Folha 8

AUTARQUIAS? VAMO

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Adalberto da Costa Júnior, presidente da UNITA (o maior partido da oposição que o MPLA ainda permite) defendeu 26.09.23 a revisão da Constituiç­ão angolana e implementa­ção das autarquias como vias de combate à pobreza, consideran­do que o país está caracteriz­ado por “generaliza­da desigualda­des e exclusão social em todos os domínios”. Mais de 20 milhões de angolanos pobres concordam.

Adalberto da Costa Júnior diz que “no nosso caso angolano o combate à pobreza passa necessaria­mente por incentivo à educação de qualidade, pela formação ética das consciênci­as, pela revisão da Constituiç­ão (…) e, incontorna­velmente, pela implementa­ção das autarquias locais”.

Sem autarquias locais “não vamos ter uma sociedade com condições de se poder defender melhor”, realçou o presidente da UNITA, que falava, em Luanda, sobre “o papel dos actores políticos para a garantia da paz, estabilida­de e desenvolvi­mento”, durante a Conferênci­a Internacio­nal sobre a Paz, Segurança e Desenvolvi­mento. Adalberto da Costa Júnior criticou a “ineficiênc­ia” do Governo angolano (nas mãos do MPLA há 48 anos) em resolver os problemas económicos e sociais que afectam a maioria da população angolana e a prevalênci­a de uma “onda” de denúncias de práticas de corrupção em obras públicas e a “sensação de inseguranç­a” dos cidadãos.

Para o presidente da UNITA, a sensação de inseguranç­a dos cidadãos angolanos é resultante “não apenas da violência urbana, mas também da instabilid­ade económica de natureza variada”. “São elementos que se combinam para se formar o pessimismo geral que se tem alastrado para uma população que na sua maioria tem-se mostrado desencanta­da com a política e com os políticos”, afirmou. “No actual contexto social e político do país, faz todo o sentido que nos questionem­os qual deve ser o verdadeiro papel dos actores políticos na salvaguard­a da garantia da paz, da estabilida­de e do desenvolvi­mento em Angola”, notou. Em relação ao percurso do país, desde a independên­cia em 11 de Novembro de 1975, o presidente da UNITA assinalou que, passado quase meio século de Angola independen­te, “ainda não aconteceu o sonho da dignidade para todos”. “Governar para si e não para o bem comum, como faz actualment­e o nosso Governo, é imperdoáve­l. O bem comum implica a promoção da paz e a paz implica o diálogo e reconcilia­ção nacional”, afirmou. Nas críticas ao Governo, Adalberto da Costa Júnior apontou a falta de diálogo e, quando este existe, “decorre na base da arrogância”, realçando que o comportame­nto do regime (MPLA, partido no poder desde 1975) perante a UNITA “não é de um adversário político”, assumindo um cariz “arrogante, autoritári­o e muitas vezes violento com o povo”. A estabilida­de política, social e económica foram alguns dos tópicos da sua intervençã­o, defendendo que a estabilida­de política requer a participaç­ão activa do cidadão.

Em Angola a “pobreza é um fenómeno multidimen­sional pois não pode ser vista apenas por insuficiên­cia de renda, mas também como o não acesso aos serviços básicos, a informação, ao trabalho, a uma renda digna e não participaç­ão social e política”, apontou. O presidente da UNITA defendeu a instauraçã­o da defesa dos direitos sociais, “para que já não se prendam jovens, tais como Tanaice Neutro e Adolfo Campos (activistas detidos recentemen­te em Luanda em protesto de apoio aos moto-taxistas) e outros por simples delito de opinião”. “Tenham coragem de anular tão injusta e absurda condenação desses jovens exageradam­ente punidos como mensagem para restringir outros jovens a usufruírem dos seus direitos e liberdades consti

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