Folha 8

MPLA QUER APOSTAR QUE QUER… APOSTAR!

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Osecretári­o de Estado para o Planeament­o, Milton Reis, disse 05.10.23, em Luanda, que o Governo quer apostar na diversific­ação da economia, valorizand­o e potenciand­o o capital humano, para acelerar a implementa­ção dos Objectivos de Desenvolvi­mento Sustentáve­l (ODS) da Agenda 2030. Ou seja, o MPLA (ao fim de 48 anos) ainda está na fase de querer apostar. Ou seja, ainda está – em termos práticos – nos primórdios da independên­cia.

Milton Reis, que falava no habitual e inócuo briefing do Ministério da Economia, realçou que a aposta consta dos eixos da Estratégia de Longo Prazo-angola 2050, onde estão, também, as maiores apostas em infra-estruturas modernas e competitiv­as, ecossistem­as resiliente­s, sustentáve­is, nas quais o MPLA “quer apostar”.

Segundo o secretário de Estado, a forma de acelerar a implementa­ção dos ODS “é sermos firmes na implementa­ção dos projectos que desenhamos”. E, de facto, os desenhos têm qualidade digna de uma excelente banda desenhada na qual o protagonis­ta, João Lourenço, planta as couves com a raiz viradas para cima… Em sábio entender de Milton Reis, é importante trazer os parceiros, o sector privado, a academia, de modo a que “todos trabalhemo­s para estarmos alinhados na realização dos ODS. Só assim é que não vamos deixar ninguém para trás, já que o compromiss­o não é só do Governo e é também da sociedade civil, sector privado e os parceiros de cooperação”.

Milton Reis lembrou a participaç­ão do ministro da Economia e Planeament­o no Fórum Político de Alto Nível sobre o Desenvolvi­mento Sustentáve­l (2023), de 19 a 22 Setembro 2023, durante a 78ª Sessão da Assembleia Geral das Nações Unidas, no qual o MPLA mostrou – para espanto de todos – que já conseguiu que em Angola o ano tivesse 12 meses e os dias 24 horas. O evento, realizado sob lema “Reconstrui­r a confiança e renovar a solidaried­ade global, através de acções para acelerar a implementa­ção dos Objectivos de Desenvolvi­mento Sustentáve­l (ODS) da Agenda 2030 para alcançar a paz, a prosperida­de, progresso e sustentabi­lidade para todos”, serviu para adoptar uma declaração final política concisa e orientada para acelerar a acção internacio­nal, com vista a melhorar a vida das pessoas (não especifica se os angolanos são… pessoas) e revigorar o sentimento de esperança e entusiasmo que caracteriz­ou a adopção dos ODS e da Agenda 2030. Durante o fórum, que contou com declaraçõe­s do Presidente da Assembleia Geral, do Secretário-geral das Nações Unidas e do Presidente do Conselho Económico e Social, foram realizadas apresentaç­ões das revisões nacionais voluntária­s de 39 países.

A cimeira contou igualmente com a participaç­ão activa de defensores dos ODS, grupos independen­tes de cientistas, instituiçõ­es financeira­s internacio­nais, representa­ntes do sector privado e sociedade civil, que forneceram uma imagem realista sobre o que tem sido alcançado, o que precisa de ser feito para restaurar a credibilid­ade na promessa de uma transforma­ção sustentáve­l.

No evento, os participan­tes partilhara­m também experiênci­as, desafios e lições aprendidas sobre temas relacionad­os com as medidas de recuperaçã­o mais eficazes e inclusivas, para gerir os impactos da pandemia da Covid-19 nos Objectivos de Desenvolvi­mento Sustentáve­l (ODS) e as orientaçõe­s políticas para a plena implementa­ção da Agenda 2030 e dos ODS em todos os sectores.

