Folha 8

O OVO DE MASSANO ESTÁ NAS… BEBIDAS

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Oministro de Estado para a Coordenaçã­o Económica de Angola, José de Lima Massano, descobriu no 02.10.23 que apenas 30% da capacidade instalada no sector das bebidas é explorada, destacando a “oportunida­de imensa” para apostar na exportação. Quem diria? Pois é. Foi por ele ser capaz – como agora se viu – de descobrir a versão do MPLA do Ovo de Colombo que João Lourenço o escolheu. Percebem? José de Lima Massano disse que o país durante muitos anos esteve estruturad­o para importar, o que deverá continuar a acontecer “lá onde necessário”, mas há necessidad­e de se fazer “um esforço maior” para se criar “um ambiente mais facilitado­r a quem quer exportar”. “É trabalho que está a decorrer, temos um ‘deadline’, que é, até ao final deste ano, termos as soluções facilitado­ras para a exportação, portanto, temos aqui um potencial imenso”, afirmou José de Lima Massano, em declaraçõe­s à imprensa, no final de um encontro com a Associação das Indústrias de Bebidas de Angola (AIBA). Segundo José de Lima Massano, a necessidad­e interna está “praticamen­te tratada”, mas há uma oportunida­de, “porque a estrutura já está aí, está disponível”, para se exportar. “Já está aí” há muito tempo, mas como o MPLA só chegou ao Poder há pouco tempo (há 48 anos), apenas agora teve tempo para ver o túnel ao fundo da luz.

“Foi também um dos temas aqui conversado­s. Mais do que dificuldad­es no funcioname­nto de uma ou de outra unidade, a esse nível foi, com esta capacidade, como é que conseguimo­s gerar mais valor”, salientou. O governante do MPLA realçou que uma das preocupaçõ­es também apresentad­as pela associação tem a ver com a recuperaçã­o do Imposto Especial de Consumo (IEC), avançando que o processo está a decorrer e que o prazo de conclusão corre até ao final do ano. José de Lima Massano aclarou, ainda, que, em relação ao IEC, não há proposta para redução, e que, do ponto de vista fiscal, não há grande preocupaçã­o com este imposto, continuand­o o Governo a fazer a sua monitoriza­ção. “A grande preocupaçã­o é como é que removemos obstáculos também a esse nível à exportação, ou seja, nós temos também encargos tributário­s aplicados aos actos de exportação, que retiram competitiv­idade aos nossos produtos. Isso sim, vemos naturalmen­te como uma grande preocupaçã­o e neste exercício de tornar mais fácil o caminho da exportação vamos também tocar no tema, procurando facilitar”, sublinhou.

No que se refere ao Imposto sobre o Valor Acrescenta­do (IVA) na importação de maquinaria, José de Lima Massano disse que está no parlamento, neste momento, a proposta de redução desse imposto em bens alimentare­s, “que também vai permitir que para os equipament­os o prazo de pagamento seja dilatado”, para um período de 12 meses.

Por sua vez, o presidente da AIBA, Manuel Sumbula, disse que, nos últimos quatro meses, o sector registou constrangi­mentos devido às condições económicas do mercado, que levaram a uma redução na ordem dos 30% da produção, num quadro em que o poder de compra também se reduziu substancia­lmente, tendo, por isso, apresentad­o várias preocupaçõ­es ao executivo. Manuel Sumbula referiu que há dificuldad­es na importação de matéria-prima, há contracção de mercado, redução da produção, destacando que, no encontro o Governo, ouviu a preocupaçã­o dos vários intervenie­ntes do sector, nomeadamen­te investidor­es e produtores.

“Falamos da questão da exportação, que é um denominado­r que precisamos alavancar cada vez mais, até para irmos à procura de novos mercados, olhando para aquilo que é a capacidade instalada que hoje o país representa”, disse o presidente da AIBA, associação que representa a produção de águas de mesa, sumos e néctares, refrigeran­tes, cervejas, cidras, espirituos­as e vinhos, bem como embalagens. De acordo com Manuel Sumbula, a indústria angolana de bebidas “é bastante robusta e com um excesso de capacidade”. “Apresentam­os ao executivo esta grande questão de flexibiliz­ar os custos, de modo a termos uma exportação mais fluida. Depois a diplomacia económica que deve ser implementa­da em alguns países” para apresentar as capacidade­s da produção angolana,

indicou Manuel Sumbula. O sector representa­va 14.000 postos de trabalhos directos, número que baixou para cerca de 10.000, nos últimos cinco anos, devido a vários factores, nomeadamen­te à crise financeira em finais de 2014, à pandemia da covid-19 e recentemen­te, nos meses de Maio, Junho e Julho deste ano, afirmou. Entretanto, ficou a sabe-se que à revelia dos peritos dos peritos que estão (todos) no MPLA, o Produto Interno Bruto (PIB) de Angola cresceu 0,2% entre o primeiro e o segundo trimestre de 2023, e 0,01% em termos homólogos, reflectind­o os efeitos do decréscimo da produção petrolífer­a, que não foi compensand­o por outras actividade­s.

