REFINARIA DO LOBITO JÁ TEM CON… CON… TRATO
O Governo angolano (do MPLA há 48 anos) assinou no 18.10.23 com a empresa chinesa CNEC o contrato de construção da Refinaria do Lobito, província de Benguela, com um valor global de investimento de seis mil milhões de dólares (5,7 mil milhões de euros).
ASonangol, petrolífera estatal (do MPLA), assinou o contrato de Engenharia, Aprovisionamento e Construção com a empresa chinesa China National Chemical Engineering (CNCEC), o Contrato de Supervisão da Construção do Projecto com a empresa americana KBR, e o contrato de Serviços de Consultoria para Suporte Técnico com a empresa angolana DAR.
Com um valor inicial de 12 mil milhões de dólares (11,4 mil milhões de euros), o projecto teve uma redução de investimento de 50%, e deverá ser executado em 40 meses. O projecto, cuja fase de preparação decorreu entre 2012 e 2016, e uma optimização no período entre 2018 e 2021, arranca ainda este ano… se assim for desejo do rei, general João Lourenço.
Em declarações à imprensa, o ministro dos Recursos Minerais, Petróleo e Gás, Diamantino Azevedo, disse que a Refinaria do Lobito, com uma capacidade de processamento de 200 mil barris diários, é um projecto estratégico para o país e para a região. Isto, é claro, sem esquecer que é um projecto muito mais do que estratégico para o próprio MPLA. Apesar da conjuntura mundial, frisou o ministro, o Governo angolano está decidido a realizar o projecto, pela sua importância para a economia do país e para a diversificação económica, uma promessa “recente” do MPLA, já que a última diversificação da economia foi quando os portugueses administravam o reino. Diamantino Azevedo destacou que foram revistos os estudos do ponto de vista técnico e económicos, conseguindo-se “uma redução significativa”. “Temos em princípio agora um custo estabelecido a rondar os seis mil milhões de dólares para a construção do projecto”, frisou. Relativamente à participação da vizinha República da Zâmbia, que manifestou também interesse em participar neste projecto, o governante angolano avançou que continuam as discussões com o Governo zambiano “para ver se efectivamente a manifestação de interesse se concretiza”.
“Há também outros países da nossa região que estão a olhar para a possibilidade de poderem vir a ser accionistas desse projecto, vamos continuar a conversar com esses países e no devido momento poderemos dar mais informações”, anunciou o ministro. Durante o acto de assinatura dos contratos, Diamantino de Azevedo orientou a Sonangol (de acordo com ordens superiores de João Lourenço) para iniciar de imediato um estudo de viabilidade para a construção de uma componente química, para aproveitamento dos subprodutos da refinaria. “Os hidrocarbonetos (petróleo e gás) não servem só para combustível, hoje muitos produtos da nossa vida diária e de várias indústrias provêm dos hidrocarbonetos, e podemos aqui nesta refinaria estudar a possibilidade de um aproveitamento dos subprodutos dos derivados de petróleo, que surgirão no processo de refinação, para podermos construir uma indústria petroquímica”, salientou.
O ministro dos Recursos Minerais, Petróleo e Gás realçou que, tendo em conta que a empresa chinesa é também especializada na construção da indústria petroquímica, a Sonangol deverá aproveitar esta experiência, “para que se aprofunde estudos no sentido da viabilidade económica de se instalar também a componente petroquímica”. Segundo o titular da pasta dos Recursos Minerais, Petróleo e Gás, a orientação foi pública para “engajar mais as duas empresas e para conhecimento de que se está a trabalhar neste sentido”.
Um projecto conjunto entre a Sonangol e uma empresa privada angolana, anunciou ainda Diamantino de Azevedo, está a ser realizado para a construção de uma fábrica de amónia, um dos componentes principais para os fertilizantes, e ureia no município do Soyo, província do Zaire, tendo como matéria-prima o gás. Em complemento recorde-se que o chefe de Estado lembrou recentemente que dois grandes projectos estratégicos do sector dos petróleos “lamentavelmente, antes de 2017 foram simplesmente abandonados”, referindo-se ao Terminal Oceânico da Barra do Dande e à Refinaria do Lobito. “Em boa hora tomámos a decisão de criar capacidade para refinar uma boa parte do crude que nós exploramos. Vai surgir a Refinaria de Cabinda, por coincidência também no final do próximo ano. Acredito que será em Dezembro do próximo ano”, indicou.
Às Refinarias de Cabinda e do Lobito vão também juntar-se a do Soyo, que “por razões de diversa ordem, não iniciou ainda os seus trabalhos de construção”, segundo João Lourenço, manifestando convicção que a obra deveria “a qualquer momento arrancar”. A Gemcorp, África Finance Corporation (AFC) e o Afreximbank anunciaram no dia 13 de Julho deste ano a conclusão do pacote financeiro para a construção da Refinaria de Cabinda, com um financiamento no valor de 335 milhões de dólares (300 milhões de euros). O projecto, no valor de 473 milhões de dólares (424 milhões de euros), é financiado em 138 milhões de dólares (123 milhões de euros) com recursos já disponibilizados pelos seus accionistas e em 335 milhões de dólares em formato de “Project financing” disponibilizado pelo sindicato liderado pela AFC. Segundo o sindicato financiador, a linha de crédito então aprovada cobre a primeira fase de construção da Refinaria de Cabinda e vai permitir o processamento de 30 mil barris de petróleo bruto por dia. A Refinaria de Cabinda, está a ser implementada pela Gemcorp Holdings Limited (GHL) em parceria com a estatal (MPLA) Sonangol, sendo que a segunda fase da refinaria deve elevar a capacidade de refinação para mais 30 mil barris/dia. De acordo com o grupo que financia o projecto, após a conclusão da primeira fase, prevêse que a refinaria forneça aproximadamente 10% dos derivados de petróleo refinado consumidos em Angola, aumentando para 20% depois de terminada a segunda fase. “Durante a construção, a refinaria vai criar mais de 1.300 empregos directos e indirectos e até ao momento estão concluídas 300.000 horas de formação para a qualificação dos trabalhadores locais e 1.000.000 horas de trabalho efectivo, sem registo de acidentes”, refere-se num comunicado.
A Industrial Development Corporation (IDC) da África do Sul, o Arab Bank for the Economic Development in Africa (BADEA) e o Banco de Fomento Angola (BFA) fazem igualmente parte do consórcio que financia a construção da Refinaria de Cabinda.
Este investimento “assume um papel importante na segurança energética de Angola e na criação de oportunidades de emprego local, enquanto promove as capacidades tecnológicas do país”, salienta. O CEO da Gemcorp, Atanas Bostandjiev, afirma que a sua empresa está “extremamente satisfeita com o investimento em curso na Refinaria de Cabinda, porque o projecto alavancará a utilização dos recursos naturais em benefício das comunidades”.
Para o CEO da AFC, Samaila Zubairu, a assinatura do contrato de financiamento “é por demais importante, por se tratar de um apoio directo a um projecto verdadeiramente inovador e com valor acrescentado para Angola”.
E o presidente do Conselho de Administração do Afreximbank, Benedict Oramah, manifestou-se “orgulhoso” por contribuir para a implementação de uma infra-estrutura “tão crucial para Angola e para toda a região”.