TERRORISMO. TERRORISTA. FUI! FOMOS! MUITOS, EM NOME DA LIBERTAÇÃO DA TERRA
O mundo está a viver uma verdadeira revolução de conceitos, que urge qualificar e quantificar, em função das latitudes, longitudes, protagonistas e o verdadeiro objecto da equação.
Eu fui criança soldado! Um terrorista, para o eixo mental norte ocidental, por intentar e contestar contra a ocupação imperial - colonial do torrão identitários dos meus ancestrais.
Eu fui criança soldado! Um revolucionário, na geografia mental das gentes da minha terra e demais solidárias com as causas libertárias e anti subjugação dos povos.
Ontem contra o colonialista ocidental, eu tinha uma visão do mundo. Hoje, antigos escravos, ainda com marcas no dorso das “chibatadas” das longas noites coloniais, têm uma visão, amarga sobre os ditos libertadores/ revolucionários, que chegados ao poder, deslumbraram-se, esquecendo-se dos compromissos de fomento da cidadania participativa, justiça social, igualdade racial, liberdades e democracia.
Eles são a ponte assimilada aos ditames legais, elaborados pelos mesmos juristas, que alimentaram a norma jurídica do colonialismo selvagem, que na prévia das independências trataram de polir algumas leis ostensivas, para vigorarem no período do colonialismo gourmet, presidido por governantes complexados, que traem as suas origens e gentes. Longe de reduzirem as desigualdades, reabilitarem o tecido urbano dos bairros pobres, eles adoptam políticas de multiplicação da pobreza e miséria, na lógica da cartilha colonial.
Em África, a maioria dos presidentes (nunca nominalmente eleitos e com transparência), têm sido exímios lacaios das ex-potências coloniais, continuando a saga de exploração das matérias primas, vendendo-as a baixo preço. Os sistemas de educação, saúde, justiça, economia, gestão administrativa, fomento agrícola, financeiro e bancário, não são, por orientação potenciados, para manutenção da crónica dependência à antiga metrópole colonial, que lhes garante bancos comerciais, para alojar os fundos roubados, boas mansões, universidades e clínicas, para os filhos, em Washington, Londres, Paris, Lisboa, Espanha. Este colonialismo negro assimilado e complexado é tão pernicioso, quanto o colonialismo sionista, que nega a terra e liberdade ao povo palestino, com a cobertura dos mesmos senhores dos impérios da escravatura e colonização, na protecção da barbárie destes novos colonizadores, que bombardeiam os povos com bombas, fraudes eleitorais e genocídios étnicos. Desgraçadamente, no oceano de injustiças e encruzilhada de inúmeros conflitos territoriais, ideológicos e de supremacia racial, a bússola fixa o ponteiro no sul global, com a balança a recorrer a aritmética ocidental. Esta, no santo cinismo e hipocrisia de superioridade da raça, fecha os olhos a chacina, a destruição, ao assassinato e extermínio em massa de povos, destacando-se as crianças, tal como fazia o nazismo e Adolph Hitler que, paradoxalmente, encontra muitos seguidores, no actual governo de Israel. O irmão, parente ou amigo de uma criança inocente, morta, pela BBB (barbárie, bala ou bomba) de um colonizador, gera um sentimento de revolta e germina, segundo os fusos horários, um terrorista ou revolucionário, por muito que se multipliquem os anos. Os extremismos não são bons. De todos os lados. A vida de uma criança israelita vale.
A vida de uma criança palestina, vale.
