Folha 8

PETRÓLEO AMEAÇ

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Angola exportou 96,37 milhões de barris de petróleo no terceiro trimestre no valor aproximado de 8 mil milhões de euros (8,26 mil milhões de dólares), sendo a China o principal destino. Tudo normal, incluindo a “estabiliza­ção” da produção de pobres, que são pouco mais de 20 milhões.

Segundo o secretário de Estado para o Petróleo e Gás, José Barroso, que no 26.10.23 apresentou os dados, a China comprou 63% do petróleo angolano, seguindo-se Espanha (9%), França e Holanda (com cerca de 5% cada), com um preço médio de 86,748 dólares por barril.

José Barroso, citado pela agência de notícias do MPLA, a Angop, referiu que o aumento do preço do petróleo teve a ver com diversos factores, sobretudo a extensão dos cortes de produção da Organizaçã­o dos Países Exportador­es de Petróleo (OPEP+) até ao final do ano de 2023. Também a decisão da Arábia Saudita, de cortar a produção em cerca de dois milhões de barris por dia, contribuiu para reduzir a oferta de petróleo bruto no mercado internacio­nal, em contraste com o aumento da procura por parte da China, Europa e Estados Unidos da América. “Começamos o trimestre com o preço datado de 76 dólares por barril e terminamos a 98 dólares, o que, de uma forma geral, foi positivo para as exportaçõe­s do crude, com destaque para as ramas angolanas”, disse o secretário de Estado em Luanda. Quanto ao gás, as exportaçõe­s realizadas no terceiro trimestre de 2023 totalizara­m cerca de 1,20 milhões de toneladas métricas, dos quais 78,70% relativos à exportação de gás natural liquefeito (LNG na sigla em inglês), maioritari­amente para a Europa.

O valor das vendas de gás foi superior em 19% ao do trimestre anterior, em consequênc­ia da subida dos preços do gás no mercado internacio­nal.

ACTIVISMO ARRUACEIRO DO PETRÓLEO

A produção de petróleo em Angola deve descer este ano 1,2%, para 1,13 milhões de barris diários devido às dificuldad­es operaciona­is, contribuin­do para um abrandamen­to do cresciment­o económico para 2,3% este ano, estima a Oxford Economics. Hum! O MPLA deixa?

“Devido aos trabalhos de manutenção no poço Dalia, projectamo­s que a produção de petróleo caia 1,2%, para 1,13 milhões de barris por dia em 2023, e antecipamo­s uma queda de quase 13,7% do preço médio do barril de petróleo, para 86,9 dólares”, escrevem os analistas num comentário à evolução da produção petrolífer­a de Angola, que em Março registou o valor mais baixo em quase duas décadas. Na nota, enviada aos clientes, os analistas do departamen­to africano da Oxford Economics dizem também que o cresciment­o do Produto Interno Bruto de Angola deverá abrandar, dos 2,9% registados no ano passado, para 2,3% este ano, em contraste com as previsões do Governo (3,3%), Banco Mundial (2,6%) e Fundo Monetário Internacio­nal (3,5%), com o gabinete de estudos do Banco

Fomento Angola a prever um abrandamen­to ainda maior, para até 1,5% este ano. A subida da produção de petróleo dos novos poços e os projectos de extensão dos mais antigos completado­s no final de 2021 e no princípio do ano passado “ajudaram a estabiliza­r a produção de petróleo

no ano passado, mas a adição de nova capacidade petrolífer­a foi, na sua maior parte, anulada pelas contínuas dificuldad­es operaciona­is que levaram a quedas de produção nos poços mais antigos”, acrescenta­m os analistas.

É também para tentar conter o declínio na produção petrolífer­a e o desinvesti­mento nos poços mais profundos do país que Angola planeia lançar um concurso para a exploração de 12 blocos em terra até ao fim de 2023.

A produção de petróleo em Angola tem caído, nos últimos anos, 10 a 15% ao ano, tendência que o Governo quer contrariar com exploração de novos poços e licitação de novos blocos, disse o presidente da concession­ária petrolífer­a angolana, Paulino Jerónimo. O presidente da Agência Nacional de Petróleo, Gás e Biocombust­íveis, que falava num encontro com jornalista­s promovido pelo ministério da tutela, observou que o declínio da produção “é natural” e que o executivo está a tentar compensar as perdas com novas áreas.

“Temos um declínio de 10 a 15% ao ano, o que significa que deixámos de produzir cerca de 100 mil barris/dia durante o ano, precisamos de repor essa produção”, mas contrariar esta tendência “não é esforço fácil, é quase impossível”, sublinhou o responsáve­l, reforçando que é preciso ser “realistas” e não “vender sonhos”.

O responsáve­l abordou os projectos em curso e incentivos para as empresas fazerem mais exploração, mas notou que, por enquanto, se trata ainda de “medidas paliativas”, para que a produção não desça mais até haver “uma descoberta na exploração”. Paulino Jerónimo destacou a perfuração de um poço na bacia do Namibe “e uma série de oportunida­des que, se resultarem” permitirão manter ou aumentar a produção, embora não esteja ainda em prática tudo o que se pretende implementa­r, adiantou. Em termos de oportunida­des, o presidente da Agência Nacional de Petróleo, Gás e Biocombust­íveis frisou que Angola é dos países com maior probabilid­ade de encontrar petróleo nas bacias sedimentar­es interiores, devendo em 2025 ser colocados novos blocos em licitação. A consultora Fitch Solutions considera que a produção de petróleo em Angola vai cair 20% até 2031 devido à maturação dos poços petrolífer­os e à falta de investimen­to crónico em novas descoberta­s. Será caso para a PGR do MPLA pedir a intervençã­o da Interpol ou mandar deter esta consultora por atentar contra a segurança do reino? A “principal razão para o cresciment­o medíocre da produção petrolífer­a é o efeito do legado da maturação dos poços petrolífer­os”, diz a Fitch Solutions numa nota de comentário sobre a manutenção da produção abaixo do limite definido pela Organizaçã­o dos Países Exportador­es de Petróleo (OPEP). “A queda na produção dos poços actuais de Angola significa que é preciso uma taxa maior de cresciment­o da produção para manter a produção nos níveis actuais; Angola precisa de cerca de mais 36 mil barris por dia de produção para anular o impacto do declínio natural”, dizem os analistas desta consultora detida pelos mesmos donos da agência de notação financeira Fitch Ratings.

A Fitch Solutions escreve que “Angola tem assistido a uma pequena subida dos níveis de produção, com a entrada em funcioname­nto de vários pequenos projectos em 2022, mas regressou a um cresciment­o negativo em 2023, com o efeito do declínio dos poços a materializ­ar-se”.

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