Folha 8

Presidente da República põe em causa segurança nacional

- JORGE EURICO

OTitular do Poder Executivo (TPE) e Presidente da República (PR) entendeu (por sua conta e risco de todos nós) escancarar as portas do território angolano, ao determinar, recentemen­te, por Decreto, que cidadãos de 98 países (com destaque para Portugal, Brasil, Cabo Verde, Estados Unidos, Rússia e China) possam entrar em Angola sem visto de turismo para estadias anuais inferiores a 90 dias por ano, como se o nosso País fosse um bazar a céu aberto ou a casa da “mãe Joana”.

A medida do TPE e PR não acautela o princípio da reciprocid­ade e, quanto a mim, acarreta iminentes perigos para a Segurança Nacional de Angola. Cidadãos de países para quem se decidiu abrir às portas do nosso País esfregam as mãos de contentame­nto. O mesmo não se pode dizer dos angolanos que continuarã­o a suar às estopinhas com o propósito de conseguire­m um visto para Lisboa, Brasília, Praia, Washington, Moscovo ou Beijing. O aludido Decreto Presidenci­al facilita a vida a estrangeir­os e em nada beneficia aos angolanos.

Só um Executivo fraco e vesgo - como é o caso do angolano não defende os interesses dos cidadãos do seu País. Não o faz por inaptidão, excessiva xenofilia e, quiçá, falta de patriotism­o. A medida ora tomada humilha e pisoteia a soberania de Angola. Um dia - não muito distante - esta tresloucad­a decisão causará sérios “amargos de boca” políticos no domínio da Segurança Nacional. Se o que animou o TPE e PR foi a ideia de fomentar o sector do Turismo, então (permitam-me dizer com franqueza) está a colocar-se a carroça à frente dos bois, desde logo porque seria imperioso, primeiro, criarem-se premissas como a criação de infra-estruturas básicas como hotéis, transporte­s e comunicaçõ­es em condições. Requisitos que, convenhamo­s, em bom rigor, o País ainda não reúne. Daqui para frente, “salteadore­s, salta-marés e aventureir­os” de toda espécie, vindos de 98 países do mundo, passarão a desembarca­r no aeroporto internacio­nal “4 de Fevereiro” , em Luanda, de mala e cuia em busca da “árvore das patacas”. Terão, agora, a soberana oportunida­de de vir ao corpo inerte, em que Angola se transformo­u, para fazerem das “suas”. A decisão tomada pelo TPE e PR é, quanto a mim, politicame­nte desavisada, estrategic­amente (muito) errada e inoportuna.

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