FALTA DE ESPÍRITO DE RECONCILIAÇÃO EFECTIVA
Na abertura da última reunião do Conselho Económico e Social, no princípio do mês passado, o Presidente da República assegurou que o Executivo não só diagnosticou como já encontrou resposta correcta para a crise económica e social que fustiga duramente o país.
Segundo ele, para desatar o “nó górdio”, Angola tem de diversificar a sua economia, aumentar consideravelmente a produção de bens e de serviços, e diversificar e aumentar as fontes de arrecadação de divisas, segundo Graça Campos. Mas o crescente tormento dos angolanos sugere que o Governo continua desencontrado com “o caminho marítimo para a Índia” Assunto recorrente no discurso político angolano, a reconciliação nacional não está ao virar da esquina.
Ao delegar no comandante da Polícia as boas vindas à delegação parlamentar da UNITA, a administradora do Kunda dya Base, em Malange, provou que o MPLA e o seu Governo não viraram a página. Continuam a tomar o País como sua propriedade privada e os adversários políticos como inimigos de quem querem a maior distância. A decisão da administradora municipal e do seu adjunto, de que o governador provincial não é seguramente alheio, traduz o desprezo com que o partido governante lida com a oposição. A delegação da UNITA integrava, entre outros, o presidente do partido, Adalberto Costa Júnior, membro do Conselho da República. O tratamento desrespeitoso das autoridades de Malange é uma repetição do que se passou durante a campanha eleitoral do ano passado, em que, em quase todo o país, unidades hoteleiras, bombas de combustível e outras foram proibidas de prestar qualquer serviço à UNITA. Paulo Inglês, David Boio, Graça Campos, José Gama, Evaristo Mulaza e Teixeira Cândido vão chamar a si a interpretação da tenaz resistência do MPLA à reconciliação nacional.