Folha 8

ATACAR UMA COLMEIA A SANGUE FRIO...

-

Omeu tio Paulo Sachiyambo e eu, vivemos uma situação inusitada, recorda Lukamba Gato. Vínhamos em 1976 da República do Zaïre via Zâmbia a caminho do Leste do nosso país, para nos juntarmos à direcção da UNITA. Nós os dois éramos os mais novos dos nossos kotas Alberto Augusto Paulo, meu irmão e o Capitão Samuel Chivukuvuk­u. Já em território nacional e depois de várias semanas de marcha e já com falta de mantimento­s, encontramo­s uma velha colmeia bem carregada de Mel mas como estávamos numa zona eminente, o nosso guia disse que seria muito arriscado fazer fumo para afogentar as abelhas, pois o fumo pode ser visto à distância. dando indicação ao inimigo. Assim restou-nos perante a situação de fome que vivíamos, restavanos uma única alternativ­a: atacar a colmeia “a sangue frio”, significa de cara desprotegi­da e sem fumegação. Quem trepa a árvore para chegar à colmeia, enfrentar as abelhas e recolher o precioso mel? Nâo tardou a sentença ditada pelos nossos mais velhos Alberto e Samuel: “os mais novos trepam!”. Disse o mano Beto. Paulo Sachiyambo e eu assumimos o barulho e fomos à batalha contra as ferozes abelhas. Levamos tareia mas conseguimo­s uns 5 ou 6 kg de bom mel. O Paulo Sachiyambo e eu não degustamos o precioso produto porque estávamos com os rostos completame­nte inflamados, com os olhos fechados, gemendo de tanta dor em quase todo o corpo enquanto os nossos kotas se riam de nós de forma discreta. No dia seguinte não marchamos porque estávamos os dois com febre alta de tanto ferrão termos recebido. Pelo menos tivemos alimento altamente nutritivo durante cerca de uma semana. A partir daquela data passei e respeitar as abelhas e a sua propriedad­e. Não desejo a ninguém passar por aquela experiênci­a...

 ?? ??

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Angola