Manuel Rui celebra 82 anos de vida
O escritor angolano, Manuel Rui celebrou a 4 de Novembro de 2023, oitenta e dois anos de idade. O autor da célebre obra “Quem me dera ser onda” continua com o mesmo fulgor literário. Manuel Rui brindou os leitores de modo épico. Dedilha na sua coluna “O Cágado e as palavras do silêncio” textos onde relativiza o simbolismo das caricaturas, o extremismo ideológico e os chavões da democracia.
Com uma vasta obra publicada, a prosa de Manuel Rui, quase sempre poética, está profundamente marcada por preocupações estéticas de um realismo social, que celebra o homem comum, quase sempre de Angola. Muitas das suas personagens revelam-se em caricaturas de comportamentos perversos. A sátira e a ironia são os recursos estilísticos dominantes na sua obra. Para o escritor benguelense, Job Sipitali “a escrita de Manuel Rui encerra grande parte das vivências dos povos das zonas urbanas e também dos Outros, os da Angola profunda. Num estilo simples, que não se pode confundir com o simples estilo, o autor de "angola Avante", A Trança e, entre várias obras, "kalunga", apresenta elementos do museu imaginário dos angolanos e dos povos oriundos de Angola. Por outra, apresenta em alguns casos o modo como os angolanos encaram fenómenos universais com um saber endógeno e, ao mesmo tempo, traz à baila o conflito do Homem Novo rodeado de práxis baseadas na epistemologia africana e no saber exógeno. Em síntese, é a escrita do assimilado, do não assimilado, do polícia, da zungueira, do doutor, do ardina, do menino que limpa os sapatos dos funcionários públicos e dos que, saindo de Angola, pretendem (re) conhecer as suas origens,” destaca Sipitali.
Percurso do escritor
Licenciado em Direito pela Universidade de Coimbra. Exerceu advocacia em Coimbra e Viseu durante a guerra pela independência em Angola. Colaborou
com a revista “Vértice”, com a Centelha Editora e com o Centro de Estudos Literários da Associação Académica de Coimbra. Após o 25 de Abril, regressou a Angola, tornando-se Ministro da Informação do MPLA no governo de transição. Foi também o primeiro representante de Angola na Organização de Unidade Africana e nas Nações Unidas. Foi ainda Director do Departamento de Orientação Revolucionária e do Departamento dos Assuntos Estrangeiros do MPLA. Foi membro fundador da União dos Artistas e Compositores Angolanos, da União dos Escritores Angolanos e da Sociedade de
Autores Angolanos. É autor da letra do Hino Nacional de Angola, de outros hinos como o “Hino da Alfabetização”, e o “Hino da Agricultura”, e da versão angolana da Internacional. Foi Director da Faculdade de Letras do Lubango e do Instituto Superior de Ciências da Educação. Foi galardoado com o Prémio Nacional
Agostinho Neto, atribuído à obra “Quem me dera ser Onda” (1982). É o autor do primeiro livro de poesia e do primeiro livro de ficção publicados em Angola após a Independência. Em 2003, Manuel Rui renunciou ao Prémio Nacional de Cultura na categoria de Literatura pelo conjunto da sua obra.