Encontrar diferenças e justificações estapafúrdias, para a morte de crianças inocentes é canibalismo. É masoquismo! Hoje Gaza está em chamas, pela covardia de uma superioridade militar, que conta ainda com os porta-aviões das potências ocidentais, cuja mentalidade é colonial e de supremacia branca, ainda que tenham, como os Estados Unidos, uns negritos complexados como o general reformado americano, Lioyd James Austin III (ex-oficial do Exército, serviu como 12.º comandante do Comando Central dos Estados Unidos. Foi o primeiro comandante negro do CENTCOM) ou a embaixadora na ONU, Linda Thomas-greenfield (já foi ecretária de Estado Adjunta para os Assuntos Africanos no Departamento de Estado de 2013 a 2017), cúmplices das barbáries em Gaza, Palestina! Eles esqueceram-se das suas origens, da escravatura e colonialismo dos seus ancestrais, por isso se sentem superiores aos demais africanos, principalmente, pretos. Nunca fizeram nada, sequer pela Libéria ou Haiti e poderiam tê-lo feito.
Por Angola, infelizmente, e Moçambique, já visitados nada farão, depois de terem desfilado nos longos tapetes vermelhos, da cor do sangue daqueles, que são diariamente assassinados pelas injustiças, genocídio alimentar, que inviabiliza a refeição à mesa e, eleitoral, que assassina o sonho de milhões pela fraude anti alternância democrática...
Noutra latitude e, também, sujeita a golpes, invasões, extermínios, ataques, genocídios, fraudes eleitorais, golpes de Estado constitucionais e golpes de Estado militares, novos colonialismo e imperialismo, descontrolados, impera o poder das antigas potências escravocratas e colonialistas. Hoje Gaza, Palestina, mais do que Luanda, Angola e Maputo, Moçambique, assiste a verdadeiros bombardeamentos, que assassinam milhares de crianças, autêntico genocídio de viés colonial, contra o povo palestiniano. As milhares de bombas enviadas por Benjamin Netanyahu (1.º ministro) e
Yoav Gallant (ministro da Defesa), que disse orgulhoso: “estamos a fazer tremer o chão de Gaza”. É a mais cruel loucura de vampiros, para retaliar a acção tresloucada de um produto laboratorial de Israel: o Hamas. Sendo certo que este movimento radical protagonizou, no 07.10.23, em território ocupado pela potência colonizadora, um acto impensável que “ludibriou” os sofisticados radares, fazendo 236 reféns e mortos civis e militares israelitas. Agora, o direito de resposta de Israel, não pode assassinar o direito internacional, nem justificar a escalada militar covarde, pois só possível, por de uma lado haver um exército poderoso, apoiado por outros exércitos ocidentais e um grupo militar e um povo, sem direito a ter um exército, polícia e soberania. Essa vitória e alta destruição de Israel, que já destruiu quase toda zona norte, assassinando mais de 8 mil palestinianos indefesos e desarmados e menos de 30 elementos do Hamas, não abona a favor do poderio israelita.
Mas de uma coisa o mundo pode estar seguro, os países árabes vão unir-se como nunca antes contra a obsessão de colonização total da Palestina por Israel. A megalomania dos falcões de Netanyhau de extermínio de um povo que luta pelo direito à independência e a sua terra ocupada desde 1948, poderá encontrar a resistência das mãos e gargantas de milhões de palestinos, que se baterão contra quatro grandes exércitos: Estados Unidos, Reino Unido, França e Israel. Os ataques na Síria, nas últimas horas (27.10.23) com caças americanos F16, vai aumentar o antiamericanismo regional. Esta desproporção militar, seguramente, mobilizará o tráfico de armas e bombas de alta fragmentação, a favor dos revolucionários e extremistas a favor da criação de um Estado Palestino livre
O grande dilema hoje do Ocidente é não ter líderes carismáticos, como Nelson Mandela (África do Sul), no final do século XX e, por muito que custe, a alguns, Lula da Silva (Brasil), neste início de séc. XXI, mas falcões militares, sem credibilidade de fazer pontes credíveis.
