Folha 8

Com João Lourenço país vive uma das fases mais autoritári­as da sua história

- JORGE EURICO

Acho muito bem a postura assumida publicamen­te por Teixeira Cândido. E a ela associo-me sem pruridos e de peito aberto, assumindo, desde já, uma postura firme contra a detenção, intimidaçã­o, perseguiçã­o a jornalista­s e a intelectua­is que, por natureza e dever de ofício cívico-político criticam o Executivo.

Já o disse bastas vezes e reitero: está “mania” de mandar prender por tudo por nada, vai, no final, gerar uma factura política muito pesada a quem “descabela o palhaço” pela privação da liberdade de quem ousa exercer os direitos de informar, ser informado e de se expressar por meio da Imprensa e não só.

João Lourenço fraudou o País e o mundo quando garantiu, durante o discurso proferido durante a sua tomada de posse como Presidente da República, a 17 de Setembro de 2017, que os jornalista­s seriam mais livres e que a Liberdade de Imprensa seria um facto, de facto. O Presidente da República não só empulhou os angolanos e ao mundo como inaugurou umas das fases mais autoritári­as da nossa História, dando sequência (de forma muito primária) à saga da censura, propaganda e acérrimo controlo dos órgãos de Comunicaçã­o Social, colocando-os todos sob a esfera da sua (má) influência, enquanto Titular do Poder Executivo. Há, hoje, claramente uma supressão das liberdades fundamenta­is dos cidadãos no País, com destaque para as de Imprensa e de Expressão. Ela é posta em causa pelos “novos senhores”. A espada de Damocles paira de forma constante sob a cabeça dos jornalista­s, que - tal como denunciou Teixeira Cândido, por outras palavras - vivem dias de medo. O Presidente João Lourenço deveria ser processado judicialme­nte por, em 2017, ter enganado os jornalista­s, o País e o mundo quando garantiu maior Liberdade de Imprensa, mas acima de tudo por ver nela e, em particular, no exercício do Jornalismo sem rédeas curtas um perigo para o seu consulado e uma alavanca para o pluralismo político, para a democracia e o Estado de direito.

Um alerta (mais um): Senhor Presidente, deixe de mandar prender quem o critica, sobretudo jornalista­s!

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