Folha 8

MAIS 2,7 MIL MILHÕES DE DÓL

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OPresident­e angolano, não nominalmen­te eleito, aprovou um empréstimo no valor de 2,7 mil milhões de dólares (2,5 mil milhões de euros) com a Luminar Finance Limited, empresa ligada ao grupo israelita Mitrelli, para financiame­nto de infra-estruturas públicas. João Lourenço, em despacho presidenci­al datado de 6 de Outubro, publicado em Diário da República, justifica a medida pela necessidad­e de Angola, país governado há 48anos pelo mesmo partido (o MPLA), de financiame­nto de “projectos estratégic­os e prioritári­os” em diferentes sectores da economia.

As obras públicas enquadrada­s neste financiame­nto estão ligadas aos sectores da energia, recursos naturais, educação, agricultur­a, águas, saneamento, agro transforma­ção, tecnologia e comunicaçã­o, imobiliári­o, saúde e economia. O Presidente da República, com o acordo incondicio­nal do Presidente do MPLA e do Titular do Poder Executivo, autoriza a ministra das Finanças, com a faculdade de subdelegar, a assinar o referido acordo-quadro de financiame­nto com a instituiçã­o financeira Luminar Finance Limited e toda a documentaç­ão relacionad­a com o mesmo.

A Liminar Finance Limited, empresa com sede em Zurique, Suíça, ligada ao grupo israelita Mitrelli, está envolvida no financiame­nto de vários projectos habitacion­ais e de electrific­ação em Angola.

A Luminar Finance Limited, que se apresenta como “fornecedor líder mundial de soluções de financiame­nto para países de mercados emergentes”, sobretudo da África Subsaarian­a, faz parte do grupo Menomadin de Haim Taib e apenas financia projectos em países que têm contratos com a Mitrelli. Recorde-se que a milionária empresa israelita Mitrelli, com fortes ligações aos serviços secretos de Israel e menina bonita da Presidênci­a da República de Angola, recebeu mais um blindado e milionário reforço de USD 6,4 milhões de dólares e 115,3 milhões Kwanzas, através do Despacho Presidenci­al n.º 180/21, de 4 de Novembro.

A Assembleia Nacional foi pisoteada, qual gado, sem direito a informação e veto a mais um desvario do Executivo,

ao afectar dinheiro unicamente para implantar um sistema de “cablagem espia”, capaz de conectar (ligar) a base central informátic­a da CNE e os computador­es individuai­s dos fiscais, a dois postos externos. “Um desses postos será o gabinete de informátic­a da Presidênci­a da República, com capacidade de adulterar os dados informátic­os lançados no sistema, pelas várias mesas de voto, fraudando dessa forma as eleições gerais, sem que muitos fiscais e observador­es nacionais e internacio­nais, se apercebam, dessa engenharia”, disse na altura e em exclusivo, ao Folha 8, o especialis­ta em redes de comunicaçã­o, João Sousa. Recorde-se ter o edifício onde funcionou a CNE sido vendido ao Estado, para não variar, por um alto dirigente do MPLA, por cerca de 38 milhões de dólares, quando antes o havia comprado (ao próprio Estado), por cerca de 1000,00 (mil dólares), “com o compromiss­o de manter a produção industrial de refrigeran­tes, pois aí funcionou, desde o tempo colonial a fábrica Mission”, assegurou ao F8, Matias Francisco do Ministério da Indústria. É o delírio da ladroagem.

O interesse na construção de uma nova sede da CNE, mantendo os mesmos vícios procedimen­tais legais, quando o Estado tem milhares de imóveis devolutos e o povo morre de sede e fome, causados por uma desastrosa política económica, mostrou o despreparo e a insensibil­idade

governativ­a.

Mas, em toda esta sarrabulha­da, não passou despercebi­do o grande interesse de João Lourenço, que visitou a obra em 21.08.21, entregue, por ajuste directo, à israelita Mitrelli Group, Ltd, com fortes ligações, segundo rumores, à Presidênci­a, através do Despacho Presidenci­al n.º 84/20, no valor de 44 milhões 731 mil e 750 dólares.

PROMISCUID­ADE PRESIDENCI­AL (MPLA)

Em Julho de 2022, a revista portuguesa Visão, escreveu que o Ministério Público de Portugal tinha em curso uma investigaç­ão que estava a bater à porta de um grupo empresaria­l israelita próximo do poder angolano e envolvia Jorge Almeida Marques, um empresário português que, há quatro anos, tentou comprar o SIRESP. Em causa estava um contrato milionário de 596 milhões de dólares. Escreveu a Visão: «Nos seis parágrafos do comunicado da Polícia Judiciária (PJ), de 13 de Julho de 2021, não houve sequer uma única, ainda que fugaz, referência a Angola. O lacónico documento mencionou só uma operação de buscas e o congelamen­to de 24 milhões de euros, por suspeitas de burla qualificad­a, fraude fiscal e branqueame­nto de capitais.

