Folha 8

Jon Fosse vence o Nobel de Literatura 2023

O prémio Nobel da Literatura de 2023 foi atribuído ao escritor norueguês Jon Fosse, anunciou a Academia Sueca. O Nobel da Literatura é um prémio concedido anualmente, desde 1901, pela Academia Sueca a autores que fizeram notáveis contribuiç­ões ao campo da

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Opoeta, dramaturgo e romancista norueguês de 64 anos foi distinguid­o “pelas suas peças de teatro e prosa inovadoras que dão voz ao indizível”, justificou o júri. Jon Fosse vive actualment­e numa residência honorária situada nas propriedad­es do Palácio Real de Oslo, bem como em Hainburg, na Áustria, e em Frekhaug, na Noruega. O escritor tem sido publicado em Portugal pela editora Cavalo de Ferro. José Riço Direitinho, crítico literário para quem parece existir sempre uma certa tensão existencia­l nos textos de Fosse, descreve este último trabalho como “uma longa meditação sobre a natureza da arte, de Deus, da morte e da mundanidad­e da vida”. Dono de uma obra multifacet­ada — os seus mais de 60 trabalhos publicados incluem romances, colecções de poesia, ensaios e livros para crianças —, Jon Fosse é um dos dramaturgo­s europeus mais encenados a nível mundial. A Artistas Unidos aponta, numa nota biográfica, que o nórdico começou na literatura, em 1983, com um romance intitulado Raudt, svart — quer dizer Vermelho, preto —, e escreveu 15 livros (entre o romance, a poesia, o ensaio, a novela e a literatura infantil) antes de produzir o seu primeiro texto para teatro, em 1994.

A sua obra encontra-se traduzida em mais de 40 línguas. É o quarto norueguês a vencer o Prémio Nobel da Literatura, depois de Bjørnstjer­ne Bjørnson (1903), Knut Hamsun (1920) e Sigrid Undset (1928). No próximo dia 6 de Novembro, será publicado em Portugal um novo livro do autor, O Eu é um Outro, também integrante de Septologia (são os volumes III a V). “A escrita de Jon Fosse toca nos [nossos] sentimento­s mais profundos, ansiedades, inseguranç­as, questões de vida e morte”, afirmou o poeta e crítico literário Anders Olsson, membro da Academia Sueca. “E não interessa se é drama, poesia ou prosa, é o mesmo tipo de apelo de um humanismo fundamenta­l.” “Estou extasiado, e um pouco assustado. Vejo esta distinção como um prémio à literatura que pretende, antes de tudo, ser literatura, sem outras consideraç­ões”, reagiu Jon Fosse, citado pela agência Reuters. Esta agência de notícias lembra que o autor escreve na língua Nynorsk, uma das duas versões oficiais, e a “menos comum", do norueguês. “Conhecida como ‘novo norueguês’ e usada por apenas 10% da população, foi desenvolvi­da no século XIX com dialectos rurais na sua base, tornando-a uma alternativ­a ao uso dominante do dinamarquê­s, oriundo de uma ligação de 400 anos à Dinamarca.” A Academia Sueca é composta por 18 membros — sete deles nestas funções desde há quatro anos (em 2017 os estatutos do prémio foram actualizad­os pelo rei sueco) — que leram todas as obras dos candidatos finalistas, já que este é um prémio dado ao conjunto de obras. Para se ser o eleito, é preciso recolher pelo menos um voto a mais do que metade das indicações do júri.

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