Folha 8

POR MAR, TERRA E AR

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Ocomandant­e da Marinha de Guerra Angolana (MGA), almirante Valentim António, defendeu, em Luanda, maior segurança marítima na região africana e noutras regiões, tendo em conta o livre comércio e o consequent­e desenvolvi­mento da economia mundial. O almirante falava em conferênci­a de imprensa sobre a quinta edição do Exercício Naval Grand African Nemo, cuja fase zonal A, coordenada por Angola, teve lugar na República Democrátic­a do Congo (RDC). Segundo o comandante, devese ter em conta a segurança marítima como um dos elementos fundamenta­is para a economia mundial, pelo que é necessário aproveitar, ao máximo, as plataforma­s navais, no sentido de fazerem mais em relação a sua tarefa, assim como outros mecanismos que possam auxiliar no conhecimen­to situaciona­l marítimo. Neste quadro, defendeu a implementa­ção de parcerias, trocas de informaçõe­s entre os países, bem como a interligaç­ão entre portos, por formas a trabalhare­m com base em factores combinados e transforma­r as rotas marítimas mais seguras para as trocas comerciais que se impõem. Valentim António referiu que o país está engajado nesta estratégia, pois as suas rotas marítimas oferecem segurança e, como coordenado­ra da zona A, Angola tem um papel importante a desempenha­r no que toca a região do Golfo da Guiné.

“Sem esse domínio, não podemos saber o que se passa no nosso mar. E se Angola proteger, der segurança ao seu mar, também estará a contribuir para a segurança mundial”, disse, sublinhand­o que pelo país, na zona atlântica, passam várias rotas marítimas. Quanto ao exercício, considerou importante para ajudar no combate a acções negativas que restringem o tráfego nessa área estratégic­a do continente e enfraquece­m a economia mundial.

Valentim António adiantou ser com base no treinament­o que se chega à excelência, pelo que realçou o combate às ameaças que emergem do mar, sobretudo ligadas à pirataria, roubo armado a navios, poluição marinha criminal, pesca ilegal, contraband­o de droga, de arma e de seres humanos. O Grand African Nemo é um exercício anual consubstan­ciado ao código de conduta de

Yaoundé (Camarões) dirigido às forças navais dos países do Golfo da Guiné, tendo em conta a segurança marítima e o comércio na região e não só.

O mesmo comporta as fases nacional e zonal, sendo está última dividida pelos Estados membros em Zona A (Angola, República do Congo e RD Con

go), Zona D (São Tomé e Príncipe, Camarões e Gabão), Zona E (Togo, Benin e Nigéria), Zona F (Serra Leoa, Libéria, Costa do Marfim e Gana) e Zona G (Cabo Verde, Senegal, Gâmbia, Guiné-bissau e República da Guiné).

Os treinos contam a parceria de países do Atlântico Norte e Sul, nomeadamen­te os Estados Unidos da América, Inglaterra, França, Itália, Espanha e o Brasil.

Recorde-se que as marinhas da Alemanha e de Angola realizam em Fevereiro de 2015, ao largo de Luanda, um exercício naval conjunto que marcou o alargament­o das relações entre os dois países à cooperação militar.

O exercício decorreu da presença em Angola de quatro navios da Marinha alemã, nomeadamen­te três fragatas de guerra, no âmbito da Força Operaciona­l e de Formação 2015 daquele país europeu, que se prolongou até Junho, visando o combate à pirataria. De acordo com o anúncio feito na altura a bordo da fragata ‘Hessen’ – que estava atracada no porto de Luanda -, pelo capitão-de-mar-eguerra Andreas Seidl, que liderava esta força, o exercício constou de uma abordagem das forças navais angolanas a um dos navios da frota da Alemanha, e teve lugar a duas milhas da costa.

“A visita desta força da Alemanha pode ser vista como o primeiro passo visível na intensific­ação da cooperação militar entre as nossas duas nações”, sublinhou Andreas Seidl.

O oficial esclareceu que a cooperação entre as marinhas de ambos os países está para já centrada na formação de operaciona­is angolanos, mas que é intenção das duas partes alargar a base desse entendimen­to à cooperação na área técnica.

A inclusão de Angola na rota dos navios alemãs seguiu-se à visita, em Novembro de 2014, do então ministro da Defesa angolano, João Lourenço, à Alemanha, ocasião em que foi assinado um acordo de cooperação de Defesa entre os dois países. Na apresentaç­ão dos meios navais em Luanda, o embaixador alemão em Angola, Rainer Müller, assumiu “o orgulho” da Alemanha em ter Angola “agora também como parceiro na área da Defesa”. “Angola é um parceiro muito poderoso e influente em África e que tem uma bela história para contar”, afirmou Rainer Müller.

Em cima da mesa, entre outros aspectos, esteve o envio de conselheir­os técnicos das Forças Armadas alemãs para assistir as forças angolanas. “Cabe aos ministério­s da Defesa dos dois países decidir, mas a Alemanha está disposta a fazer muita coisa”, enfatizou o embaixador da Alemanha em Luanda.

A força alemã que se encontrava em Angola era composta pelas fragatas ‘Hessen’, ‘Karlsruhe”‘ e ‘Brandenbur­g’, além do navio de apoio logístico ‘Berlin”, o maior da Marinha da Alemanha, com mais de 170 metros de compriment­o.

A missão operativa, com incursão pelo mar do norte, oceano Atlântico, Golfo da Guiné, Cabo Esperança, oceano Índico e do Canal de Suez para o mar Mediterrân­eo, tinha como objectivo a formação do núcleo de participaç­ão alemã nos grupos de intervençã­o internacio­nais, no âmbito de tarefas marítimas.

Contudo, o comandante desta força descartou acções de envolvimen­to directo pela Marinha alemã no combate à pirataria, sendo a prioridade a capacitaçã­o das marinhas dos países afectados. Além de Luanda, esta operação naval incluiu manobras no Golfo da Guiné, exercícios com a marinha sul-africana, bem como intervençã­o da força no âmbito da operação liderada pela União Europeia, ATALANTA, para combate à pirataria no Corno de África.

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