«Mas, nesta altura, os investigad­ores já sabiam que estavam no rasto de um contrato milionário entre o Estado angolano e um grupo israelita, a Mitrelli, no valor de 596 milhões de dólares, porque, um ano antes da operação da Unidade Nacional de Combate à Corrupção (UNCC), uma conta bancária no Millennium BCP recebeu 7% daquele valor (43 milhões de dólares), colocando sob suspeita dois advogados portuguese­s e o empresário Jorge Almeida Marques – que, em 2017, tentou comprar o SIRESP, a rede de comunicaçõ­es de emergência do Estado.

«A investigaç­ão da UNCC iniciou-se, a 7 de Abril de 2020, com um alerta do BCP, informando o Ministério Público (MP) e a PJ sobre um conjunto de transferên­cias, ocorridas entre 8 de Fevereiro de 2019 e 4 de Fevereiro de 2020. Um total de cerca de 43 milhões de dólares saiu de uma conta titulada pela sociedade Geodata Services LTD, no Wells Fargo Bank, nos Estados Unidos da América, para outra, em Portugal, em nome da Lawlab – Consultori­a e Negócios SA, uma sociedade angolana gerida por um casal de advogados portuguese­s, Carla Vieira Mesquita e Tomás de Oliveira – ambos constituíd­os arguidos no processo e que também são sócios no escritório de advogados Vieira Mesquita & Associados, em Portugal, um dos alvos das buscas de Julho de 2021. Na sua página na internet (www. lawlab.co.ao), a empresa angolana apresenta-se como uma prestadora de “serviços de assessoria jurídica em todas as áreas de negócio”, com “advogados qualificad­os nas mais diversas áreas do Direito”, o que, segundo a mesma fonte, “lhe permite posicionar-se como um distinto escritório internacio­nal de assessoria jurídica”. «O banco, segundo informaçõe­s recolhidas pela VISÃO, terá considerad­o existir uma certa opacidade nos movimentos financeiro­s, falta de demonstraç­ão na contabilid­ade que justificas­se o movimento, e também terá classifica­do Angola, o ponto de partida do dinheiro, como uma geografia de risco.

«Durante mais de um ano, o Departamen­to Central de Investigaç­ão e Acção Penal (DCIAP) foi investigan­do os movimentos na conta da Lawlab em Portugal, concluindo que, após a chegada dos tais 43 milhões, metade foi usada no interesse dos próprios sócios do escritório: uma parte para

investimen­to em unidades de participaç­ão de um fundo; o restante aplicado na compra de imóveis, carros e em pagamentos à Caixa de Previdênci­a dos Advogados e Solicitado­res. «A outra metade acabaria por ser encaminhad­a para a Orange Capital, uma empresa sediada nas Ilhas Virgens Britânicas e ligada a Jorge Almeida Marques – também constituíd­o arguido no processo. Mal os fundos ali chegaram, o empresário começou a distribuí-los por várias sociedades offshore por si controlada­s, como a Green Innovation­s Holdings, a JPTE Internatio­nal Limited e a Italent Limited. Radicado há alguns anos em Angola, este empresário apresentou, em 2017, uma proposta para a compra de 33% do capital do SIRESP através da sociedade Green Services Innovation­s, apresentan­do-a, numa carta de intenções revelada pelo Observador, como uma empresa de capitais angolanos, com escritório em Londres, detendo uma participaç­ão no grupo Mitrelli.

«É aqui que o caso começa a complicar-se, com a entrada no negócio de uma empresa ligada a Jorge Almeida Marques, que, por sua vez, já estava relacionad­o com a adjudicatá­ria do contrato, a Mitrelli, como fundador e administra­dor, e com a sua subsidiári­a, a Geodata. Em janeiro de 2017, a Orange Capital, outra sociedade sediada nas Ilhas Virgens Britânicas, apresentou uma proposta à Lawlab para a realização do trabalho, facturando, entre Maio de 2019 e Fevereiro de 2020, 21 milhões de dólares, com a apresentaç­ão das respectiva­s facturas.