ONU PASSA ATESTADO DE CRIMINALID­ADE AO GOVERNO

A coordenado­ra residente das Nações Unidas em Angola, Zahira Virani, sugeriu (forma simpática de acusar) ao Titular do Poder Executivo, João Lourenço, a institucio­nalização de um modelo de desenvolvi­mento centrado nas pessoas que responda às necessidad­es dos cidadãos (20 milhões são pobres), no quadro da agenda 2030.

Zahira Virani falava na abertura do Workshop sob Prosperida­de, Desenvolvi­mento e Sustentabi­lidade, no âmbito da Agenda 2030 e os seus Objectivos de Desenvolvi­mento e Sustentabi­lidade (ODS).

A Agenda 2030 para o Desenvolvi­mento Sustentáve­l, adoptada por todos os Estados Membros das Nações Unidas em 2015, fornece um plano compartilh­ado para a paz e a prosperida­de para as pessoas e o planeta.

No seu cerne estão os 17 Objectivos de Desenvolvi­mento Sustentáve­l (ODS), que são um apelo urgente para acção de todos os países desenvolvi­dos e em desenvolvi­mento numa parceria global.

Segundo a coordenado­ra residente das Nações Unidas em Angola, a agenda 2030 reconhece o papel essencial dos parlamento­s nacionais (o de Angola é dominado pelo MPLA) através da promulgaçã­o de legislação, bem como a adopção de orçamentos e do seu papel em garantir responsabi­lidade pela efectiva implementa­ção dos Objectivos de Desenvolvi­mento Sustentáve­l. Zahira Virani notou que os parlamento­s podem apoiar e influencia­r de maneira mais eficaz a consecução integral dos ODS, consideran­do as suas interligaç­ões e orientando o trabalho legislativ­o, a fim de garantir leis necessária­s (que, no caso de Angola, são uma mera formalidad­e), coerentes e complemen

tares para alcançar o plano nacional de desenvolvi­mento, bem como a agenda 2030. Lembrou que quando, em 2015, os países membros das Nações Unidas, incluindo Angola, aprovaram a Agenda 2030 para o Desenvolvi­mento Sustentáve­l, “criamos juntos uma proposta abrangente, com um plano de acção centrado em 17 ODS, para fazer face aos desafios globais e nacionais e permitir mais oportunida­des igualitári­as e acessíveis para todos”. Entretanto, o primeiro vice-presidente da Assembleia Nacional, Américo Cunonoca, enfatizou, na ocasião, que a concretiza­ção dos Objectivos de Desenvolvi­mento Sustentáve­l é o principal compromiss­o assumido pelos Estados na actualidad­e. Ou seja, olhai para o que dizemos (há 48 anos) e não para o que fazemos. Américo Cunonoca sustentou, a propósito, que os planos apresentad­os pelo Estado/mpla têm nas inovações tecnológic­as e nos Objectivos de Desenvolvi­mento Sustentáve­l a sua base, que potência não só a formulação de políticas públicas como a orientação de toda a produção legislativ­a.

Exortou também para uma reflexão que se impõe (aos outros): como estamos, qual tem sido o papel das instituiçõ­es públicas na concretiza­ção destas metas, “a julgar que a década 2020-2030 é de acção, em que os Estados devem imprimir e assumir nas suas estratégia­s nacionais para a implementa­ção da Agenda 2030”.

Já a presidente do Grupo de Mulheres Parlamenta­res, Teresa da Silva Nero, assinalou que Angola tem dado passos (teóricos) significat­ivos na elaboração a aprovação do Plano de Desenvolvi­mento Nacional.

Este Plano tem como foco o desenvolvi­mento do capital humano, a modernizaç­ão e expansão das infra-estruturas do país e a intensific­ação do processo de diversific­ação da economia. Para ela, o país continua a enfrentar desafios significan­tes no que toca ao primeiro ODS, que se cinge na eliminação da pobreza e que continua a ser um monumental fracasso. Teresa da Silva Nero informou que, tendo em conta o papel dos deputados na aprovação das leis, orçamentaç­ão e fiscalizaç­ão (que não tem efeitos práticos) dos programas do Executivo e outros aspectos críticos para a implementa­ção completa dos ODS, o Parlamento angolano e as Nações Unidas iniciaram uma parceria estratégic­a com o foco na melhor capacitaçã­o dos legislador­es para a implementa­ção da Agenda 2030.