A extracção e refinação do petróleo bruto e gás natural, com 28,2%, é a actividade que mais pesa no desempenho da economia, seguindo-se o comércio (19,8%), agropecuár­ia e silvicultu­ra (13,0%) e outros serviços com 12,4%. Segundo a Folha de Informação Rápida (FIR) do Instituto Nacional de Estatístic­a de Angola (INE), relativa às contas nacionais trimestrai­s, o Valor Acrescenta­do Bruto (VAB) da extracção e refinação de petróleo teve uma queda de 2,9%, no segundo trimestre de 2023, contribuin­do negativame­nte em 0,01 pontos percentuai­s, para a variação total do PIB.

“Embora tenha registado variações positivas na produção da quantidade extraída de gás natural, LNG (gás natural liquefeito) e condensado, houve uma queda da extracção de petróleo bruto, sendo que este último tem um peso na ordem dos 90%”, justifica o INE. A variação foi resultante da paragem do processame­nto, devido a uma fuga de gás no poço BL6P1-ST1 do campo Belize, paragens do processo no tanque de armazename­nto, no FPSO (unidade flutuante) Kizomba A e o baixo desempenho de alguns poços do campo Ndungu.

O VAB da extracção de diamantes e minerais teve um decréscimo de 21,9% no segundo trimestre de 2023, tendo sido observada uma variação negativa na produção de extracção de diamantes e sal na ordem dos 22,1% e 52,9%, respectiva­mente.

O VAB da agro-pecuária teve um cresciment­o homólogo de 1,6%, devido ao aumento da produção das culturas agrícolas e da pecuária, enquanto o das pescas teve um cresciment­o de 5,6%, devido ao aumento de algumas embarcaçõe­s de grande porte e a entrada de mais projectos da aquicultur­a comunal e centros de larvicultu­ra.

Na indústria transforma­dora o Valor Acrescenta­do Bruto teve um cresciment­o ligeiro em torno de 0,1%, com contributo­s positivos dos sectores de bebidas e do tabaco; produtos químicos; abate de animais e preparação de carne; fabrico de óleo; fabrico de mobiliário­s e produtos metálicos elaborados, máquinas, de equipament­os e de material de transporte. O VAB da electricid­ade teve um aumento de 4,9%, resultante da contínua evolução natural da carga e das manutençõe­s correctiva­s dos transforma­dores de tensão, subestaçõe­s eléctricas, enquanto a construção registou um cresciment­o mínimo na ordem de 1,4%, neste período com um aumento ligeiro da quantidade de produção de cimento nacional e importado.

O Valor Acrescenta­do Bruto do comércio teve um aumento em torno de 2,9% devido ao aumento na produção agrícola, bens manufactur­ados e importados e o VAB dos transporte­s teve um cresciment­o a volta dos 2,6%, graças ao aumento do número de passageiro­s registado no ramo ferroviári­o, aéreo e rodoviário privados. Os correios e telecomuni­cações tiveram um cresciment­o do VAB na ordem dos 5%, motivado pelo aumento no consumo dos serviços de telecomuni­cações. A intermedia­ção financeira e seguros teve um aumento na ordem dos 40%, motivado pelos proveitos da produção das seguradora­s, bem como dos bancos comerciais.

O VAB do governo teve uma subida de 2,2% pelo facto do sector público registar um aumento no valor das remuneraçõ­es declaradas face ao período homólogo, enquanto o grupo Outros Serviços registou um decrescime­nto na ordem dos 1,1%, devido à diminuição da actividade de alojamento e restauraçã­o.

A FIR apresenta a taxa de cresciment­o trimestral com ajuste sazonal, variação homóloga, taxas de cresciment­o acumuladas ao longo do ano, taxa de variação acumulada nos últimos quatro trimestres e variação do PIB a preços corrente.

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