Breve olhar sobre o Reino Lunda: a problemática da sua Independência Cultural
A construção de uma nação é o processo de estruturação de um país forjado a uma identidade nacional comum através do poder do Estado, cujo foco é humanizar certos povos de etnias distintas, para que estejam factíveis e se mantenham politicamente estável, em uníssono, tanto no presente, como no futuro. É preciso compreendermos o percurso da construção nacional e cultural em Angola, sobretudo na Lunda, pois se trata de uma missão imprescindível na criação identitária de diversos povos.
Vários factores estão ligados à libertação político-cultural da região, como as guerras, a violência na luta de poder, migrações e a instabilidade, são também factores contribuintes para a desestabilização cultural da região. O Reinado Lunda (10501887), outrossim designado como Império Lunda, durante muitos séculos na África foi considerado como sendo uma pós-colonia de estados, que se estendia apartir do Katanga, rio Luio até Liambeji ou Zambeze, uma parcela que cita(va) zona noroeste da Zâmbia. Cujo a sua capital estava cediada no (presente) Katanga, na capital do Império a Musumba, este Império ficou separado a partir do século XIX, devido à uma luta intestinais no seio da família do Império, entre os séculos XIV, XV ou até mesmo XVI, devido ao litígio que houvera entre à Lweji, fez com que este Reino fosse tripartido em: Reino Lunda Luba; Reino Lunda Ndembo; Reino Lunda Tchokwe.
Ademais, antes da chegada do colonialismo português, o povo Lunda já estava formado em pequenos grupos, neste caso tinha sua própria identidade cultural, diante disso, refirimo-nos de uma parte deste povo como os Lunda (Tchokwes), que por motivos de migração foi estalando-se suas raízes em outros território, enquanto os Lundas tinham permanencidos na sua zona. Os Lunda cokwe, que uma parte foi para Moxico, Lunda-sul, Congo, Zâmbia e outros espaços onde podemos encontrar a raça cokwe (Tucokwe), esses constituirão o seu próprio reino com a sua língua diferente da língua Lunda, no caso passou a ter uma língua como o nome do próprio povo, costumes e hábitos diferenciados. Porém, a verdade dos factos ocorridos, as duas Lunda passaram a ser chefiados apartir dos séculos XVI e XVII por Rei Mwatiânvua junto à sua esposa Lukocheka, assim diz a história. Tornando assim um dos monarcas renomados de Angola e do Leste do país sobretudo.
Antes de nos ater ao assunto que tem que ver com a liberdade cultural da Lunda (dos Tucokwe), é Impérioso que se debruce ainda sobre o lexema independência e cultura- De acordo com o Nosso Dicionário da língua portuguesa de Camacho e Tavares ( s/d)," independência é liberdade, autonomia ou perfil de alguém independente" quer dizer é estar isento de controlo ou não depender à outra pessoa. O adjectivo cultural está ligado à cultura neste caso, de um povo.
E neste acervo cultural estão inseridas às línguas, danças, os costumes ou até mesmo alimentação de certo povo. Assim, a independência cultural, quer dizer respeitar uma outra cultura. A tal liberdade não nos remeta a procrastinação da nossa identidade e nos apegar das outras, sendo que cada povo tem sua cultura (língua), e não existe nenhuma língua ou cultura superior a outras, porque cada povo é um povo. Dada à globalização que o mundo nos impõe está cada vez mais periclitantes os lundas se submeterem às suas idiossincrasias, facto que os lava a registar um inane no seio social e cultural do povo Lunda. Hoje, em dia, não se vê mais jovens a dançar ou contar CIYANDA, se há fazem- nos pelo dinheiro, ou para impressionar (estilo musical típico destes povo lestiano), todos estão a par das músicas feitas em português ou não. Não falar a língua COKWE é um motivo de vangloria, originando assim de certo modo algum preconceito linguístico e até mesmo cultural. Porque quem fala e canta na língua do colono é visto como alguém civilizado e letrado. Na cultura Lunda (COKWE), o mukanda desempenhava um factor importante na construção de um cidadão activo, participativo, culturalmente educado. Mukanda é um ritual típico deste povo, que é submetido aos homens, para além da actividade imperial que é feito lá nos circuncidar é também uma escola da camada masculina. Devido da miscigenação de povos de tribo e etnias distintas, está prática está perdendo o seu valor cultural na vida de um Lunda-cokwe. Antes ele era feito simplistamente aos jovens de 12 aos 18 anos, hoje não se vê o mesmo. São várias atitudes ligadas ao mosaico cultural do povo COKWE que hoje por hoje não vemos mais, salva-se àquelas regiões que estão distantes do centro da cidade. Como por exemplo em alguns algures dos municípios de Cuilo, Lovua, Dala, Mukonda etc. As marcas culturalescas sobrevivem em alguns aspectos.
Para as raparigas também eram submetidas a um ritual de nome cikhumbi, uma escola para a preparação da camada feminina, muito antes de essa ter contactos com homens. Fazia-se um processo de alambamento (espécie de pedido), o homem tinha a obrigação de cumprir com todos os deveres só assim, que a mulher iria para casa do mesmo, tornando-os mulher e homem. Por isso, se pode afirmar que daqui à poucos anos a região Lunda, até mesmo o território nacional em geral, ficará sem cultural estamos na iminência de uma possível desculturação, e consequentemente à perca de identidade. Os Lunda, possui um acervo tradicional do ponto de vista histórico-cultural riquíssimo, como se pode ver a partir da/o (valor) semântica/a das músicas tradicionais ou folclóricas, herdeiros de uma riqueza etnográfica, muito bem vista à nível interno e mundial. Nos moldes da independência cultural não estão bem servidos de alguma forma, apesar de haver uma desvalorização do ponto de vista linguístico, onde as línguas autóctones estão sendo glotofagiadas, por outras de índole europeia, no caso português, este fenómeno não só está visível na língua como em toda acção cultural, desde modo vivendo deste povo.
Para que se possa preservar a identidade cultural da Lunda, uma das vias mais fiáveis é a literatura, neste caso escrever(mos); inserção das línguas locais no currículo local; promover palestras, debates e entrevistas de modo a salvaguardar a nossa herança cultural, estudar a história e geográfica Lunda. Talvez a forma mais simples de se resgatar todo esse acervo cultural, é que se deve tratar as coisas como deveriam ser. E o governos províncias junto ao gabinete da cultura criarem condições para o seu resgate. Este problema de desculturação não está simplesmente consubstanciado aos Lundas, mas sim à toda Angola.