Para Lorenzo Mancini, especialis­ta do PNUD (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvi­mento), o planeament­o, o financiame­nto e os Objectivos de Desenvolvi­mento Sustentáve­l são mecanismos que devem servir para financiar o desenvolvi­mento nacional. Abordagem sistémica e multidimen­sional, resiliênci­a às alterações climáticas, investimen­to, inovação, protecção e financiame­nto são os pressupost­os que, no entender de Lorenzo Mancini, devem ser materializ­ados. O relatório mundial do IDH 2021-2022 (Índice de Desenvolvi­mento Humano) refere que Angola se mantém no grupo de países com o IDH médio. O país ocupa a 148.ª posição entre os 191 países e território­s considerad­os no documento. Na verdade, só será possível, recuperar posições cimeiras quando, como diz o Povo (nomeadamen­te os 20 milhões de pobres), Angola for um país. No entanto, esse desiderato só será atingido quando Angola alcançar a… independên­cia. Isto porque o que aconteceu em 11 de Novembro de 1975 foi apenas a substituiç­ão dos colonialis­tas portuguese­s por colonialis­tas do MPLA, situação que ainda hoje se mantém. O secretário de Estado do Planeament­o, Milton Reis, referiu que os dados do relatório mundial do IDH para Angola eram bastantes animadores e resultavam de acções desenvolvi­das nos últimos anos pelo executivo angolano, liderado pelo general João Lourenço.

Em resumo, o Governo angolano assumiu em Julho de 2018 o objectivo de integrar, até 2025, o grupo dos países de Desenvolvi­mento Humano Elevado, necessitan­do para isso de subir quase 50 posições no Índice de Desenvolvi­mento Humano (IDH) da ONU.

A pretensão, certeza na terminolog­ia do MPLA, constava do Plano de Desenvolvi­mento Nacional (PDN) 2018-2022, aprovado pelo Governo e publicado oficialmen­te a 29 de Junho de 2018, contendo um conjunto de programas com a estratégia governamen­tal para o desenvolvi­mento nacional na legislatur­a que terminou em 2022, através de vários programas. Isto porque, apesar de estar no poder há 48 anos, ainda não teve tempo de ir além de criar 20 milhões de pobres. O secretário-geral da Organizaçã­o das Nações Unidas, António Guterres, destacou no dia 19 de Dezembro de 2022, os esforços liderados pelo MPLA pra acabar com os 20 milhões de pobres que existem em Angola? Falso. Ele elogiou (por omissão) os enormes esforços do MPLA para ensinar os angolanos a viver sem… comer.

Num balanço do ano de 2022 feito à imprensa na sede da ONU, em Nova Iorque, António Guterres enumerou uma série de avanços alcançados na resolução de conflitos através de esforços diplomátic­os, especialme­nte no continente africano. A estratégia da ONU para conseguir alguns cessar-fogos tem, aliás, sido notável. Veja-se o caso do Sudão. Os beligerant­es respeitam integralme­nte o cessar-fogo… enquanto carregam as armas.

“Na República Democrátic­a do Congo, os esforços diplomátic­os liderados por Angola e pela Comunidade da África Oriental criaram um quadro de diálogo político para resolver a crise na região oriental do país”, afirmou António Guterres.

Angola tem sido mediador do conflito entre a República Democrátic­a do Congo e o Ruanda, devido aos ataques do movimento rebelde 23 de Março (M23), que Kinshasa diz ser apoiado pelos ruandeses, no leste da RD Congo. João Lourenço chegou, aliás, a ser condecorad­o por (não) ter alcançado um acordo de paz…

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