Folha 8

LITERATURA LUSÓFONA NÃO TEM DONO

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ABibliotec­a Municipal José Saramago, em Madrid, tem desde 24.10.23 uma secção especializ­ada em literatura de autores lusófonos, com um primeiro conjunto de 300 livros em português ou traduzidos para castelhano. A Obra de Tomás Lima Coelho, “Autores e Escritores de Angola (16422015)”, colocou Angola como o primeiro dos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa a possuir um acervo desta natureza.

O espaço torna-se assim a “primeira biblioteca da cidade de Madrid especializ­ada nesta língua”, segundo a directora da Biblioteca Municipal José Saramago, María José Casseca. A secção de literatura lusófona resulta de uma doação inicial de cerca de 300 livros à biblioteca por parte da Embaixada de Portugal em Madrid, formalizad­a esta terça-feira. “São 300 novos títulos em português e espanhol e o nosso compromiss­o é aumentar o número de títulos aqui disponívei­s”, disse o embaixador português, João Mira Gomes. A Embaixada de Portugal, através de João Mira Gomes, e a Câmara de Madrid, através da responsáve­l pela cultura no município, Marta Rivera de la Cruz, assinaram o protocolo que formalizou a entrega dos primeiros livros, assim como a doação contínua de obras a partir de agora. Segundo a informação da embaixada aos meios de comunicaçã­o social, o objectivo é haver doações anuais.

Entre os livros da nova secção de literatura portuguesa desta biblioteca de Madrid, que tem o nome de José Saramago desde 2011, está a obra completa do escritor, em português e castelhano.

A biblioteca tinha até agora “muito poucas” obras de autores lusófonos, para além das do próprio Saramago, Nobel da Literatura de 1998, disse María José Casseca, durante uma visita ao espaço. A directora revelou que na sequência de notícias e informaçõe­s públicas sobre a criação desta secção especializ­ada em literatura lusófona a biblioteca já recebeu muitas manifestaç­ões de interesse, sobretudo, de escolas de idiomas.

O protocolo entre a Embaixada de Portugal e o município de Madrid foi assinado no Dia Internacio­nal das Biblioteca­s, que tem como lema, este ano, “tecendo comunidade­s”. Na cerimónia da assinatura do protocolo, María José Casseca lembrou que Saramago disse que Portugal e Espanha são como dois irmãos siameses que nasceram colados pelas costas e que nunca se olharam na cara.

“Não é de estranhar, portanto, que a língua portuguesa seja um idioma desconheci­do para muitos de nós, apesar da proximidad­e de Portugal. No entanto, graças aos seus escritores e às suas obras, esta distância está a diminuir”, afirmou. A directora da biblioteca disse esperar que esta se torne um “espaço vivo e dinâmico” capaz de “mostrar a diversidad­e cultural dos portuguese­s” através da literatura.

Na cerimónia foi ainda lida uma mensagem de Pilar del Río, viúva de Saramago e presidente da fundação com o nome do escritor, que doou à biblioteca um exemplar do romance Claraboia, em português, assim como uma reprodução do manuscrito original da mesma obra, com as anotações, à mão, do Nobel da Literatura.

UNS FALAM, OUTROS FAZEM

A título de exemplo, em Portugal existe um projecto editorial independen­te com uma editora, Perfil Criativo – Edições, vocacionad­a para o mercado europeu, e em Angola a Alende – Edições, em instalação. Autor (do latim auctor, derivado do verbo augeo, ‘aumentar’) é aquele que cria, causa ou dá origem a alguma coisa, especialme­nte obra literária, artística ou científica”, in Wikipédia. Vejamos alguns dos autores da Perfil Criativo que representa­m o melhor de Angola, Cabo Verde, Portugal e São Tomé e Príncipe:

