JOÃO LOURENÇO IRRITA ISRAEL
Oembaixador israelita em Angola, Shimon Solomon, manifestou-se no 12.10.23 “profundamente desapontado” com Angola por não ter condenado o ataque do Hamas ao país e acrescentou que os amigos se conhecem em tempos difíceis. O dono do MPLA (e de Angola) resolve bem a questão. Vai dar mais uns milionários negócios a empresas israelitas.
O diplomata hebreu falou aos jornalistas em conferência de imprensa em Luanda, destacando a firme vontade de Israel em destruir o movimento terrorista palestiniano Hamas, bem como a solidariedade manifestada pelos países ocidentais, asiáticos e africanos, lamentando que Angola não tenha tomado posição. O presidente angolano, general João Lourenço, na sua qualidade de presidente em exercício da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC, na sigla em inglês) condenou, no 11.10.23 os actos de violência no conflito entre Israel e o Hamas e apelou às partes envolvidas para que pautem pela contenção, mas não o fez enquanto chefe de Estado de Angola. “Somos bons amigos de Angola, lamentamos que não tenha havido condenação deste ataque”, criticou Shimon Solomon, salientando que outros países africanos como o Gana, o Quénia ou a Republica Democrática do Congo já o fizeram, “mas em Angola, infelizmente ainda não vimos isso”.
“A nossa expectativa, como somos amigos, era que Angola condenasse o ataque. Vemos quem são os amigos em tempos difíceis”, reforçou, afirmando que o comunicado da SADC é apenas uma condenação da violência, em termos gerais e diplomáticos, sem tomar posição. Questionado sobre de que forma isso irá afectar as relações entre os dois países, que têm sido próximas, disse que é preciso “esperar para ver o que vai acontecer” para saber quais serão os passos futuros. “Claro que estamos profundamente desapontados”, reiterou, salientando que a reacção de Angola (leia-se MPLA) “foi uma grande surpresa”. O conflito foi desencadeado pelo ataque surpresa, sábado, do grupo terrorista Hamas, que além de mortos fez reféns de diferentes nacionalidades, seguindo-se novos ataques e resposta israelita com um cerco ao enclave palestiniano, e já provocou pelo menos 1.300 mortes em Israel e 1.354 na Faixa de Gaza, segundo fontes oficiais das duas partes.
O embaixador abordou ainda os acontecimento de sábado, 7 de Outubro, dia de feriado judaico, em que Israel sofreu “um ataque terrorista do Hamas”, entidade que comparou ao Estado Islâmico, com o qual partilha “a mesma ideologia”.
Uma ideologia que “não é pela Palestina, nem pelos territórios, nem pelos direitos humanos” e que é contra judeus, cristão e todos os não-muçulmanos, frisou. “Não foi um combate soldado a soldado, chacinaram mulheres e crianças, comportaram-se como animais”, lamentou, sublinhando que a decisão do Governo é “destruir totalmente o Hamas”. Em resposta ao ataque, Israel tem bombardeado, nos últimos seis dias, várias instalações do
Hamas na Faixa de Gaza, numa operação denominada “Espadas de Ferro”, e impôs um cerco total, cortando o abastecimento de água, combustível e electricidade.
Shimon Solomon lembrou que do ataque resultaram mais de 1.200 mortos, israelitas e estrangeiros, e afirmou que os israelitas valorizam os direitos humanos e não quiseram anteriormente exercer a força contra os palestinianos que estão a ser usados como escudo pelos militantes do Hamas, infiltrados entre a população.
“O Hamas não representa o povo palestiniano”, vincou o diplomata, apresentando Israel como “libertador” dos palestinianos que são também vítimas do Hamas.
O Hamas controla a Faixa de Gaza desde 2007 e é classificado como “grupo terrorista” pela União Europeia (UE), Estados Unidos e Israel.
O embaixador israelita defendeu que os países se devem apoiar
mutuamente como forma de vencer o terror e que Israel está a desenvolver “acções muito radicais” porque está em guerra. “Quem atacou quem? Foi o Hamas que atacou Israel e não foi contra o exército, foi contra inocentes (…) o que pedimos é que condenem o ataque”, exortou, acrescentando: “quem sofreu foi Israel”.
Sobre a situação dos civis na Faixa de Gaza assinalou que Israel visa alvos do Hamas e não mesquitas ou hospitais, mas admitiu que pode haver “erros”, pois, disse, os militantes islamitas estão misturados com a população.
