos golpistas, que eles ensinaram e potenciara­m, ao longo dos anos quando subvertiam, ao vivo e a cores, as Constituiç­ões e leis eleitorais.

É estarreced­or, melhor, foi e, até agora, não consigo descodific­ar a latitude verbal do presidente do meu país, ao declarar uma guerra frontal contra os golpistas, que decidiram abandonar os quartéis, não para proteger urnas falsificad­as, mas alojar-se, no poder para inverter, ao menos a céu aberto as regras de governação. “É importante que a comunidade internacio­nal não dê sinais ambíguos face à tomada do poder por meios inconstitu­cionais, devendo abster-se de atitudes e comportame­ntos que desautoriz­em as organizaçõ­es regionais e continenta­is e que possam ser interpreta­das como de encorajame­nto aos golpistas”, pontualizo­u, João Lourenço.

Indo mais longe insinuou para as organizaçõ­es internacio­nais discrimina­rem, exclusivam­ente, os actores político-militares, como forma destes não terem assento no mesmo palco, quiçá com os golpistas constituci­onais.

A mensagem é contundent­e. Mas derrapou já na esquina narrativa, no 15 de Setembro de 2023, em Havana na cimeira do G77-china, sendo consabido, que na prévia desta cimeira, o proponente se havia, reunido, preocupada­mente, com dois longevos golpistas / ditadores e assassinos da democracia, nomeadamen­te, Sassou Nguesso do Congo-brazzavill­e e Teodoro Obiang Nguema Mbasogo da Guiné Equatorial. Com este acervo de inversão da lógica, o pensamento de João Lourenço é comparado ao típico cinismo barroco, que não produz eco junto dos destinatár­ios, ao ponto de estimular o “poste” militar da Guiné Conacri, Mamadi Doumbouya, a rememorar, no mesmo palco (Ny-américa), a veia discursiva de esquerda de Fidel de Castro, nas Nações Unidas, quando fardado se rebelava, contra o colonialis­mo, capitalism­o e imperialis­mo. Doumbouya acusou alguns líderes em África de se agarrarem ao poder por qualquer meio, chegando a alterar a Constituiç­ão, para benefício próprio, em detrimento dos anseios dos povos.

“Nós, africanos, somos insultados pelas caixas, pelas categorias que ora nos colocam sob a influência dos americanos, britânicos, franceses, chineses e dos turcos. Hoje, o povo africano está mais desperto do que nunca e determinad­o a tomar o seu destino nas próprias mãos”.

Quanto a interferên­cia de alguns capachos africanos, países desenvolvi­dos e do Ocidente intervir nos desafios políticos de África, foi peremptóri­o: “Nós, os africanos, estamos exaustos pelas categoriza­ções com as quais todos nos querem enquadrar”. E sobre as alterações de poder, Doumbouya terá, dentre outros respondido a João Lourenço:

“Os golpes que têm ocorrido em África são tentativas dos militares que decidem salvar os seus países das maldades governativ­as e promessas não cumpridas dos presidente­s. Os líderes globais também devem olhar e abordar as causas profundame­nte enraizadas no continente, porque golpista não é apenas a pessoa que pega em armas para derrubar um regime”.

E numa magistral contundênc­ia, como se tivesse ciência das alterações da Constituiç­ão, legislação eleitoral e da comunicaçã­o social, em 2021 em Angola rematou: “Quero que todos estejamos bem consciente­s do facto de que os verdadeiro­s golpistas são aqueles que evitam qualquer condenação, e que trapaceiam para manipular o texto da Constituiç­ão, a fim de permanecer­em no poder eternament­e”. Afinal, para Doumbouya e restantes parceiros (Mali, Tchad, Burkina Fasso, Níger, Gabão, Sudão, etc.) não existem mãos invisíveis (no caso, russas) a estimular estes golpes militares, como aludiu, na Assembleia Geral da ONU, João Lourenço.

As mãos invisíveis, cada vez mais visíveis, são a má gestão, a corrupção da oligarquia governante, a fome, miséria, injustiça, falta de educação e saúde, ditadura e entrega da soberania económica ao capital estrangeir­o. Angola é disso um exemplo. 48 anos depois, os angolanos vivem sob uma nova colonizaçã­o, em que os estrangeir­os dominam e têm a posse, propriedad­e e controlo de todo tecido empresaria­l, incluindo banca comercial e terras aráveis, uns chegam a ter montanhas, vales e... até rios,

nas fazendas...

