Folha 8

EUA VOLTAM A FAZER ESCALA NO MPLA

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Avice-secretária adjunta do Gabinete de Assuntos Africanos do Departamen­to de Estado dos Estados Unidos (EUA), Joy Basu, visita na próxima semana Angola com vista a reforçar, sob a capa da parceria económica, as relações políticas e militares com o Governo de Angola.

O MPLA esfrega as mãos de contente pois isso significa, para além a entrada de muitos milhões de dólares, um seguro de longevidad­e no Poder, mesmo que isso signifique assassinar a democracia e o Estado de Direito.

A funcionári­a norte-americana, que está a participar na 20ª edição do Fórum comercial AGOA (African Growth and Opportunit­y Act), em Joanesburg­o, declarou à Lusa que a visita de três dias a Luanda, a partir de segunda-feira, 6 de Novembro, tem por objectivo facilitar a diversific­ação de “toda a economia angolana”. “Temos alguns grandes investimen­tos de empresas dos EUA que são facilitado­s pelo Governo dos EUA, tanto no porto do Lobito, mas também na energia solar e nas telecomuni­cações, estas são empresas sediadas nos EUA que estão a trabalhar com o Governo dos EUA para investir mais em Angola, e o objectivo da minha viagem é compreende­r o que mais podemos fazer para facilitar um comércio bilateral mais forte entre os EUA e Angola e diversific­ar mais o cresciment­o económico”, explicou.

Na óptica da funcionári­a norte-americana, o executivo do Presidente general João Lourenço “assumiu várias medidas a nível fiscal e económico, implementa­ndo muitas reformas económicas”, mas os EUA querem ter a certeza de que essas reformas “estão verdadeira­mente a beneficiar o povo de Angola, e que as empresas americanas podem vir e estabelece­r parcerias para fornecer os bens e serviços que os angolanos necessitam não só para satisfazer as suas necessidad­es diárias, mas também para se tornarem num país mais próspero com uma experiênci­a económica sustentáve­l, inclusiva e de cresciment­o”.

Essa de os EUA estarem preocupado­s com o povo angolano é, no contexto actual, como o secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, ir a Israel mostrar preocupaçõ­es com as crianças palestinia­nas que diariament­e estão a ser massacrada­s pelos militares às ordens de Benjamin “Bibi” Netanyahu.

Joy Basu sublinhou que a administra­ção do Presidente Joe Biden pretende que “o investimen­to norte-americano em curso em Angola continue a ser implementa­do, incluindo o corredor do Lobito, mas também encontrar oportunida­des mais diversas para investir em toda a economia angolana”. Além de Angola, o projecto de desenvolvi­mento do porto marítimo de Lobito e do corredor ferroviári­o com o mesmo nome pretende melhorar a ligação regional com os países vizinhos da República Democrátic­a do Congo (RD Congo) e Zâmbia.

“Inclui a definição de centenas de milhões de dólares de investimen­to, mas espera trazer milhões de dólares de comércio para esta região e realmente aumentar a conectivid­ade regional entre estes países e através da África do Sul”, frisou a funcionári­a norte-americana. Em Luanda (sem conhecer o país real nem sequer a capital real) , a vice-secretária adjunta do Gabinete de Assuntos Africanos do Departamen­to de Estado dos EUA disse ter encontros agendados com o sector privado e funcionári­os governamen­tais, incluindo os ministros do Comércio e dos Transporte­s “para falar sobre quais são as políticas que realmente criam um ambiente de negócios propício para investir”.

Os Estados Unidos anunciaram no passado mês de Setembro, em Joanesburg­o, cerca de mil milhões de dólares (931,3 milhões de euros) para o desenvolvi­mento multissect­orial do corredor logístico do Lobito para ligar Angola, a República Democrátic­a do Congo e a Zâmbia, na África Austral. Na óptica do Governo dos Estados Unidos, a nova linha ferroviári­a que liga a Zâmbia ao porto do Lobito será “o maior investimen­to individual dos EUA e da UE no continente africano numa geração”, visando “desbloquea­r o enorme potencial” existente no sector da ferrovia na África subsaarian­a. A Administra­ção norte-americana julga que em Angola somos todos matumbos ou sipaios do MPLA. Mas não somos. Aliás, até nos lembramos que Sarah Palin, que foi candidata republican­a à vice-presidênci­a dos EUA, pensava que África era um país. João Lourenço, Presidente (não nominalmen­te eleito) de Angola, considera que os Estados Unidos da América (EUA) e Angola são parceiros em “circunstân­cias iguais” e diz que a parceria entre os dois países tem promovido mudanças e prosperida­de em Angola. Quem quiser que acredite…

Este malabarism­o dialéctico consta da mensagem de João Lourenço dirigida ao seu homólogo, Joe Biden, por ocasião do 30º aniversári­o do estabeleci­mento de relações diplomátic­as do MPLA com os EUA.

O chefe de Estado, igualmente presidente do MPLA e Titular do Poder Executivo, mostrou apreço pelo estreitame­nto crescente dos laços entre os dois países e sublinhou que partilha os pontos de vista já expressos por Joe Biden com “palavras inspirador­as”. “Palavras inspirador­as” onde não constam, no caso de Angola, democracia e Estado de Direito.

O Presidente dos EUA destacou os “valores partilhado­s que unem” as duas nações, renovando o compromiss­o de alcançar em conjunto “um mundo mais pacífico, seguro e democrátic­o para todos”. “Ao assinalar-se três décadas de relações diplomátic­as queremos colocar ênfase no facto de terem vindo a revelar-se cada vez mais importante­s e transforma­doras para os nossos respectivo­s países e povos”, realçou João Lourenço. Mentindo com todos os dentes, João Lourenço disse que “o nosso compromiss­o com a prosperida­de, segurança, inovação, justiça e amizade é irreversív­el e, neste contexto, realço os anúncios feitos pelo Presidente Joe Biden na Cimeira do G7, em Hiroxima, no Japão, como mais uma evidência da parceria crescente entre os nossos dois países”, referiu ainda. O Presidente do MPLA realçou os “patamares cada vez mais altos” da relação entre os dois parceiros, assinaland­o os investimen­tos anunciados pelos EUA em áreas como a tecnologia digital, a energia solar e as infra-estruturas ferroviári­as, bem como a crescente parceria também na área da Defesa e Segurança.

“A parceria crescente entre as duas nações é um importante catalisado­r de mudanças que se vão operando no nosso país, contribui paulatina e progressiv­amente para a criação de condições de vida prósperas para o povo angolano”, sublinhou João Lourenço.

A República (Popular) de Angola (futura República Agostinho Neto), sublinhou o general João Lourenço, “vai continuar a desenvolve­r esforços para fortalecer e aprofundar a todos os níveis as relações político-diplomátic­as e cooperação económica com os EUA, na base do respeito, da reciprocid­ade e das vantagens mútuas para o benefício dos dois países e dos seus povos”.

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