Garantiu ainda que Israel tenta avisar os inocentes “para que saiam das casas” através de panfletos e mensagens, mas salientou que “vai ser uma longa e intensa guerra em Gaza”. Questionado sobre a ajuda humanitária aos civis que se encontram naquele território, disse que “agora é guerra” e “só Deus sabe” o que virá a seguir. Quanto aos que defendem a causa palestiniana e se manifestam contra Israel, considerou que são “anti-semitas”.
Em 1995, Israel abriu a embaixada em Luanda e, em 2000, Angola abriu uma embaixada em Telavive.
Em 2006, o então Presidente de Angola, José Eduardo dos Santos, realizou a primeira visita oficial a Israel, durante a qual foram discutidas as possibilidades de expandir o comércio recíproco entre os dois países.
Mais recentemente, em Fevereiro deste ano, Angola enviou a Israel uma delegação de alto nível liderada pela ministra do Ensino Superior, Ciência, Tecnologia e Inovação, Maria do Rosário Bragança, para explorar novas oportunidades de cooperação.
Actualmente, a cooperação incide, sobretudo, em actividades nas áreas da Agricultura, Saúde, Educação, Aviação, Construção Civil, Pescas, Diamantes, Segurança e Telecomunicações. Angola tem também recebido milhões de euros em financiamento israelita canalizado para projectos de infra-estrutura através do grupo Mitrelli, que integra o conglomerado Menomaddin, liderado por Haim Taib.
O grupo Mitrelii está presente em seis países, incluindo Angola, Costa de Marfim, Senegal e Israel, sendo a sua principal operação no mercado angolano, onde o portefólio de empresas inclui, entre outras, a Kora (imobiliário), Owin (eletricidade, gás, água), Promed (saúde), New Cognito (Tecnologias de Informação), Focus Education (educação), etc.. Recorde-se que o Hamas declarou, em 2007, vitória sobre os seus rivais da Fatah, afirmando na altura que “estava garantida a libertação de Gaza e aberto o caminho para a criação de um Estado islâmico”.
As forças leais ao presidente Mahmoud Abbas (a quem a então secretária de Estado dos EUA, Condoleezza Rice, manifestou a solidariedade norte-americana) garantiam que nada estava decidido, que o Governo palestiniano (liderado na altura por Ismail Haniyeh, do Hamas) seria dissolvido com base numa declaração de estado de emergência e que a solução passaria pelo diálogo. Sami Abu Zuhri, ministro do Hamas, garantiu que a sua organização estava disposta a dialogar com a Fatah, “embora as estruturas da Autoridade Nacional Palestiniana (ANP), de Mahmoud Abbas, sejam ilegais porque os palestinianos nunca reconheceram os Acordos de Oslo” que em 1993 criaram a ANP. “Apenas o Governo liderado pelo primeiro-ministro Ismail Haniyeh tem legitimidade democrática para decidir o que deve ser feito”, acrescentou na altura Abu Zuhri. Para além da preocupação geral dos países da região, também os EUA manifestaram a vontade de, segundo George W. Bush, “fazer tudo para acabar com a violência e dar uma oportunidade a uma verdadeira democracia”. Um porta-voz do Hamas disse que, “a não ser que a democracia seja diferente consoante os intervenientes, o Governo palestiniano foi eleito democraticamente embora contra a vontade dos seus inimigos, EUA e Israel”. E se em Gaza o Hamas controlava militarmente, noutros pontos a situação era diferente. A Fatah incendiou instalações do Hamas em Nablus, Cisjordânia, enquanto reagrupava as forças de modo a travar os radicais islâmicos. Observadores admitiam que a Fatah estava a receber reforços de alguns países da região, um pouco à semelhança do que terão feito a Síria e o Irão em relação ao Hamas.
Neste conflito, o Hamas revelou uma importante coordenação militar. Depois de 24 horas de combate que fizeram dezenas de mortos, ocupou o quartel-general da Segurança Preventiva, principal símbolo de poder da Fatah na Faixa de Gaza.
O Hamas, para quem o quartel-general era um símbolo de submissão “ao poder sionista”, reivindicou também a morte de Samih al-madhoune, um dos chefes das Brigadas dos Mártires de al-aqsa (Fatah), bem como a tomada da rádio ‘Voz da Palestina’, afecta a Mahmoud Abbas. Na altura Israel informou os seus