Joe Biden é fraco, com visão colonialista, imperial e, subrepticiamente, aderente da supremacia branca ocidental. Rishi Sunak (1.º ministro britânico), Emmanuel Macron (Presidente da França), Olaf Scholz (chanceler alemão), são ainda piores e enfermam dos mesmos defeitos e complexos, logo sem perfil compatível para liderar uma cruzada negocial, nos grandes conflitos mundiais, com credibilidade e imparcialidade, visando o alcance de tréguas e paz duradouras. A resistência e instigação a não criação de um Estado da Palestina, desde 1948, pese as inúmeras resoluções da ONU, a destruição da Líbia, a invasão do Iraque e Afeganistão, a mutilação da ex-jugoslávia, o fomento e instigação da guerra na Ucrânia e a provocação de um clima de tensão entre Taiwan e China, são exemplos a mão de semear.
E se dúvidas houvesse, o envio para Israel, 24 horas depois de um porta aviões e o reforço de armas de última geração, responsáveis pelo assassínio de milhares de crianças inocentes, cerca de 6700 (seis mil e setecentas), confirma a discriminação dos Estados Unidos em relação a Palestina e seu povo, considerados cidadãos de terceira categoria, pela casta branca ocidental, que se julga superior. É uma lógica abominável e os bombardeamentos contra civis e crianças inocentes devem ser considerados crimes de guerra e os seus responsáveis considerados, igualmente, pelo Tribunal
Penal Internacional, tal, como o fez, recentemente, contra Vladimir Putin e centenas de russos, sujeitos a mandados de captura internacional e responsabilizados como criminosos de guerra. Israel deve ser banida das competições internacionais, ter sanções económicas, ver confiscados os patrimónios dos senhores da guerra, num verdadeiro teste de equidade das organizações internacionais. Não pode haver dois pesos e uma medida. É hora de saber se a cor de Benjamin Netanyahu e Yoav Gallant, são superiores à dos responsáveis da Federação russa e milhares de palestinos, africanos e árabes... Rememorando a minha infância como criança soldado, o meu conselho vai para os falcões de Israel, que não podem justificar as suas acções na dor, rapto ou assassinato de crianças israelitas, actos condenáveis, mas empreendendo uma perseguição canibalesca, alegadamente, para assassinar todos os “Hamas 07.10.23”. Pura ilusão óptica! Sendo, numa guerra a primeira vítima a verdade, a segunda é a inocência de uma criança inocente, que se “esfarela” numa bomba ou vê escombros cortejarem o irmão, a mãe ou o pai. Na Faixa de Gaza, as crianças palestinas sobreviventes à barbárie dos covardes bombardeamentos, das IDF (Forças de Defesa de Israel), serão potenciais contestatários amanhã, filiados numa organização, cuja denominação poderá ter H, consoante ou A, vogal, na sigla, como sinónimo de resistência à ocupação colonialista e regime de apartheid israelita. Seria bom, um dia, lá onde o vento faz a curva, ver crianças israelitas e palestinas conjugar o verbo AMOR, brincando num grande jardim, cantando na roda da CONCILIAÇÃO: SOMOS DOIS AMANTES DA PAZ ETERNA!
Para o mundo ocidental, será um grande dilema se a acção do Hamas vier a determinar, finalmente, a discussão e acções pragmáticas para a criação de um verdadeiro Estado soberano da Palestina, livre de colonatos israelitas, com independência económica, regresso dos refugiados, controlo da água e da luz, fomento da produção agro-pecuária, órgãos policiais e militares republicanos, controlando e patrulhando as suas fronteiras.
O secretário-geral da ONU, o português, António Guterres, numa visão pragmática já deu o mote: Israel, também, tem culpas no cartório... Repetir o nazismo, no Médio Oriente é um suicídio.
A Rússia e a China, potências que nunca tiveram colónias, têm vindo a posicionar-se na margem dos oprimidos e explorados.
*O colonialismo é a política de exercer o controlo e autoridade sobre um território ocupado, retirando direitos aos autóctones e administrado por um país com poder militar, cultural, religioso, linguístico, que deseja explorar as riquezas e subjugar os povos, expandindo o seu domínio sob território alheio, com muita violência.