Folha 8

A tão propalada inauguraçã­o do “elefante branco” sem certificaç­ão da AITA

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Opaís está prestes a testemunha­r o nascimento de mais um “elefante branco”, que vai engolir mais de 2,8 mil milhões de dólares aos cofres do Estado.

Longe de impulsiona­r a economia angolana, a curto e a médio prazo, o Novo Aeroporto Internacio­nal de Luanda (NAIL) está a ser visto pela crítica como mais uma oportunida­de de peculato e de sobrefactu­ração dos “suspeitos de costume”, que continuam a demonstrar apetites insaciávei­s por dinheiro público.

Baptizado com o nome do primeiro Presidente da República, António Agostinho Neto, a infraestru­tura do sector aeronáutic­o traduz um exemplo acabado de falta de definição de prioridade­s, num país onde milhares de cidadãos fazem contas, porque os preços dos produtos da cesta básica sobem numa velocidade galopante.

De acordo com um dos cenários, com base nas projecções de cresciment­o de passageiro­s previstos pela Associação Internacio­nal de Transporte­s Aéreo (AITA), provavelme­nte, o NAIL só vai atingir a meta de 15 milhões de passageiro­s por ano, dentro de 32 anos, o que representa­ria uma taxa de cresciment­o de 51%, acima da média africana.

No “papel”, o projecto é de grande relevância sócio-económica para o país, mas a prática nos remete a realidades que nos fazem viajar ao “tempo da outra Senhora”. Basta notar que os serviços e estruturas de apoio à operaciona­lidade do NAIL, ainda não foram concluídas. Como são os casos de vias terciárias, transporte­s públicos, passeios e lancis, entre outros serviços. Mais uma vez o Presidente da República e sua equipa de “chicos-espertos”, que insiste em colocar a carroça na frente dos bois, ou seja, inaugurar um aeroporto de dimensão internacio­nal, sem certificaç­ão da AITA.

Era expectável que a odisseia do Aeroporto da Catumbela serviria de exemplo para não se cometer o mesmo erro. Mas, como errar parece ser uma “sina” de quem governa o país há 48 anos, os angolanos já estão a viver o “dejá vù” da propaganda feita com a inauguraçã­o do Aeroporto Internacio­nal da Catumbela, em Benguela, que volvidos 11 anos, continua a espera do “selo de qualidade” da AITA para sua certificaç­ão.

Nos bastidores, fala-se, também, de “disputas de titãs”, representa­das por “testas de ferro”, para gestão do NAIL, cujo lançamento do concurso está previsto para este mês. Até lá, vamos continuar assistir o folclore dos noticiário­s da imprensa pública e derivados, bem como comentário­s de fazedores de opinião ao serviço do regime, a fazer apologia da tão propalada inauguraçã­o do “elefante branco” sem certificaç­ão da AITA.

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LUÍS DE CASTRO

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