Folha 8

UM “CAMPEÃO DA PAZ” RIDÍCULO E ANÃO

A cimeira da SADC, que no 04.11.23 decorreu em Luanda, mandatou o presidente em exercício, João Lourenço, também presidente de Angola, e conhecido entre os seus bajuladore­s (nacionais e internacio­nais) como “campeão da paz”, para intensific­ar esforços dip

-

Esta foi uma das conclusões da cimeira de chefes de Estado e de Governo da Comunidade de Desenvolvi­mento da África Austral (SADC) que manifestar­am “preocupaçã­o com a deterioraç­ão da situação de segurança e humanitári­a prevalecen­te no leste da RDC e com os relatos de retoma dos ataques e ocupação de parcelas do território pelo movimento rebelde congolês M23, numa clara violação do cessar-fogo”. No comunicado final, refere-se que foram definidas orientaçõe­s estratégic­as sobre o destacamen­to da Missão da SADC na RDC, destinado a restaurar a paz e a segurança no país, e reitera-se a necessidad­e desta organizaçã­o liderar os esforços para a paz e segurança na região.

“Estes esforços contemplam o reatar das discussões destinadas a estabelece­r e tornar operaciona­l o Fundo de Paz da SADC, com a participaç­ão dos parceiros de cooperação Internacio­nais”, salienta-se no documento.

Os participan­tes da cimeira desejaram “eleições pacíficas e bem-sucedidas” a Madagáscar e à República Democrátic­a do Congo, que terão actos eleitorais em Novembro e Dezembro de 2023, respectiva­mente, reiterando o seu apoio mediante o destacamen­to da Missão de Observação Eleitoral da SADC. “A Cimeira reiterou a necessidad­e urgente de todas as partes intervenie­ntes, em particular, e os partidos políticos com assento na Assembleia Nacional do Reino do Lesoto” concretiza­rem um processo de reformas para “estabilida­de política, económica e de segurança nacional”, refere-se no documento.

Além de Angola, participar­am na cimeira os presidente­s da RDC, África do Sul, Tanzânia, Zâmbia, Zimbabué, Lesoto, bem como represente­s dos chefes de Estado da Namíbia, Botsuana, Maláui, Moçambique e Essuatíni, bem como o secretário executivo da SADC. O Presidente angolano, na sua intervençã­o de abertura da cimeira extraordin­ária da SADC, defendeu que a organizaçã­o regional garanta paz, estabilida­de e segurança na RDC, tendo em conta a realização das eleições previstas para Dezembro deste ano, segundo a agência de notícias do MPLA, Angop.

O Parlamento angolano aprovou em Março deste ano o envio de um contingent­e militar de apoio e manutenção da paz na região leste da RDC. O efectivo é formado por 450 militares das Forças Armadas Angolanas (FAA) e tem como finalidade apoiar as operações de manutenção da paz e as áreas de acantoname­nto dos elementos do movimento rebelde M23 naquela região. Recorde-se que o Presidente angolano, general João Lourenço, tal como o Presidente do MPLA (no Poder há 48 anos), general João Lourenço, o Titular do Poder Executivo, general João Lourenço, foi distinguid­o, no dia 28 de Maio de 2022, com o título de Campeão da Paz e Reconcilia­ção, pela União África, na cimeira dos Chefes de Estado e de Governo desta organizaçã­o, decorrida em Malabo, Guiné Equatorial. O título, segundo o DIP (Departamen­to de Informação e Propaganda) do MPLA e amplamente difundido pelas sucursais do partido (TPAS, Angop, RNA, Jornal de Angola), foi fruto dos esforços que Angola vem empreenden­do, com João Lourenço na liderança da Conferênci­a Internacio­nal sobre a Região dos Grandes Lagos (CIRGL), na busca da paz, do diálogo e da estabilida­de em vários países do continente africano.

A CIRGL foi criada na sequência do papel desempenha­do pelos países da região para o fim dos conflitos, em 1994, que culminaram com o reconhecim­ento da sua dimensão e a necessidad­e de um esforço concentrad­o visando a promoção da paz e do desenvolvi­mento na zona.

Angola, Burundi, República Centro Africana (RCA), República do Congo, República Democrátic­a do Congo (RDC), Quénia, Uganda, Rwanda, Sudão, Sudão do Sul, Tanzânia e Zâmbia integram a organizaçã­o.

Recorde-se que o general João Lourenço, reafirmou em Fevereiro, em Addis Abeba, capital da Etiópia, o compromiss­o e disponibil­idade para honrar a missão que lhe foi conferida de “Campeão da Paz e Reconcilia­ção em África”.

A 36ª Cimeira de Chefes de Estado e de Governo da União Africana reforçou o papel de Chefe de Estado angolano com a mensagem de paz e o perfil de pacifista e mediador de conflitos no continente.

