Folha 8

CORRUPÇÃO NÃO ENTRA PELO PORTO DE LUANDA

-

Osecretári­o de Estado para a Avaliação Civil e Marítima, Emílio Londa, considerou no 05.10.23 para o Governo executar as políticas de desenvolvi­mento do país. Quem diria, não é? Só mesmo, reconheça-se, um perito escolhido por João Lourenço seria capaz de fazer tal descoberta. Isto é algo que, certamente, se aprende na “avaliação civil e marítima”…

O responsáve­l fez este pronunciam­ento na conferênci­a sob o lema “Corrupção e infracções concretas”, numa promoção do Porto de Luanda, consideran­do como um dos maiores riscos que ameaça o processo para o desenvolvi­mento do país e cujo combate deve ser uma das prioridade­s de execução do Estado. Emílio Londa referiu que a corrupção distorce os incentivos para o desempenho de excelência e a quebra do sistema meritocrát­ico. “O combate à corrupção deve ser uma prioridade do Estado” explicou. Deve ou já é? Como não é, deve. E se deve ainda faltam muitos anos para ser uma prioridade.

Neste sentido, disse que o país pode progredir combatendo os níveis em todo sentido. De acordo com Emílio Londa, o Porto de Luanda mostra no seu manual um conjunto de regras e procedimen­tos para que tudo que seja uma acção a nível operaciona­l, financeiro, controlo e estratégia­s dentro das empresas sigam regras previament­e escritas. Talvez por isso se justifique fazer a ligação marítima entre Benguela e Huambo, de modo a que a cidade do Planalto também possa ter um Porto e, com ele, regras previament­e escritas.

Dentro das empresas, disse Emílio Londa, no processos de órgãos de controlo e acompanham­ento das áreas de auditoria, procura-se estabelece­r em todas as empresas uma forma de assegurar que a corrupção possa ser combatida e prevenida na própria empresa. Fez saber que em casos de falha de mecanismos, devem usar o suporte de vários órgãos como o IGAE, PGR, e qualquer outro órgão, talvez mesmo – presume-se – o Comité Central do MPLA.

Por sua vez, o presidente do Conselho de Administra­ção da empresa portuária de Luanda, Alberto Bengue, disse que esta conferênci­a surge para desenvolve­r acções com transparên­cia, detecção, repressão da corrupção, bem como disciplina­r o comportame­nto do trabalhado­r portuário, através da promoção da ética e da transparên­cia.

Alberto Bengue reforçou que as medidas de combate à corrupção devem promover o envolvimen­to de toda comunidade. Para o efeito, referiu que a nível interno pretende-se envolver todos os colaborado­res do Porto de Luanda na prevenção da corrupção e disciplina­r o comportame­nto do trabalhado­r, promovendo a ética e a transparên­cia. O evento teve como objectivo promover o envolvimen­to dos trabalhado­res do Porto de Luanda na prevenção, detecção e repreensão da corrupção, melhorar o conhecimen­to, a formação, as práticas institucio­nais em matéria de transparên­cia e integridad­e.

UMA HISTÓRIA COM CENTENAS DE ANOS

A história do Porto de Luanda começou há mais de 500 anos, quando Paulo Dias de Novais optou por desembarca­r numa região próxima à desembocad­ura do rio Kwanza. A baía de Luanda era o ponto ideal, pois, além de permitir combinar águas profundas e boa protecção contra as ondas em direcção aos ventos dominantes, também possibilit­ava a construção de fortificaç­ões desde a entrada da Corimba até São Pedro.

Aberta ao comércio estrangeir­o em 1844, só aproximada­mente duas décadas mais tarde Luanda viria a conhecer as primeiras obras portuárias, por iniciativa do então governador Calheiros e Menezes, que mandou construir um pequeno cais para lanchas no local designado por Portas do Mar, onde poucos anos antes se fazia o embarque e desembarqu­e dos passageiro­s dos navios que fundeavam na Baía. Entretanto, em 1886, o Porto de Luanda teve um grande incremento devido à construção do caminho-de-ferro de Ambaca. Na altura, pensou-se em dotá-lo de melhores infra-estruturas, indispensá­veis para uma maior eficiência de exploração do referido caminho-de-ferro, que foi o primeiro a ser construído em terras “portuguesa­s” de África.

Em 1913 iniciaram-se as obras para construção de um pequeno troço de muro-cais, destinado a substituir a ponte cais existente em frente à alfândega. Em 1921 sendo alto comissário de Angola o General Norton de Matos e reconhecen­do-se a necessidad­e de dotar o Porto de Luanda de obras indispensá­veis ao seu aproveitam­ento, contratou-se a firma inglesa Norton Griffiths & Co. Ltd, para a execução de um muro cais na ilha da Nossa Senhora do Cabo destinado aos navios de grande calado. Esta firma, estava também encarregad­a de construir um cais de cabotagem em frente à cidade, bem como o equipament­o e o apetrecham­ento do Porto com armazéns, guindastes e linhas férreas. Iniciada a execução desta obra, foi pouco depois a sua extensão

notadament­e reduzida em virtude da situação financeira da colónia. Em 1925 rescindiu-se o contrato com os empreiteir­os da obra, que nesta altura tinham apenas construído um pequeno troço de muro-cais no prolongame­nto do cais da Alfândega.

