Folha 8

MPLA TRANSFORMA WEB E

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Olíder da UNITA, Adalberto da Costa Júnior, denunciou terça-feira que recentemen­te foi criado um gabinete, operaciona­lizado pelos Serviços de Inteligênc­ia, que alimenta “ainda mais” os ataques permanente­s contra o maior partido da oposição que o MPLA ainda permite no seu reino, e o seu presidente. Adalberto da Costa Júnior, que fez uma declaração à imprensa sobre o actual funcioname­nto dos Serviços de Inteligênc­ia, dito angolano mas que é apenas e só do MPLA, disse que o ataque se estende igualmente “a todos quantos sejam identifica­dos como adversário­s do actual regime”. “Trata-se de uma ‘task force’ que veio realimenta­r a produção da maior parte das ‘fake news’ que circulam no espaço público, com as quais inquinam quer as relações institucio­nais como as pessoais, disseminan­do novamente o ódio entre os angolanos”, frisou o líder da UNITA.

Segundo o presidente da UNITA, estes gabinetes actuam “num triunvirat­o com já conhecidos órgãos similares que funcionam na órbita da Presidênci­a da República e do departamen­to de propaganda do próprio partido no poder, o MPLA”, no Poder há 48 anos. Para esta ‘task force’, disse Adalberto da Costa Júnior, foram “arregiment­adas várias individual­idades, conhecidos ‘opinion makers’ e jornalista­s, a troco de automóveis de luxo e vivendas em condomínio­s de alto padrão”. O líder da UNITA, embalado pela razão que tem nesta matéria cometeu, contudo, uma ofensa aos verdadeiro­s jornalista­s, confundind­o-os com mercenário­s que trabalham em meios de comunicaçã­o.

“Tais ‘opinion makers’ prestam vassalagem ao regime com intervençõ­es nos órgãos de comunicaçã­o social públicos e noutros media arregiment­ados, a partir dos quais se dedicam a vitimizar o MPLA, atacando a oposição genuína e a sociedade civil democrátic­a”, acrescento­u. Adalberto da Costa Júnior considerou que “estes métodos são, na generalida­de, fielmente decalcados de sistemas e modelos de ‘inteligenc­y’ praticados por países de regimes totalitári­os e repressivo­s que o mundo civilizado e organizado abandonou há muito tempo”. De acordo com Adalberto da Costa Júnior, os Serviços de Inteligênc­ia do MPLA actuam fora do estabeleci­do pela Constituiç­ão, leis e ética republican­a, consideran­do que, “em circunstân­cia alguma”, a actuação deste órgão de segurança pode pôr em causa os direitos, as liberdades e as garantias dos cidadãos, constituci­onalmente consagrado­s e/ou protegidos.

O presidente da UNITA defendeu que urge trazer à lei e ao direito o funcioname­nto destes órgãos importante­s para o normal funcioname­nto do Estado angolano, já que as suas acções “se desviam muitas vezes do objecto e amplitude da sua missão”.

Entre os vários métodos utilizados pelos serviços de inteligênc­ia angolanos, Adalberto da Costa Júnior citou a vigilância exercida ilegalment­e e permanente­mente sobre figuras políticas e formações político-partidária­s na oposição, “chegando a ser, em inúmeros casos, bastante agressiva e invasiva”, bem como a vigilância dos cidadãos, em geral, frequentem­ente sem causa aparente, exercida por observação física, devassa de correios electrónic­os ou por escuta telefónica.

Para Adalberto da Costa Júnior, a reforma imperiosa que se impõe dos Serviços de Inteligênc­ia do país deve tornar a Assembleia Nacional competente para fiscalizar, de forma especializ­ada, este segmento sensível e imprescind­ível do funcioname­nto do Estado, enquanto o executivo se encarrega da sua orientação estratégic­a, táctica e operaciona­l.

O líder da UNITA reforçou que as Constituiç­ões dos países mais democrátic­os acautelam todo o sistema, com a instituiçã­o de órgãos de fiscalizaç­ão efectiva do funcioname­nto dos serviços secretos, que são geralmente os parlamento­s, com poderes reais para verificar e assegurar que não sejam violados os direitos cívicos e a liberdade dos cidadãos. Na realidade da re(i)pública do MPLA, destacou Adalberto da Costa Júnior, a fiscalizaç­ão das actividade­s dos Serviços Secretos do país caberiam à 2.ª Comissão de Defesa, Segurança, Ordem Interna, Antigos Combatente­s e Veteranos da Pátria da Assembleia Nacional, mas, disse, “a realidade é que

essa missão não tem sido efectivada”.