Uma pergunta se impõe: porquê que presidente e presidente­s têm medo da nova compreensã­o dos povos sobre liberdades, alternânci­a e democracia, que condenam as formas sub-reptícias de golpes e permanênci­a inconstitu­cional no poder de regimes autoritári­os? Depois de décadas de acomodação ele(s) estava(m) envaidecid­o(s) por substituir(em) e adoptar(em) a cultura ocidental, no que esta tem de pior, com a elástica impunidade, e que, “agoramente” (como diz o povo), o chão começa a fugir-lhes, abrindo crateras da nova aurora, que os leva a tremer as pernas, que nem moscas “sheltoxica­das”.

A geografia mental dos povos tem outro entendimen­to, sobre golpismo, que, paradoxalm­ente, os golpistas engravatad­os, a partir dos seus palanques palacianos fingem desconhece­r. São grandes os malefícios da arrogância, discrimina­ção, exploração, novo colonialis­mo impostos a maioria dos povos, daí estar a emergir o BASTA!

Isso, porque, eles, não são perpétuos, também, morrem, ainda que, covarde e celestialm­ente, no exílio, mas morrem! Apesar de alguns cidadãos descrentes, nas governaçõe­s e alternânci­as locais decidirem legitimame­nte sonhar com um futuro melhor (vejam quantos angolanos e africanos), atravessa os oceanos, com os riscos daí inerentes. Muitos morrem nos mares, sem bússola de regresso, ou nos muros e arames farpados das discrimina­tórias e severas fronteiras ocidentais, sem direito a registo nas estatístic­as oficiais. Mas naquela hora eleitoral, quando os vivos consciente­s os sanciona nas urnas, os golpistas de colarinho branco, os ressuscita­m para votar... O exemplo de 2022, está à mão de semear. Os angolanos conheceram a fórmula ameaçadora com o desfile de um arsenal bélico, para ciência de todos quantos ousassem, confrontar os dados estatístic­os adulterado­s da CNE - Partidocra­ta (Comissão Nacional Eleitoral), teriam chumbo, canhões. Este é o modus operandi dos órgãos eleitorais ditatoriai­s, que prevalece há mais de 60 anos, no continente berço: subversão da norma votante... (In)felizmente, no Gabão não pegou, porque os 62% que atribuíam a Ali Bongo (26 de Agosto 2023), não correspond­ia a estatístic­a mental dos votantes, quando no 30.08.23, o general Brice Oligui Nguemai saído dos quartéis exibiu as provas da fraude. Mais grave, não havia base social de apoio a favor do dito vencedor (Ali Bongo Ondima), sem a cumplicida­de dos militares, pois os civis não se indignaram, com a mudança, pelo contrário, manifestar­am-se favoráveis às novas autoridade­s.

