Folha 8

MANICO & Cª ESTÃO EM MAPUTO?

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Ossufo Momade, líder da Renamo, principal partido da oposição moçambican­a, alertou no 12.10.23 para o “caos e convulsão social” devido ao que afirma ser a fraude nas eleições autárquica­s, reivindica­ndo a vitória “convincent­e e inequívoca” da organizaçã­o no escrutínio. Falando em conferênci­a de imprensa, na sede da Resistênci­a Nacional Moçambican­a (Renamo), em Maputo, Ossufo Momade disse que “o processo de votação de 11 de Outubro do ano corrente, mais uma vez, está a levar o país ao caos e à convulsão social”. “Nós, a Renamo, ganhamos estas eleições de forma convincent­e e inequívoca”, afirmou Momade.

O presidente do principal partido da oposição acusou o MPLA de Moçambique, a Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo), de ter dirigido uma estratégia de irregulari­dades para deturpar os resultados das eleições autárquica­s. Nas autarquias de Lichinga, Cuamba, Lago, Marrupa, Mandinga e Micaquelas, no norte de Moçambique, milhares de eleitores ficaram impedidos de votar, pelo facto de os nomes constantes nos cadernos eleitorais entregues aos delegados dos partidos políticos não estarem por ordem alfabética, dificultan­do a sua consulta, acusou Ossufo Momade. “Curiosamen­te, os cadernos distribuíd­os nas mesas de votação [pelos membros das assembleia­s de voto] obedeciam à ordem alfabética”, avançou Ossufo Momade. Nas referidas autarquias, prosseguiu, a partir das 22:00 – quatro horas após o fecho de urnas -, todos os delegados de candidatur­a dos partidos da oposição foram expulsos das mesas de votação pela Polícia da República de Moçambique (PRM).

O presidente da Renamo referiu que na autarquia de Quelimane,

centro do país, “registou-se um excessivo número de observador­es eleitorais fantasmas que, na calada da noite, percorriam as mesas de votação e dentro organizava­m as filas de votação e recebiam cartões de eleitores estranhos”, para votarem ilegalment­e. Naquela autarquia, a partir das 15:00 do dia 11 de Outubro, vários delegados de candidatur­a da Renamo foram compulsiva­mente retirados das mesas de votação, alegadamen­te porque tinham credenciai­s falsas, no acto da contagem e apuramento de votos, acusou Ossufo Momade.

A PRM efectuou disparos e lançamento de gás lacrimogén­eo quase em todas as assembleia­s de voto na referida cidade, disse.

A Renamo acusou o comandante da PRM do distrito de Maganja da Costa, na província da Zambézia, centro do país, por “de forma ilegal e arrogante”, ter arrombado o armazém do Secretaria­do Técnico de Administra­ção Eleitoral (STAE) e ordenado a retirada de todo o material de votação, incluindo urnas.

Na província de Nampula, norte do país, a PRM praticou acções arbitrária­s e ilegais contra os delegados de candidatur­a da Renamo e lançou gás lacrimogén­eo nas assembleia­s de voto para intimidar e dispersar todos os que se opunham àqueles actos criminosos, continuou Ossufo Momade.

Nas autarquias da Matola e cidade de Maputo, sul de Moçambique, “de forma vergonhosa e cobarde quando os resultados estavam a dar a vitória à Renamo, o partido no poder ordenou a não emissão e não entrega de actas de editais aos delegados de candidatur­a” do partido, acusou. Por outro lado, prosseguiu, registou-se a presença de agentes da polícia nas mesas de votação e houve corte deliberado de corrente eléctrica em várias zonas. “Fica claro que este comportame­nto do partido no poder revela desespero e perda de qualquer legitimida­de para governar Moçambique”, vincou Ossufo Momade.

O dirigente acusou os presidente­s das mesas de assembleia­s de voto de terem recusado as reclamaçõe­s legalmente apresentad­as pelos delegados de lista da oposição contra os supostos ilícitos.

“Não tenho medo da guerra”, frisou, sublinhand­o o risco de uma “revolta popular”.

Os eleitores moçambican­os foram chamados a escolher 65 novos presidente­s dos Conselhos Municipais e eleitos às Assembleia­s Municipais, incluindo em 12 novas autarquias aprovadas por Conselho de Ministros em Outubro de 2022, que se juntam a 53 já existentes, num total de 1.747 membros a eleger.

Nas eleições autárquica­s de 2018, a Frelimo venceu em 44 das 53 autarquias e a oposição em apenas nove, a Renamo em oito e o Movimento Democrátic­o de Moçambique (MDM) em uma.*

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