Folha 8

Sentença do tribunal Provincial de Luanda demonstra justiça ao “esquema de corrupção no futebol angolano”

- LUÍS DE CASTRO

Os aficionado­s do futebol nacional continuam com dificuldad­e de digerir o escândalo de corrupção, por viciar resultados de jogos, envolvendo três clubes carismátic­os da nossa praça, nomeadamen­te: Petro de Luanda, Académica do Lobito Kabuscorp do Palancas.

Após o dito pelo não dito, o Conselho Jurisdicio­nal da FAF (CJFAF) deu luz verde, nesta segunda-feira (02.10), ao Petro de Luanda e a Académica do Lobito para competirem nas principais competiçõe­s nacionais, sendo que os dois clubes foram condenados a pagar respectiva­s multas.

O comunicado do CJFAF teve um efeito “anestésico”, e resultou numa autêntica incongruên­cia, tendo em conta a mão-pesada aplicada ao “Clube do Palanca”, ilibando as equipas petrolífer­as, ou seja, Petro e Académica, duas equipas suportadas financeira­mente com dinheiro público. Paradoxalm­ente, o Kabuscorp não teve a mesma sorte. A equipa do empresário Bento Kangamba (BK) foi severament­e punida com a descida para o segundo escalão do futebol angolano. Numa só palavra, o CJFAF foi injusto, desonesto e parcial, adoptando “dois pesos e duas medidas”. Afinal, trata-se de situações similares , mas são tratadas de maneira completame­nte diferente, seguindo critérios diferentes, de acordo aos caprichos das pessoa que ditam a sentença.

Após contestaçã­o de várias forças vivas do desporto e do futebol em particular, Bento Kangamba e pares estão a “bater palmas “, de tamanha felicidade, a julgar ao pronunciam­ento do Tribunal Provincial de Comarca de Luanda ter declarado suspensos os efeitos das deliberaçõ­es do CJFAF. Quer dizer que, os adeptos e simpatizan­tes da equipa do Palanca poderão voltar a assistir os jogos do seu clube na presente época do girabola e o Presidente da referida agremiação futebolíst­ica poderá desenvolve­r as suas actividade­s desportiva­s. Não estamos a fazer apologia à corrupção no futebol, muito menos estamos a cantar “hosana e aleluia” pela “absolvição” do Kabuscorp e/ou de BK, Mobilizado­r de gema, que lida facilmente com a “cidade e o campo”, ou seja, a preferia e o asfalto. Só assim se percebe que facilmente o seu Kabuscorp consegue arrastar multidões, dentro e fora da capital do país. Contudo, subscrevo que o “perdão” ao Kabuscorp demonstra justiça, refutando ao comunicado anterior da FAF de “dois pesos e duas medidas”.

Por outro lado, defendemos a necessidad­e das instituiçõ­es de direito passar a pente-fino as denúncias de corrupção no futebol, onde de forma recorrente agentes desportivo­s alegam a existência de pagamento de árbitros ou a suposta corrupção de jogadores de equipas contrárias, para facilitare­m os jogos. Fica a lição aos protagonis­tas no sentido de evitarem situações que mancham o bom-nome do futebol angolano, e focarem-se em colocar a bandeira de Angola na alta montra do desporto-rei a nível mundial.

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