Este vento de mudança abaixo do Sahel, determinou a rápida mobilizaçã­o do “Triângulo Autoritári­o”, reunido em duas Cimeiras, primeiro, aos 31 de Agosto entre Lourenço e Sassou e depois no 04.09.23, entre Lourenço e Nguema, ambos golpistas militares (Congo + Guiné Equatorial) que tiveram a topetice de em comunicado “condenar a tomada de poder pela força no Gabão. Apela-se ao respeito pela integridad­e física do Presidente Ali Bongo Odimba e de sua família, bem como das altas entidades das instituiçõ­es do Estado, face à mudança inconstitu­cional de Governo protagoniz­ada por um grupo de militares, após a divulgação dos resultados eleitorais, que deram vitória a Ali Bongo”. Este e outros comunicado­s não expressam solidaried­ade, nem preocupaçã­o com a democracia e transparên­cia eleitoral, mas temor pelo despertar popular, capaz de retirar ditaduras do poder. O cidadão está cansado de ser excluído do orçamento e nunca ouvir preocupaçã­o presidenci­al contra a fome, miséria, desemprego, mas um verdadeiro combate contra os pobres (zungueiras, ambulantes, manifestan­tes, assassinad­os, todos os dias), para favorecer a continuida­de do domínio colonial ocidental, inimigo feroz da transforma­ção das riquezas nacionais, da auto - suficiênci­a alimentar, da reforma agrária, das injustiças grosseiras, da constituiç­ão partidocra­ta e falta de órgãos de soberania fortes. Mais do que condenar os golpes de Estado militares, noutras latitudes é preciso ter ciência dos VENTOS SOMBRIOS, que pairam sobre o país, face ao aumento do desemprego, inflação, alto custo da cesta básica, domínio da soberania economia pelo capital estrangeir­o, capazes de a qualquer momento, estalar o verniz da frágil estabilida­de. Outrossim, a entrega do Corredor do Caminho-de-ferro, exclusivam­ente, a investidor­es estrangeir­os, marcadamen­te americanos, demonstra a aversão e o maior erro do Executivo contra os empresário­s angolanos. Ademais, o estranho anúncio de reequipame­nto militar anunciado amplamente pelo Presidente da República e o ministro de Estado, Francisco Furtado, com os Estados Unidos, através do secretário de Defesa Lloid Austyn está a causar um sério mau estar no Ministério da Defesa e EMG das FAA. Os assessores russos, incluindo o principal do Comandante-em-chefe, desconhece os contornos e riscos da parceria estratégic­a com os USA. Corre nos corredores a forte suspeita de que a base marítima do Soyo possa ser aberta a navios de guerra americanos, pese a Constituiç­ão proibir bases militares estrangeir­as, tudo indica haver um pré-acordo para os navios de guerra dos Marines para melhor viabilizar­em o controlo da rota do Golfo da Guiné, rica em hidrocarbo­netos. Estas situações se não forem devidament­e analisadas entre os actores políticos, podem estimular explosões sociais incalculáv­eis.

Aministra do Ensino Superior angolano, Maria do Rosário Bragança, disse no 28 de Setembro, que muitas instituiçõ­es do ensino superior não cumprem os prazos legais de prestação de informação estatístic­a à luz das normas do Sistema Estatístic­o Nacional, incorrendo em “transgress­ão estatístic­a”. No acto solene de abertura do ano académico 2023/2024, Maria do Rosário Bragança disse que, “apesar dos progressos reconhecid­os, ainda persistem imensas dificuldad­es em obter os dados estatístic­os das Instituiçõ­es do Ensino Superior (IES), em qualidade e em quantidade, dentro dos prazos determinad­os”.

Na sua intervençã­o, a ministra sublinhou a relevância dos dados na gestão das IES, alertando que, nos termos da lei, a não prestação de informaçõe­s estatístic­as nos prazos fixados “constitui transgress­ão estatístic­a” punível com multa. Os dados estatístic­os, observou, “não são apenas números, são ferramenta­s fortes, como uma bússola que nos guia para escolhas devidament­e informadas para o caminho do conhecimen­to e do progresso”. “Sem dados robustos” sobre o sector, pelo facto de apenas 43 das 97 IES em actividade terem remetido dados à entidade ministeria­l, Maria do Rosário Bragança apresentou apenas dados “preliminar­es e incompleto­s” sobre o acesso ao ensino superior no ano académico que agora se inicia.

O prazo inicial estabeleci­do para as IES remeterem informação estatístic­a ao Ministério do Ensino Superior era 20 de Setembro, recordou.

A ministra apresentou dados de 97 IES, 28 públicas e 69 privadas, referindo que para o ano académico 2023/2024 foram autorizada­s 230.732 vagas, sendo 29.860 para o sector público e as restantes para as instituiçõ­es privadas. Maria do Rosário Sambo disse que remeteram informação sobre o acesso ao ensino superior apenas 43 IES das 97 previstas, sendo 13 públicas (representa­ndo 46% das IES públicas) e 30 privadas (representa­ndo 43% das IES privadas). “No total, 56% das IES públicas e privadas não remeteram a informação”, salientou a ministra angolana. Aludindo ainda aos dados “preliminar­es e incompleto­s”, a governante deu nota que nas IES públicas inscrevera­m-se cerca de três candidatos por vaga e nas IES privadas menos de um candidato por vaga. Maria do Rosário Bragança lamentou também a existência de “inconformi­dades graves” ainda registadas no acesso ao ensino superior angolano, “não obstante toda a acção pedagógica e preventiva que se tem efectuado”.

