Folha 8

EM VIAS DE EXTINÇ

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Em Maio, o Executivo garantiu que ia disponibil­izar mais de 11 mil milhões de kwanzas para a aquisição de medicament­os, testes e reagentes para o tratamento da malária, reduzir, no país, a taxa de mortalidad­e e morbidade causada pela doença, conforme refere o Despacho Presidenci­al n.º109/23 de 24 de Maio.

O valor global referido foi 11.163.394.770, 00 (onze mil, cento e sessenta e três milhões, trezentos e noventa e quatro mil, setecentos e setenta Kwanzas), como parte da resposta ao Programa Nacional de Combate à Malária em todo o território nacional.

O Presidente da República, igualmente Presidente do MPLA e Titular Poder Executivo, João Lourenço, autorizou igualmente a abertura de Procedimen­to de Contrataçã­o Emergencia­l para a celebração do contrato. A propósito, o Titular do Poder Executivo delegou competênci­as na ministra da Saúde, com a faculdade de subdelegar, para a aprovação das peças do procedimen­to e verificaçã­o da validade e legalidade de todos os actos praticados no âmbito do procedimen­to para a celebração dos correspond­entes contratos, incluindo a assinatura dos mesmos. A malária é a principal causadora de mortes em Angola e uma das razões para o baixo peso ao nascer, a anemia em mulheres grávidas e a mortalidad­e relacionad­a com o parto e pós-parto.

Em 25 de Abril de… 2012, a malária estava em vias de extinção, segundo a manchete do órgão oficial do MPLA (Jornal de Angola). Em 2021 o surto de malária que Angola registou, nos últimos meses, com quatro milhões de casos e acima de 5.000 óbitos, “estava a declinar”, anunciou o secretário de Estado para a Saúde Pública, Franco Mufinda. Ao contrário do que diz Sílvia Lutucuta, a ministra da Saúde, as principais medidas para combater a malária (entre muitas outras doenças) seria ter governos competente­s e sérios. Como não tem, a ministra fala de eliminação dos focos criadores de mosquitos, através de acções enérgicas de saneamento ambiental e combate químico, através do uso de insecticid­a nas áreas infestadas, bem como sensibiliz­ação da população para a mudança de comportame­ntos ambientais, de forma a tratar as causas e não as consequênc­ias. O Ministério da Saúde está a reforçar (diz o mesmo há 48 anos) as suas orientaçõe­s metodológi­cas, cabendo às províncias e municípios a sua operaciona­lização. Está também a implementa­r um plano de contingênc­ia multissect­orial de resposta à malária, bem como um plano emergencia­l relativo às arbovirose­s, a reforçar a vigilância e a busca de casos, bem como a logística para o tratamento de casos e melhoria de fluxos para atendiment­o de doentes.

A malária, doença que tem ceifado a vida de milhares de pessoas e que constitui uma emblemátic­a demonstraç­ão da incompetên­cia governativ­a do MPLA nos últimos 48 anos, pode ser eliminada em Angola até 2030, admitiu em Luanda o coordenado­r nacional do Programa de Luta Contra a Malária, José Martins, numa mesa-redonda inserida nas Primeiras Jornadas Multidisci­plinares do Hospital Geral de Luanda.

Para além de ser a principal causa de morte em Angola, a malária é igualmente a responsáve­l pela maior taxa de absentismo escolar e profission­al. A doença representa cerca de 35% da demanda de cuidados curativos, 20% de internamen­tos hospitalar­es, 40% das mortes perinatais e 25% de mortalidad­e materna. O quadro epidemioló­gico de Angola é caracteriz­ado por doenças transmissí­veis e parasitári­as, com destaque para as grandes endemias como a malária, o HIV/SIDA e a tuberculos­e, juntando-se as doenças tropicais negligenci­adas, como tripanosso­mose humana africana. O norte do país continua a ser mais afectado devido às suas caracterís­ticas geográfica­s, sendo as regiões mais endémicas as províncias de Cabinda, Zaire,

Uíge, Cuanza Norte e Sul, Malange, e as Lundas Norte e Sul.

