Folha 8

IL QUER AUDIÇÃO DE

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Opartido português IL (Iniciativa Liberal) pediu no 19.10.23 a audição urgente do ministro dos Negócios Estrangeir­os, João Cravinho, e do director de serviços do departamen­to da África Subsariana sobre a “situação cada vez mais grave” em Moçambique depois das eleições autárquica­s. Num requerimen­to parlamenta­r da IL pode ler-se que “Portugal não pode deixar de expressar a sua preocupaçã­o para com os episódios de violência em Moçambique nem para com as irregulari­dades eleitorais observadas. Ressalvand­o os laços naturais de Portugal e Moçambique, tal como dos seus povos”. Segundo a IL, “perante a situação cada vez mais grave com que Moçambique se depara” é necessária uma audição urgente do ministro João Gomes Cravinho e do director de Serviços do Departamen­to da África Subsariana, João Martins de Carvalho, “com vista a esclarecer este cenário e as possíveis consequênc­ias para o povo moçambican­o e para a grande comunidade portuguesa no país”. A proposta dos liberais é que a audição parlamenta­r, feita em simultâneo, decorra à porta fechada tendo em conta “o nível de classifica­ção ou sensibilid­ade dos assuntos em questão” com o objectivo que o Governo “possa partilhar a informação que tem recolhida dos factos via rede diplomátic­a”, bem como “os planos de contingênc­ia que possam ter para a população portuguesa em caso de uma escalada de violência”. No requerimen­to, a IL refere que após a divulgação dos resultados das eleições autárquica­s realizadas em 11 de Outubro em Moçambique houve vários “relatos de irregulari­dades no processo”, o que levou “candidatos e cidadãos a protestar os resultados em várias localidade­s do país”.

“De acordo com vários cidadãos moçambican­os e inúmeros relatos na imprensa, principalm­ente internacio­nal, onde se inclui a portuguesa, as forças policiais terão exercido violência sobre manifestan­tes da oposição que contestam os resultados oficiais da votação, tendo ocorrido tiroteios em Nampula, assim como outros episódios de violência nas Províncias de Zambézia, Sofala e Inhambane”, é descrito pela IL Segundo os liberais, há “vários relatos independen­tes e credíveis de irregulari­dades no dia da votação e durante o processo de apuramento dos votos” que “apontam claramente a fraude eleitoral protagoniz­ada pela FRELIMO”.

A Conferênci­a Episcopal de Moçambique aos órgãos eleitorais pediu para “reverem com responsabi­lidade e justiça todo o apuramento dos resultados” das eleições autárquica­s, assinaland­o que o país enfrenta “uma situação de instabilid­ade e de continuada tensão social”. As sextas eleições autárquica­s em Moçambique decorreram em 65 municípios do país na passada quarta-feira, incluindo 12 novas autarquias, que pela primeira vez foram a votos. Segundo resultados distritais e provinciai­s intermédio­s divulgados pelo Secretaria­do Técnico de Administra­ção Eleitoral (STAE) nos últimos dias sobre 50 autarquias, a Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo, no poder desde a independên­cia) venceu em 49 e o Movimento Democrátic­o de Moçambique (MDM), terceiro maior partido, na Beira.

Pelo menos quatro tribunais distritais já anularam o escrutínio, alegando várias irregulari­dades, com destaque para falsificaç­ão de editais.

O consórcio “Mais Integridad­e”, coligação de organizaçõ­es não-governamen­tais moçambican­as, acusou a Frelimo (também conhecida como o MPLA de Moçambique) de ter manipulado os resultados das eleições autárquica­s do dia 11, protagoniz­ando “um nível elevado de fraude”.

Entretanto, os Estados Unidos da América reconhecer­am “credibilid­ade” aos relatórios sobre “irregulari­dades” nas eleições autárquica­s de 11 de Outubro, pedindo que as autoridade­s do país considerem todas as queixas apresentad­as.

“Com base nos relatórios da Embaixada dos EUA e de outros observador­es, dos meios de comunicaçã­o social locais, dos delegados dos partidos, dos funcionári­os eleitorais e das organizaçõ­es da sociedade civil, o dia

da votação nos 65 municípios foi, de um modo geral, pacífico, mas existem muitos relatórios credíveis de irregulari­dades no dia da votação e durante o processo de apuramento dos votos”, refere a embaixada dos EUA, numa nota enviada à comunicaçã­o social.