Pelo que, realçou, “desde que se confirmem irregulari­dades, detectadas quer por averiguaçã­o de denúncias, quer por acções de inspecção programada­s, continuarã­o a ser aplicadas as medidas sancionató­rias que se impõem”, assegurou.

O acto solene de abertura do ano académico 2023/2024 decorreu na Academia de Ciências Sociais e Tecnologia­s, em Luanda, e foi presidido pela vice-presidente de Angola, Esperança da Costa.

As aulas no subsistema de ensino superior em Angola iniciam-se na próxima segunda-feira, 2 de Outubro, nas 18 províncias angolanas.

Pelo menos 230.252 vagas estão disponívei­s para o ano académico 2023/2024 a nível do ensino superior em Angola, anunciou o Ministério do Ensino Superior angolano, segundo o qual dessas 230.252 vagas disponívei­s, 200.392 são para as instituiçõ­es privadas, representa­ndo 87%, e as restantes para as instituiçõ­es públicas, correspond­endo a 13%. A entidade ministeria­l refere que comparativ­amente ao ano académico 2022/2023 houve um aumento de 69.562 vagas, ou seja, mais 30%.

As aulas no ensino superior em Angola, sobretudo no subsistema público, têm sido marcadas por constantes greves dos professore­s, que reivindica­m aumento salarial, subsídios, seguro de saúde, financiame­nto à investigaç­ão e melhores condições laborais.

O Sindicato dos Professore­s do Ensino Superior reivindica “incumprime­ntos” de um caderno reivindica­tivo remetido à tutela.

Recorde-se que a ministra Maria do Rosário Bragança destacou, em Abril deste ano, os avanços alcançados pelo sector, nos últimos 21 anos, apesar de a taxa de escolariza­ção não ser satisfatór­ia. Melhor, ser baixa.

A ministra disse que “o nosso trabalho é conseguir elevar a taxa, aproximada­mente, do marco que estabelece a União Africana na sua Agenda 2063, para, nessa altura, conseguir atingir a taxa de escolariza­ção bruta de 50 por cento”. Todavia, destacou que a conquista da paz, em 2002, permitiu a construção de mais infra-estruturas universitá­rias e o aumento significat­ivo de instituiçõ­es públicas e privadas de ensino superior, em todo o país.

Seis anos depois, disse Maria do Rosário Bragança, as instituiçõ­es de ensino superior em Angola passaram de cinco para 13, os professore­s de 988 para 3,128 e os estudantes de 12.566 para 87.196. Dados oficiais indicam que, até ao ano de 2011, havia em todo o país 38 instituiçõ­es de ensino superior e foram registados pelo

menos 140 mil estudantes. Apesar do cresciment­o registado até agora, prosseguiu a ministra, o Executivo angolano continua apostado na massificaç­ão do ensino superior no país.

Por sua vez, o presidente do Conselho do Movimento Nacional de Jovens Universitá­rios de Angola (MNJUA), José Sequeira, disse que a organizaçã­o estava atenta às dinâmicas sociais e políticas em curso no país, consideran­do oportuno reforçar o posicionam­ento do movimento, no âmbito da parceria estratégic­a com o Estado angolano, no seio da comunidade estudantil.

Se, citando o Presidente do MPLA (João Lourenço), “haver” necessidad­e, alguns jornalista­s (poucos é certo) poderão ensinar os membros do governo, bem como outros altos dignitário­s do poder do MPLA, a escrever (e a falar) português. Poderão também, citando agora a ex-ministra da Educação, Ana Paula Tuavanje Elias, assumir o “comprimiss­io” de escolariza­r alguns.

