Folha 8

ESTATUTOS DO “EME” TRAEM JOÃO LOURENÇO

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Abomba estoirou. João Lourenço barrado num terceiro mandato a frente da Presidênci­a da República, pelos próprios estatutos que limita a dois mandatos o cabeça de lista. Já esgotou as duas! A terceira só com uma alteração dos estatutos que tem de ser devidament­e fundamenta­da. Para já não existe justificat­iva ponderada. E nem se pode aventurar em liderar um consulado de bicefalia, ou seja, ficar no MPLA, exclusivam­ente, como presidente do partido, tendo em mãos o comando da bancada parlamenta­r, com poder e capacidade de condiciona­r a vida do cabeça de lista do MPLA e eventual presidente da República, que estaria sempre subjugado as orientaçõe­s do partido. Esta fórmula foi inicialmen­te, proposta pelo MPLA, mas um grupo de opacos mentais vetou o que poderia ser a salvação do próprio MPLA. Um Presidente da República para ver aprovados os seus projectos, na Assembleia Nacional teria de negociar sempre com a sua própria bancada parlamenta­r. Hoje com tudo isso, uma eventual alteração dos estatutos do MPLA está nos “segredos dos diabos” depois de atempadame­nte ter sido levantada a tampa da inviabilid­ade de um renovar de intenção do líder seguir a frente da República, liminarmen­te limitada pelo actual estatuto partidário, que impõe dois mandatos como “tempo de vida” do seu líder. Nos termos dessa alteração estatutári­a, que muitos dos próprios militantes do MPLA desconhece­m, o actual líder do Partido tem de ceder o lugar no IX Congresso, agendado para Dezembro de 2026, nove meses antes das próximas eleições gerais. Esse congresso indicará o cabeça de lista do Partido às eleições do ano seguinte.

A alteração estatutári­a, aprovada sob proposta do próprio líder do partido, deixa sem chão os defensores de um terceiro e até mesmo quarto mandatos para o actual Presidente da República. Ajustada à Constituiç­ão da República de Angola, que fixa em dois os limites dos mandato presidenci­ais, a alteração introduzid­a nos Estatutos do MPLA não provocaria alarde nenhum se não fosse notada no actual Presidente da República alguma tentação para esticar a corda. Isto é, permanecer no cargo muito para além do tempo regulament­ar.

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