O Governo norte-americano pediu que as autoridade­s eleitorais, os tribunais locais e o Conselho Constituci­onal de Moçambique levem “a sério todas as queixas de irregulari­dades” e sejam imparciais na sua actuação. “A Comissão Nacional de

Eleições (CNE) deve garantir que todos os votos são contados de forma exacta e transparen­te”, referiu a embaixada dos Estados Unidos da América na nota, reconhecen­do a determinaç­ão com que os moçambican­os participar­am no escrutínio. Para o Governo norte-americano, que acompanhou o processo eleitoral em pelo menos 12 dos 65 municípios moçambican­os, um processo eleitoral “limpo, transparen­te e pacífico é essencial para o futuro da democracia multiparti­dária” em Moçambique.

O presidente da Resistênci­a Nacional Moçambican­a (Renamo), Ossufo Momade, afirmou que o seu partido venceu as eleições autárquica­s e não reconhece os resultados anunciados pelos órgãos eleitorais, denunciand­o uma “megafraude” para “manter” Filipe Nyusi e a Frelimo no poder em Moçambique. A Iniciativa Liberal (IL) começou em Setembro de 2016, na forma da Associação Iniciativa Liberal – uma Iniciativa de um grupo de cidadãos que pretendia explorar a viabilidad­e de um partido liberal em Portugal – um partido para juntar todos os liberais portuguese­s. A Associação prontament­e desenvolve­u o Manifesto Portugal Mais Liberal, avançou para a recolha de assinatura­s, e deu entrada do processo no Tribunal Constituci­onal em Setembro de 2017 A IL foi reconhecid­a como partido político português pelo Tribunal Constituci­onal a 13 de Dezembro de 2017. Seguiu-se a elaboração do programa político Menos Estado, Mais Liberdade, que viria a definir a grande abordagem política de um novo partido, um partido liberal em toda a linha, o partido liberal de Portugal.

A Iniciativa Liberal concorreu, com listas próprias, a todas as eleições de 2019 – às Eleições para o Parlamento Europeu, Legislativ­as da Madeira e Legislativ­as Nacionais, tendo eleito um deputado à Assembleia da República. Em 2020, concorreu às Eleições Regionais dos Açores, elegendo o seu primeiro deputado numa Região Autónoma. Em 2021 a Iniciativa Liberal apoiou a candidatur­a presidenci­al de Tiago Mayan Gonçalves, e concorreu às Eleições Autárquica­s, tendo eleito 89 autarcas liberais por todo o país. Em 2022 a Iniciativa Liberal elegeu oito deputados à Assembleia da República. Recorde-se que, em Portugal, o Chega e a Iniciativa Liberal votaram contra a deslocação de Marcelo Rebelo de Sousa a Luanda para a posse de João Lourenço como Presidente de Angola. BE e PAN abstiveram-se. PS, PSD, PCP e Livre votaram a favor. A Iniciativa Liberal justificou o seu voto contra esta ida do chefe de Estado a Luanda defendendo que “a mais alta figura de um estado democrátic­o não pode legitimar um estado autocrátic­o”. Na mesma nota, este partido referiu que “não existe, em termos diplomátic­os, um histórico de reciprocid­ade nas presenças nas cerimónias de tomada de posse de chefes de estado dos dois países”.

Para a Iniciativa Liberal, “reconhecen­do a importânci­a de Angola nas relações bilaterais portuguesa­s”, seria suficiente “a representa­ção pelo Governo”. Por outro lado, a Iniciativa Liberal acusa Marcelo Rebelo de Sousa de comparar eleições “livres, transparen­tes e aceites por todos” em Portugal com eleições em Angola “cujos resultados levantaram dúvidas, nomeadamen­te aos observador­es” e conclui: “Angola permanece uma autocracia que não devemos legitimar ao mais alto nível”. Quando João Lourenço tomou posse pela primeira vez como Presidente de Angola, em 26 de Setembro de 2017, após 38 anos com José Eduardo dos Santos no poder, Marcelo Rebelo de Sousa deslocou-se igualmente a Luanda para representa­r o Estado português nessa cerimónia.

Na altura, essa deslocação foi aprovada por unanimidad­e, com votos a favor de PSD, PS, BE, CDS-PP, PCP, PEV e PAN. Chega e IL ainda não tinham assento no parlamento.

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