OMS AVANÇA COM NOVA VACINA

Entretanto, a Organizaçã­o Mundial da Saúde, recomenda segunda vacina para a malária que será lançada no próximo ano. A vacina R21/matrix-m, desenvolvi­da pela Universida­de de Oxford, estará disponível em meados de 2024. Junta-se à vacina RTS,S da farmacêuti­ca britânica GSK, que foi recomendad­a pela OMS em 2021. “Há quase dois anos, a OMS recomendou a utilização generaliza­da da primeira vaci

na contra a malária do mundo, a RTS,S”, disse o director geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesu­s, numa conferênci­a de imprensa em Genebra. “Hoje, é com grande prazer que anuncio que a OMS está a recomendar uma segunda vacina chamada R21/matriz-m para prevenir a malária em crianças em risco de contrair a doença”, acrescento­u. A R21/matrix-m, desenvolvi­da pela Universida­de de Oxford, no Reino Unido, estará disponível em meados de 2024, disse Tedros Adhanom Ghebreyesu­s, acrescenta­ndo que as doses custarão entre dois e quatro dólares (entre cerca de 1,9 e 3,8 euros, ao câmbio actual). “A OMS está agora a rever a vacina para pré-qualificaç­ão, que é o selo de aprovação da OMS, e permitirá à GAVI [Aliança Global para as Vacinas] e à UNICEF comprar a vacina aos fabricante­s”, destacou Tedros Adhanom Ghebreyesu­s.

A R21/matrix-m é fabricada em massa pelo Instituto Serum da Índia e utiliza o adjuvante Matrix-m — um ingredient­e que potencia a resposta do sistema imunitário a uma vacina — da Novavax. Adar Poonawalla, director executivo do Instituto Serum da Índia, afirmou que já foram produzidas mais de 20 milhões de doses em antecipaçã­o da recomendaç­ão da OMS. “Vamos aumentar a produção de acordo com os requisitos da procura”, afirmou numa entrevista. “Esperamos que, até ao final de 2024, não haja qualquer incompatib­ilidade entre a procura e a oferta, com a nossa oferta a entrar no sistema”, acrescento­u Adar Poonawalla.

A vacina R21/ Matrix-m mostrou eficácia de até 77% num ensaio que decorreu ao longo de um ano no Burkina Faso, onde participar­am 450 crianças, segundo avançaram em comunicado os investigad­ores que lideraram o ensaio clínico em Abril de 2021. Já este ano, a vacina contra a malária criada na Universida­de de Oxford garantiu a primeira aprovação no Gana, numa altura em que este país africano intensific­a o combate à doença transmitid­a por mosquitos – e que mata uma criança a cada minuto em todo o mundo. A vacina vai competir com a vacina RTS,S da farmacêuti­ca britânica Glaxosmith­kline (GSK), que foi recomendad­a pela agência das Nações Unidas em 2021 e vendida sob a marca Mosquirix.

A OMS disse que ambas as vacinas mostraram eficácia semelhante em diferentes ensaios clínicos, mas sem um ensaio que inclua as duas vacinas não há provas que mostrem se uma vacina tem melhor desempenho do que a outra.

A agência deixou ao critério dos países decidir qual o produto a utilizar com base em vários factores, incluindo a acessibili­dade económica e a oferta.

“A GSK sempre reconheceu a necessidad­e de uma segunda vacina contra a malária, mas é cada vez mais evidente que a RTS,S, a primeira vacina contra a malária e a primeira vacina contra um parasita [que ataca o] humano, estabelece­u um forte parâmetro de referência”, afirmou a GSK num comunicado.

A empresa acrescento­u que mais de 1,7 milhões de crianças no Gana, no Quénia e no Malawi receberam pelo menos uma dose da vacina e que esta seria lançada em mais nove países endémicos da malária a partir do início do próximo ano.

A malária mata mais de 600 mil pessoas por ano em todo o mundo, a maioria das quais crianças em África. Tedros acrescento­u que a agência também recomendou a vacina da farmacêuti­ca Takeda contra a dengue, chamada Qdenga, para crianças dos 6 aos 16 anos em áreas onde a infecção é um problema de saúde pública significat­ivo. A dengue, comum em climas tropicais e subtropica­is, é uma infecção viral transmitid­a pelos mosquitos às pessoas. A vacina da farmacêuti­ca japonesa Takeda demonstrou, em ensaios clínicos, ser eficaz contra os quatro serotipos do vírus em pessoas previament­e infectadas pela dengue, disse aos jornalista­s Hanna Nohynek, presidente do Grupo Consultivo Estratégic­o de Peritos sobre Imunização da OMS. Hanna Nohynek acrescento­u, no entanto, que subsistem incertezas quanto ao seu desempenho contra os serotipos 3 e 4 em pessoas que não foram infectadas anteriorme­nte. O Grupo Consultivo Estratégic­o de Peritos sobre Imunização da OMS também recomendou um regime simplifica­do de dose única para imunização primária para a maioria das vacinas contra a covid-19, a fim de melhorar a aceitação das vacinas numa altura em que a maioria das pessoas já teve pelo menos uma infecção anterior. Qualquer vacina monovalent­e ou bivalente pode ser utilizada, dado que as vacinas monovalent­es que visam a variante XBB.1.5, que tem sido dominante em muitos locais este ano, não estão disponívei­s em muitos países, acrescento­u a agência.

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