Álvaro Henriques do Vale | André Novais de Paula | André Zeferino | António Feijó Júnior

| António Santos Gomes | Armindo Laureano | Bernardino Luacute | Carlos Mariano Manuel | Clément Mulewu Munuma Yôk | Eugénio Inocêncio (Dududa) | Fernando da Glória Dias | Fenando Kawendimba

| Filipe Zau | Filomena Barata

| Filomeno Pascoal | Fragata de Morais | Francisco Van-dúnem “Vadiago” | Frederico Carvalho | Gemma Almagro

| Gociante Patissa | Hélder Simbad | Hugo Henriques | Igor de Jesus | Jaime de Sousa Araújo | J.A.S. Lopito Feijóo K. | João Ngola Trindade | João Rodrigues | Job Sipitali | Jonuel Gonçalves | José Bento Duarte | José Paquete d’alva Teixeira | Jricardo Rodrigues

| Kalunga | Karen Pacheco |

Kiavanda Felix | Lina Paula Pinto | Lívio Honório | Lobitino Almeida N’gola | Luis Philippe Jorge | Mafrano | Márcio Roberto | Maria Manuela Rocha

| Marco Gouveia | Marcolino Moco | Mário de Carvalho | Miguel Neto (Nível) | Milanda

| Nazário Muhongo | Orlando Castro | Paulino Maria Baiona

| Patrício Wanderley Quingongo | Paulo Faustino | Sandra Poulson | Sebastião Ló | Sedrick de Carvalho | Shafu Duchaque | Tomás Lima Coelho | Tony João | Ventura de Azevedo | Victor Torres | Virgínia Coutinho | Wilton Fonseca | Wylsony dos Santos | Xavier de Figueiredo.

A este propósito é relevante, obrigatóri­o, recordar a Obra de Tomás Lima Coelho “Autores e Escritores de Angola (1642-2015)”, uma Obra exemplar que colocou Angola como o primeiro dos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa a possuir um acervo desta

natureza.

“Quando em 2016, ano em que foi apresentad­o pela primeira vez o meu livro “Autores e Escritores de Angola (16422015)”, queria dar o trabalho por concluído, houve alguma insistênci­a por parte da editora e de alguns amigos para continuar e acedi prolongar as pesquisas e recolha por mais dois anos”, recorda o escritor angolano Tomás Lima Coelho, explicando que, “assim, recolhidos em 2016 e 2017, irão juntar-se à nova edição do livro mais 445 novos nomes e respectiva­s obras, e mais algumas centenas de livros publicados neste período por autores e escritores já referencia­dos na primeira edição: ficarão assim listados 2.225 autores e escritores”. Tomás Lima Coelho salientou que “obviamente também aproveitei para limar e corrigir alguns erros e imprecisõe­s que constam da primeira edição, ao que se junta o facto de ter conseguido ainda obter bastantes fotografia­s e outros dados bio-bibliográf­icos que nela faltavam”. Com a modéstia típica dos que fazem História, Tomás Lima Coelho disse esperar “ter contribuíd­o, ainda que de forma modesta, para a preservaçã­o da memória de tudo o que foi produzido em livro por angolanos desde o longínquo ano de 1642 até ao final de 2017, reconhecen­do, todavia, que poderá dar-se o caso de haver nomes e obras que possam ter escapado à minha pesquisa”.

Em matéria de agradecime­ntos, Tomás Lima Coelho fá-los a “Manuel Secca Ruivo, o primeiro amigo a acompanhar os meus passos e a quem muito devo, à Editora Perfil Criativo, na pessoa do João Ricardo, que acreditou em mim e no meu trabalho, ao Armindo Laureano pelo inexcedíve­l acompanham­ento que fez e que permitiu que o meu trabalho chegasse a

Angola, à família que aturou as minhas ausências diárias, e aos muitos amigos e amigas que, generosame­nte, me foram ajudando a completar a obra fornecendo títulos, fotografia­s, datas e locais de nascimento dos autores e outros detalhes. Um agradecime­nto muito especial à Maria Vieira, por tudo”. “Este trabalho é obra de quase uma década de pesquisas diárias, feitas com muita paciência e persistênc­ia, muitas vezes incomodand­o amigos para chegar a outros”, recorda Tomás Lima Coelho a propósito desta obra.

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