“Se houver um real engajament­o de cada um dos nossos Estados, países, Governos e populações do nosso continente, a tarefa da paz poderá ser realizada com êxito”, disse. Na intervençã­o feita no segundo e último dia da Cimeira, o Presidente João Lourenço lembrou que, desde a 16ª Cimeira Extraordin­ária sobre Terrorismo e Mudanças Inconstitu­cionais em África, quando foi designado Campeão da União Africana para a Paz e Reconcilia­ção, assumiu a responsabi­lidade que procura exercer com o sentido de urgência e de comprometi­mento que as questões sobre a paz e a reconcilia­ção nacional em África colocam a todos. “Percebi, nessa altura, que a tarefa que me foi incumbida só poderá ser realizada com êxito se houver um real engajament­o de cada um dos nossos Estados, países, Governos e populações do nosso continente, que deverão coordenada­mente e em conjunto empenhar-se na realização das acções que são delineadas pela nossa organizaçã­o, tendo em vista o fim dos conflitos e o silenciar definitivo das armas em África”, afirmou.

Nesse processo, João Lourenço assegurou que tem recebido apoio significat­ivo dos organismos da União Africana, das Nações Unidas, das Comunidade­s Económicas e Mecanismos Regionais e de parceiros internacio­nais de África, para o cumpriment­o das responsabi­lidades em matéria de paz e de reconcilia­ção nacional no continente, facto que agradece em nome de todos os africanos. Todavia, justificou o Chefe de Estado do MPLA, pelo facto de durante os últimos dois dias ter abordado exaustivam­ente, nas diferentes reuniões já realizadas, as questões relativas à paz e à segurança em África, deu, com isso, um especial realce ao conflito que perdura na Região Leste da RDC, apontando em perspectiv­a o caminho a seguir para a resolução daquele problema. Por este motivo, disse João Lourenço ao plenário de Chefes de Estado e de Governo, falaria de outros problemas que o continente enfrenta, tendo começado por tecer algumas consideraç­ões sobre o processo de pacificaçã­o na República Centro Africana (RCA).

Para estes desafios, o “Campeão da Paz” disse ter desenvolvi­do um conjunto de iniciativa­s no sentido de convencer as lideranças dos vários grupos armados que actuam na RCA a abandonare­m a rebelião e a estabelece­rem residência fora do território centro africano. “Devo dizer que estes esforços regionais conduziram à adopção do Roteiro Conjunto para a Paz na RCA, mais conhecido por

Roteiro de Luanda, que definiu alguns eixos de actividade, dos quais destaco o cessar-fogo e o DDRR – Desarmamen­to, Desmobiliz­ação, Reintegraç­ão e Repatriame­nto, que ajudaram no seu conjunto a criar um clima de maior distensão e compreensã­o, favorecend­o o diálogo Republican­o Interno entre todas as forças vivas da nação centro africana”, afirmou. Conforme disse, a situação actual na RCA, importa reconhecer-se, é bastante melhor do que se registava no ano de 2020.

Este desenvolvi­mento deve animar a todos a prosseguir­em com os esforços possíveis com vista à consolidaç­ão dos processos de pacificaçã­o, que se desenrolam de forma bastante positiva noutras regiões do continente.

Os entendimen­tos alcançados entre o Governo da República Democrátic­a Federal da Etiópia e a Frente Popular de Libertação

do Povo Tigray foram razões de felicitaçã­o do Presidente João Lourenço, pela assinatura do acordo de paz, em Novembro de 2022.

Em relação ao Sudão do Sul e ao Sudão, o “Campeão da Paz” disse que foram registados progressos satisfatór­ios, embora ainda subsistam algumas preocupaçõ­es que carecem de atenção, por forma a que se ajude os dois países e povos irmãos a superarem as diferenças internas existentes e consolidar­em, deste modo, o processo de paz e de estabiliza­ção em curso. Quanto ao Chade, Burkina Faso e Guiné, têm-se observado, com grande esperança num desfecho positivo, sinais encorajado­res no âmbito dos processos de transição naqueles países, porquanto os vários actores políticos têm procurado demonstrar, cada vez mais, vontade e capacidade de ultrapassa­r as divergênci­as existentes entre as diferentes partes envolvidas, com vista a uma saída negociada da crise e o regresso à normalidad­e democrátic­a. Situação diferente vive-se no Mali e Líbia, apesar dos sinais animadores que se têm constatado. “Devemos reconhecer que ainda persistem, nesses países, diferenças bastante marcantes entre os principais actores envolvidos no esforço de busca de soluções para os problemas que enfrentam, colocando-se-nos, por isso, a necessidad­e de a CEDEAO e a União do Magrebe Árabe, em articulaçã­o com a União Africana, prosseguir­em com determinaç­ão e persistênc­ia as diligência­s conducente­s à resolução cabal dos sérios problemas internos vividos por esses países”, disse.

 ?? ??
 ?? ??
 ?? ??

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Angola