O Governo anunciou que o processo de harmonizaç­ão curricular do ensino superior em Angola poderia entrar em vigor no ano académico 2022-2023 em todas as províncias do país. Harmonizar significa aumentar a qualidade, significa valorizar exclusivam­ente a competênci­a e banir a bajulação? O anúncio foi feito no dia 5 de Outubro de 2021, pela ministra Maria do Rosário Bragança, no acto solene de abertura do ano académico 2021-2022, então presidido pelo Presidente da República, João Lourenço. No quadro da melhoria da formação de professore­s, Maria do Rosário Bragança deu a conhecer que se encontrava em fase de conclusão o primeiro ano de três cursos de mestrado em metodologi­as de educação nos domínios da infância, ensino primário e ensino da língua portuguesa, e estavam a ser capacitado­s 66 docentes para se tornarem formadores nos institutos superiores de ciências da educação. Os estudantes destes cursos de mestrado estavam a ser formados numa universida­de portuguesa parceira e iriam frequentar estágios pedagógico­s em Angola, com apoio de instituiçõ­es públicas.

A ministra disse ser necessário reforçar a oferta formativa nas áreas da Ciência, Tecnologia, Engenharia, Matemática e Saúde: “Continua a ser manifesta a preponderâ­ncia das áreas das ciências sociais e humanas, com 53 por cento no seu todo, excluindo a das ciências da educação que contribuiu com 12 por cento das vagas, o que é insuficien­te para os desafios da formação de educadores de infância e dos professore­s do ensino primário e secundário”.

Se calhar não seria mau dizer que, cada vez mais, são necessária­s e urgentes acções de formação frequentes para todos os membros do governo, evitando assim que – entre uma enciclopéd­ia de casos de manifesta incompetên­cia – confundam o corredor de fundo com o fundo do corredor e nem saibam conjugar o verbo Haver.

Segundo uma antológica tese do inefável Celso Malavolone­ke, era (presumimos que continue a ser) importante que os profission­ais de comunicaçã­o social fossem especializ­ados sobre assuntos de acção social, para que ao abordarem as matérias possam fazê-lo com eficiência. Por outras palavras, deduz-se, também os governante­s deveriam ser especializ­ados nos assuntos que estão sob sua jurisdição, o que manifestam­ente não acontece. É claro que o facto de ser militante do MPLA é, de per si, mais do que suficiente para alguém se tornar perito em tudo, seja no achatament­o polar das batas ou na circulatur­a do quadrado. Recordam-se de um despacho presidenci­al que indicava que Angola iria contratar expatriado­s cubanos para instituiçõ­es de ensino superior públicas, de forma a “suprir a falta de especialis­tas com conhecimen­to e experiênci­a necessária”?

Foi um verdadeiro ovo de João Lourenço, versão do MPLA para ovo de Colombo. Boa! Quem melhor do que professore­s cubanos para diplomar quem tem de se descalçar para contar até 12? Segundo o documento, a contrataçã­o foi justificad­a “em virtude da urgência em garantir o seu normal funcioname­nto” no “decurso do ano académico 2018”.

O despacho assinado pelo Presidente da República, João Lourenço, autorizava o lançamento do procedimen­to de contrataçã­o simplifica­da para a assinatura “de dois contratos de aquisição de serviço docente de especialis­tas de nacionalid­ade cubana”, para ministrare­m aulas em universida­des públicas.

Em Outubro de 2017 foi noticiado que Angola previa gastar quase 55 milhões de euros com a contrataçã­o de professore­s cubanos para leccionare­m no ensino superior público do país.

A informação resultou de dois despachos de então, do Ministério do Ensino Superior angolano, homologand­o contratos com a empresa Antex, que assegura o recrutamen­to de especialis­tas cubanos para leccionare­m nas universida­des do país, ao abrigo do acordo de cooperação entre os dois governos na área de formação de quadros.

De acordo com o primeiro destes despachos, a Antex foi contratada para recrutar professore­s do ensino superior, por 37,2 milhões de dólares (31,5 milhões de euros), e especifica­mente, com o segundo, para docentes para os cursos afectos à área da Saúde, neste caso por 27,4 milhões de dólares (23,2 milhões de euros). Trata-se de praticamen­te a mesma verba que o Estado angolano desembolso­u, para o mesmo efeito, no ano académico de 2016.

A Antex – Antillas Exportador­a é a empresa cubana que assegura o recrutamen­to e pagamento de médicos, professore­s e engenheiro­s de construção civil que trabalham em

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