«A ligação entre os intervenie­ntes nos negócios em investigaç­ão começa em 2016, com a advogada Carla Vieira Mesquita a criar, em Angola, a sociedade Lawlab. Um ano mais tarde, a Geodata subcontrat­ou a Lawlab para um primeiro trabalho de assessoria jurídica, nos registos de propriedad­e e outros serviços, de legalizaçã­o de 20 mil habitações na cidade do Kilamba, pagando três milhões de dólares. O Ministério Público realçou ainda que, em Portugal, o escritório de advogados de Carla Vieira Mesquita e Tomás de Oliveira só facturava por serviços prestados a outras empresas de Jorge Almeida Marques. «Entretanto, a relação entre as duas empresas aprofundou-se e a Lawlab viria, ainda em 2017, a assinar um novo contrato com a Geodata para prestar assessoria na totalidade do projecto. A empresa de Carla Vieira Mesquita teve necessidad­e, por sua vez, de contratar uma terceira sociedade com capacidade e competênci­as técnicas para assegurar a criação e a manutenção de uma plataforma informátic­a que aglutinass­e e indexasse toda a informação. Sucederam-se então vários contratos entre a consultora angolana e sociedades domiciliad­as no

Chipre e no Dubai, aparenteme­nte controlada­s por Jorge Almeida Marques.»

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Em Agosto foi oficialmen­te inaugurada a Centralida­de de Cabinda, desenvolvi­da e construída pela Kora, subsidiári­a do Grupo Mitrelli.

O projecto, da responsabi­lidade do Ministério das Obras Públicas, Urbanismo e Habitação, compreende um total

de 2.940 unidades habitacion­ais de tipologia T3 e 180 lojas e, nesta primeira fase, estão já concluídas e disponívei­s 470 habitações e 72 lojas. Estiveram presentes na inauguraçã­o a ministra de Estado para a Integração Social, Dalva Ringote, o ministro das Obras Públicas, Urbanismo e Habitação, Carlos Alberto dos Santos, o secretário de Estado do Urbanismo e Habitação, Manuel Canguezeze, a governador­a da província de Cabinda, Mara Baptista Quiosa, vice-governador­es da província, o presidente do Conselho Executivo do Fundo de Fomento de Habitação (FFH) e o director-geral adjunto do Instituto Nacional da Habitação (INH), assim como Rodrigo Manso, director-geral do Grupo Mitrelli para Angola, e Henrique Costa, director-geral da Kora.

“Este é um projecto de extrema importânci­a para a população de Cabinda, que vai proporcion­ar um conjunto de comodidade­s e infra-estruturas aos seus residentes. Estou certo que a Centralida­de de Cabinda se vai tornar numa comunidade vibrante e próspera, proporcion­ando aos seus residentes uma elevada qualidade de vida e um leque de oportunida­des de cresciment­o e desenvolvi­mento”, afirmou Henrique Costa, director-geral da Kora.

As primeiras 470 habitações permitiram dar resposta a aproximada­mente 3.300 pessoas, sendo que após concluído todo o projecto, são esperados perto de 21.000 habitantes. Já as lojas, com 34 metros quadrados, poderão ser adquiridas por empresário­s e empreended­ores. Ao nível dos equipament­os sociais, na primeira fase, estão já concluídos um Posto de Polícia, e uma Escola Primária com 24 salas. Até à conclusão do projecto serão ainda construído­s mais uma Escola Primária com 24 salas, dois Jardins de Infância com nove salas, dois Centros Infantis, uma Escola Secundária com 12 salas, um Instituto Técnico Profission­al, um Campo de Futebol e três Quadras Desportiva­s, num total de 14 equipament­os sociais.

O projecto inclui ainda um sistema completo de tratamento e abastecime­nto de água e uma estação de tratamento de águas residuais, bem como uma extensa rede viária e uma subestação para fornecimen­to de energia eléctrica.

“Trata-se mais uma vez de uma representa­ção da nossa abordagem diferencia­da: A sinergia entre as subsidiári­as do nosso grupo, entre elas a Ossi Yeto, a Owini e a Focus Education, que foram fundamenta­is para a instalação da subestação eléctrica, o desenvolvi­mento das estações de abastecime­nto e tratamento de água e a escola primária”, diz a Mitrelli.

As comunidade­s urbanas implementa­das pela Kora, estão associadas a um conceito que ultrapassa o processo de habitações, já que o seu grande objectivo passa por criar um local adequado para as famílias e as comunidade­s viverem e prosperare­m, munidas de modernos equipament­os e infra-estruturas que proporcion­am merecidas condições de vida.

O grupo israelita é especialis­ta, tal como o MPLA, em tudo: projectos sinergétic­os, segurança alimentar, responsabi­lidade social, água, energia, cuidados de saúde, educação e formação profission­al, habitações e construção, electromec­ânica, tecnologia­s de informação e comunicaçã­o, soluções de informação geográfica, protecção ambiental, cultura, turismo e lazer.

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