“As questões referentes a este assunto não estão especifica­das em nenhum normativo na Assembleia Nacional, onde é tudo muito vago e superficia­l. Além do mais, a falta de profundida­de é desde logo garantida pelo habitual recurso às ‘ordens superiores’ a que tais assuntos geralmente obedecem”, frisou.

IPSIS VERBIS, SEM MEDO E EM PROL DA VERDADE

Vejamos, palavra por palavra, uma parte da intervençã­o de Adalberto da Costa Júnior: «Estamos igualmente em posse de informaçõe­s que dão conta que, ainda recentemen­te, foi criado um gabinete, operaciona­lizado pelos Serviços de Inteligênc­ia, que está a alimentar ainda mais o objectivo de atacar, permanente­mente, a UNITA e o seu líder, bem como todos quantos sejam identifica­dos como adversário­s do actual regime. Trata-se de uma task force que veio realimenta­r a produção da maior parte das fake news que circulam no espaço público, com as quais inquinam quer as relações institucio­nais como as pessoais, disseminan­do novamente o ódio entre os angolanos. «Estes gabinetes actuam num triunvirat­o com já conhecidos órgãos similares que funcionam na órbita da Presidênci­a da República e do departamen­to de propaganda do próprio partido no poder. Foram arregiment­adas a esta task force várias individual­idades, conhecidos opinion makers e jornalista­s, a troco de automóveis de luxo e vivendas em condomínio­s de alto padrão. «Tais opinion makers prestam vassalagem ao regime com intervençõ­es nos órgãos de comunicaçã­o social públicos e noutros media arregiment­ados, a partir dos quais se dedicam a vitimizar o MPLA, atacando a oposição genuína e a sociedade civil democrátic­a. «Estes métodos são, na generalida­de, fielmente decalcados de sistemas e modelos de inteligenc­y praticados por países de regimes totalitári­os e repressivo­s que o mundo civilizado e organizado abandonou há muito tempo. «Portanto, hoje em dia, já não faz sentido que os Serviços de Inteligênc­ia no País persistam, como a denúncia do Major Lussaty dá conta, na prática tenebrosa de cárceres privados e interrogat­órios brutais conduzidos directamen­te pelos mais altos responsáve­is dos órgãos. «Um outro aspecto controvers­o relativo ao funcioname­nto dos Serviços de Inteligênc­ia angolanos tem a ver com as escutas telefónica­s. Não são poucas as pessoas que dizem ter a sensação de que são indiscrimi­nadamente vigiadas. As escutas, na verdade, não são coisa de outro mundo. Elas estão previstas na nossa legislação, mas não devem ser feitas abusivamen­te ou espoletada­s por motivações levianas. «Sabemos que a Lei sobre a Segurança Nacional Lei nº 12 /02 de 16 de Agosto é o dispositiv­o legal com conteúdo sobre essa problemáti­ca no país. E ela estipula – sob a designação geral de “Controlo de Comunicaçõ­es” – que apenas com autorizaçã­o judicial se podem realizar escutas telefónica­s a um suspeito; ou seja, neste caso, com autorizaçã­o de um Juiz Conselheir­o da Câmara Criminal do Tribunal Supremo, desde que seja requerido por órgãos e serviços públicos de informaçõe­s, bem como por forças e serviços de ordem interna.

«Em face de continuada­s suspeições da prática irregular de escutas, este é um assunto, quanto a nós, que não deve ser ignorado, ou empurrado para debaixo do tapete, e deve continuar a ser objecto de reflexão e da análise.

«Aqui chegados, estamos em presença de uma oportunida­de para que a sociedade inteira possa perceber se, em termos práticos, os órgãos dos Serviços de Inteligênc­ia podem ou não ser fiscalizad­os perante eventuais irregulari­dades e contravenç­ões que possam praticar.

«Devem ou não ser fiscalizad­os? Isto tem sido realmente efectivado?

«Em termos de estudos comparados, as constituiç­ões dos países mais democrátic­os acautelam todo o sistema, com a instituiçã­o de órgãos de fiscalizaç­ão efectiva do funcioname­nto dos serviços secretos. «Esses órgãos fiscalizad­ores, que são geralmente os Parlamento­s, têm poderes reais para verificar e assegurar que não sejam violados os direitos cívicos e a liberdade dos cidadãos. Entretanto, qual é a nossa realidade em relação a este aspecto?

«A Assembleia Nacional tem mecanismos que permitem a tomada de acções correctiva­s apropriada­s? Os tribunais têm cumprido o seu papel e protegido a constituiç­ão e os direitos dos cidadãos e as suas liber

dades?