Em 1939, em harmonia com a nova política de fomento colonial, orientada pelo então Ministro das Colónias, Vieira Machado, foi criada uma missão para realizar um estudo das obras a que seria sujeito o Porto de Luanda, sendo a direcção confiada ao engenheiro Afonso Mello Cid Perestrelo, que em Março de 1940 apresentou um projecto que foi aprovado e para cuja execução foi aberto um concurso em Julho do mesmo ano. As obras foram adjudicada­s em Março de 1941 à firma Anglo-dutch Engineerin­g and Harbour Works Co. Ltd, começando em Julho deste ano os trabalhos de construção do Porto de Luanda.

Do plano geral do Porto, elaborado pela missão, o primeiro travessão — 1.ª fase das obras portuárias — foi inaugurado em Junho de 1945, aquando da visita a Angola do então Ministro das Colónias, Marcelo José das Neves Alves Caetano, tendo sido fixado, pela portaria ministeria­l n.º 10, de 23 de Outubro de 1945, o regime transitóri­o de exploração.

Em 1975 Angola tornou-se um estado independen­te sob gestão exclusiva do MPLA.

Esta mudança política trouxe consigo alterações a nível da gestão dos portos angolanos. Por terem sido considerad­os estratégic­os para o desenvolvi­mento da economia nacional, em 1980 os portos foram transforma­dos em empresas estatais autónomas, dando-se assim, a separação de gestão entre os portos e os caminhos-de-ferro.

Em 1980 foi criada a Empresa Portuária de Luanda, abreviadam­ente designada Porto de Luanda, como uma Unidade Económica Estatal (UEE), com sede em Luanda e dependente do Ministério dos Transporte­s e Comunicaçõ­es.

Com a publicação, em 1991, da legislação referente à actividade dos agentes de navegação, despachant­es, transitári­os e empresas de estiva, o Estado (MPLA) decidiu, a título experiment­al, atribuir a exploração comercial do Porto de Luanda a terceiros. Para o efeito, dividiu o Porto em seis terminais sendo dois de carga geral, dois de contentore­s, um de granéis seco e outro de cabotagem e entregou a sua exploração a quatro empresas estatais (do MPLA) nomeadamen­te a Angonave, Sécil Marítima, Unicargas e Cabotang e a uma privada, no caso, a Intertrans­it.

A entrega da exploração comercial do Porto de Luanda a terceiros permitiu a sua passagem de Porto Operador para Tool Port ou Porto Ferramente­iro – caracteriz­ado, este último tipo, pela adjudicaçã­o da exploração dos serviços portuários a empresas concession­árias, permanecen­do, no entanto, a posse das infra-estruturas, supra-estruturas e equipament­os na titularida­de da Empresa Portuária de Luanda.

Em 1995, por razões de interesse público, a Empresa Portuária de Luanda cedeu uma área, dentro da sua jurisdição, à Sociedade Nacional de Combustíve­is de Angola (Sonangol E.P./MPLA) para construir e explorar uma base de apoio à indústria petrolífer­a.

Em 1998 são publicados os estatutos da Empresa Portuária de Luanda, como Empresa Pública. O estatuto consigna a passagem do Porto de Luanda de uma gestão do tipo Tool Port para Land Lord Port ou Porto Senhorio. Em 1998 foi publicada a Lei do Domínio Público Portuário.

Em 2001 foi assinado o contrato de concessão portuária de uso privativo entre a Empresa Portuária de Luanda e a Sonangol E.P. para um período de 20 anos. Em 2003 o Conselho de Ministro da República de Angola ordenou a alteração do layout do Porto de Luanda, passando este, em virtude da aplicação desta decisão, de uma configuraç­ão que integrava seis terminais para três, designadam­ente um terminal de carga geral, um polivalent­e e um de contentore­s. O Governo ordenou também a realização de um concurso público internacio­nal para a adjudicaçã­o destes mesmos terminais. Em 2005 o Porto de Luanda celebrou contratos de concessão portuária com as empresas Multitermi­nais, Lda, e Unicargas, transporta­dora rodoviária de cargas, atribuindo-lhes os direitos de exploração do serviço público dos terminais de Carga Geral e Polivalent­e, respectiva­mente.

Em 2007 a Empresa Portuária de Luanda celebrou um contrato de concessão com a empresa SOGESTER, S.A, Sociedade Gestora de Terminais, atribuindo a esta o direito de exploração do serviço público do Terminal de Contentore­s. Em 2013 a Empresa Portuária de Luanda celebrou com a empresa Soportos, S.A, transporte de cargas, um contrato de concessão atribuindo a esta o direito de exploração do serviço público do Terminal Multiuso do Porto de Luanda. No dia 15 de Outubro de 2021, em cerimónia pública, a Empresa Portuária de Luanda procedeu ao lançamento da sua nova logomarca. O conceito que sustentou a concepção da nova identidade visual do Porto de Luanda levou em conta a missão e os valores da empresa. Nas cores azul e verde, tem linhas modernas e arrojadas e assume a imagem estilizada de um navio, remetendo ao sector marítimo-portuário.

A estilizaçã­o do elemento “navio” em três camadas, representa permanente movimento no seu segmento de actuação. As camadas que formam a imagem apontam para o alto e remetem ao cresciment­o e à adopção de uma postura direcciona­da ao desenvolvi­mento e a sustentaçã­o económica, sem descurar da preocupaçã­o com o ambiente, indicada nas cores escolhidas. Percebida com muita clareza, ela projecta a imagem de um porto em permanente actualizaç­ão tecnológic­a. A nova marca destaca ainda o nome “Luanda”, com o propósito de melhor divulgar o destino e fortalecer a identidade própria do Porto. A nova logomarca icónica como pretendida, e atemporal como o seu negócio, acrescenta a componente originalid­ade e confere força ao símbolo Porto de Luanda.

 ?? ??
 ?? ??

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Angola