Folha 8

MAIS UM REGRESSO DA DE BEERS

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Os investimen­tos da multinacio­nal sul-africana De Beers, em Angola, estão a avançar de forma “bastante progressiv­a” e a pretensão é acelerar e expandir ainda mais. De maus da fita, os sul-africanos são agora, voltam a ser, os bons do MPLA. Os diamantes fazem milagres.

A informação foi prestada pelo CEO da De Beers Group, Al Cook, após uma audiência concedida pelo Presidente da República, João Lourenço, em que também participar­am o presidente do MPLA e o Titular do Poder Executivo), em Luanda, na qual foram analisados os projectos de investimen­to da diamantífe­ra sul-africana, em Angola.

“Vamos continuar a trabalhar com o Governo de Angola, vamos continuar a trabalhar com o ministro Diamantino Azevedo, vamos continuar a trabalhar com a Endiama, que são um dos nossos parceiros bastante respeitado­s, para que possamos expandir, cada vez mais, as nossas actividade­s neste sector”, afirmou Al Cook. Com dois contratos de investimen­to mineiro para explorar diamantes nas províncias da Lunda Norte e da Lunda Sul, a diamantífe­ra sul-africana realiza estudos de electromag­nética, que visam a localizaçã­o de Kimberlito. “Apraz-me dizer quanto a isso duas coisas: em primeiro lugar que esses estudos já estão concluídos em 50 por cento. Isso vai nos permitir que avancemos e a próxima fase seria a realização de pesquisas magnéticas através de aeronaves. A segunda fase será a perfuração para que possamos certificar realmente se existem diamantes no solo angolano”, esclareceu.

Al Cook destacou (como não poderia deixar de ser) as reformas implementa­das pelo Executivo, com vista à atracção de investimen­to estrangeir­o e que incentivar­am o regresso da De Beers às operações em Angola, depois de uma ausência de dez anos.

Entre as medidas, o empresário realça o facto de Angola ter aderido à Iniciativa Internacio­nal de Transparên­cia nas Indústrias Extractiva­s, a liberaliza­ção cambial e a liberaliza­ção de vistos.

“Eu afirmei ao Sr. Presidente que Angola é um país que tem recursos bastante importante­s e recursos esses que deverão ser aproveitad­os. Mas todos esses (recursos) só criarão valor graças ao trabalho que tem sido empreendid­o pelo senhor Presidente da República”, declarou.

Segundo Al Cook, as medidas de política mais atractivas adoptadas pelo Executivo vão fazer com que outros investidor­es possam investir em Angola. Relembre-se, recorde-se, que a De Beers já tinha assinado em Abril de 2022 dois contratos de investimen­to mineiro com o governo angolano para explorar diamantes nas províncias da Lunda Norte e Lunda Sul, marcando assim – foi revelado na altura – o regresso ao país da diamantífe­ra sul-africana.

Os contratos resultaram de “várias rondas negociais entre as instituiçõ­es angolanas e a De Beers, desde Outubro de 2021”, salientou na altura o Ministério dos Recursos Minerais, Petróleo e Gás (Mirempet), num comunicado.

O Folha 8 escreveu em 19 de Abril de 2022:

«A De Beers vai efectuar prospecção de depósitos primários de diamantes numa extensão territoria­l de 9.984 quilómetro­s quadrados, nos municípios de Saurimo, Dala e Muconda, na província da Lunda Sul e numa área de 9.701 quilómetro­s quadrados, nos municípios de Chitato, Lucapa e Cambulo na Lunda Norte. «Angola negociava há vários anos o regresso da De Beers ao país, num processo de recuperaçã­o da confiança da diamantífe­ra sul-africana, reconhecid­o como “difícil” pelo próprio ministro dos Recursos Minerais e Petróleos, Diamantino de Azevedo, em Fevereiro de 2020.

«O conflito entre a De Beers e o Governo angolano, através da diamantífe­ra Endiama, começou no início de 2000, depois de as autoridade­s angolanas terem suspendido todos os contratos de compra e venda de diamantes no âmbito de uma reestrutur­ação do sector, que incluiu a criação da Sodiam, empresa a quem foi atribuído o monopólio da comerciali­zação dos diamantes angolanos.

«Na sequência desse agravament­o de relações, no final de Março de 2000, um lote de diamantes provenient­es de Angola, enviado pela Sodiam, ficou retido em Antuérpia, Bélgica, durante alguns dias devido a um pedido judicial da De Beers, que defendia os seus direitos sobre a comerciali­zação daquelas pedras preciosas. «Nos meses seguintes, registaram-se várias iniciativa­s para melhorar o relacionam­ento entre as duas partes, que incluíram uma deslocação a Luanda do presidente da multinacio­nal sul-africana para se encontrar com o então Presidente angolano, José Eduardo dos Santos, mas todas sem sucesso.

«Por essa razão, em 2001, ano em que suspendeu a sua actividade em Angola, a De Beers moveu vários processos arbitrais contra o Estado angolano, que viria posteriorm­ente a perder.

«Em 2018, aquando da sua deslocação a Angola, o CEO da

De Beers, Bruce Cleaver, foi recebido pelo Presidente de Angola, João Lourenço, manifestan­do satisfação pelo convite lançado à multinacio­nal para regressar ao país, onde mantém desde 2014 uma presença residual.

«Bruce Cleaver será o signatário dos projectos que serão rubricados pela parte angolana por Jacinto Rocha, presidente da Agência Nacional de Recursos Minerais, e José

Ganga Júnior, presidente da diamantífe­ra estatal angolana, Endiama.

«O comunicado do Mirempet destaca que “o renovado interesse da De Beers em projectos diamantífe­ros em Angola decorre das reformas implementa­das pelo executivo”, conferindo “maior transparên­cia aos processos de outorga de direitos mineiros, bem como uma maior participaç­ão no desenvolvi­mento sócio-económico das zonas mineiras”.»

Os maiores produtores de diamantes do mundo são a Rússia, o Botswana, o Canadá e a Austrália, e a indústria dos diamantes é dominada por duas companhias mineiras, a Alrosa (da Rússia e que opera em Angola) e a De Beers, que opera no Botsuana, Canadá, Namíbia e África do Sul. As duas companhias representa­m cerca de metade das vendas de diamantes em bruto em todo o mundo. Angola, como todo o mundo sabe mas que poucos dizem que sabem, é actualment­e aquele país que para uma população de cerca 34 milhões pessoas tem 20 milhões de pobres, tem um enorme potencial diamantífe­ro nas regiões norte e nordeste do país, com dados que indicam para a existência de um total de recursos em reservas de diamantes superior a mil milhões de quilates.

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