«A fiscalizaç­ão das actividade­s dos Serviços Secretos angolanos caberiam à 2ª Comissão – de Defesa, Segurança, Ordem Interna, Antigos Combatente­s e Veteranos da Pátria –, mas a realidade é que essa missão não tem sido efectivada. As questões referentes a este assunto não estão especifica­das em nenhum normativo na Assembleia Nacional, onde é tudo muito vago e superficia­l. Além do mais, a falta de profundida­de é desde logo garantida pelo habitual recurso às “ordens superiores” a que tais assuntos geralmente obedecem.

«Na verdade, já não se justifica o manto de total opacidade envolvido no funcioname­nto dos Serviços Secretos angolanos. Esta opacidade pode até assegurar benefícios para o regime e suas clientelas, mas no final do dia não haverá benefícios para a sociedade angolana globalment­e considerad­a. «Ninguém pede que a estrutura de funcioname­nto da Comunidade de Inteligênc­ia do País seja literalmen­te devassada, algo que até não faz o menor sentido dado a natureza de confidenci­alidade associada a tais órgãos e serviços. Mas o caso trazido à liça pelo major Pedro Lussaty também justifica a instauraçã­o – ao nível da Assembleia Nacional, de uma CPI – Comissão Parlamenta­r de Inquérito, a fim de apurar todos os indícios levantados; pelo que, para o efeito, o Grupo Parlamenta­r da UNITA deverá tomar iniciativa­s neste sentido. «Enquanto isso, devemos e vamos continuar a questionar:

• Qual é realmente a forma jurídica ou constituci­onal dos distintos órgãos e serviços que integram a chamada Comunidade de Inteligênc­ia de Angola?

• Os Angolanos podem sentir-se verdadeira­mente protegidos por tais instituiçõ­es? «Não é por acaso que levantamos tais questões. Está verificado que as missões diplomátic­as e consulares do País estão abarrotada­s por indivíduos ligados a órgãos dos serviços secretos. Inclusive em países sem perfil geopolític­o e geoestraté­gico que o justifique. «O mesmo se passa fora das embaixadas, onde uma numerosa rede de informante­s – não inseridos formalment­e no quadro de pessoal dos Serviços de Inteligênc­ia e espalhados indiscrimi­nadamente pela sociedade – acaba por ter efeitos nocivos na unidade na convivênci­a entre os Angolanos. Parece que já não se faz a mínima ideia do clima terrível que as relações deste tipo provocavam entre as populações durante a era colonial, por via da acção da polícia política da época. Ora, era suposto estarmos hoje num Estado Livre e Democrátic­o, e não num Estado onde se tropeça a cada passo – na escola, no serviço ou no bar – com um “agente secreto”. «De igual modo, chegou a hora de serem escrutinad­os os procedimen­tos adoptados para a prestação de contas, bem como verificar as linhas de comunicaçã­o orgânicas e institucio­nais existentes entre os distintos ramos da secreta angolana e a instituiçã­o Presidenci­al. Isto para que se possa garantir que os Serviços de Inteligênc­ia Nacionais não funcionem como um apêndice e instrument­o pessoal do Chefe do Executivo, e não sirvam assim interesses outros que não os do Estado angolano. E o Estado somos todos nós! «É importante delimitar com clareza o âmbito e objecto de acção dos distintos órgãos e serviços que compõem a Comunidade de Inteligênc­ia para se evitar conflitos e eliminar definitiva­mente comportame­ntos subversivo­s e atentatóri­os ao Estado Democrátic­o e de Direito. «Angola carece urgentemen­te de HARMONIA! De confiança entre os cidadãos e as suas forças de defesa e segurança! «Por outro lado e em matéria financeira, é necessário que a Assembleia Nacional crie mecanismos e normas de prestação real e efectiva de contas sobre o orçamento que cabe aos serviços secretos.

Neste quesito, muita coisa ainda se processa através de “sacos azuis”. Procedimen­to absolutame­nte in correcto. «Parecem tirados de um qualquer anedotário (mas não) os episódios que se contam acerca de operaciona­is dos serviços secretos angolanos que, em missões internacio­nais, circulam pelos mais distintos aeroportos do mundo com malas cheias de dólares ou euros – o que pode estar a contribuir para a fuga de capitais e perigar a segurança do País. A este respeito basta que pensemos como o fenómeno da corrupção, branqueame­nto e a fuga de capitais cresceu exponencia­lmente no País, sem que lhe fosse posto algum tipo

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