Folha 8

Que venham as (in) verdades de Chivukuvuk­u

- JORGE EURICO

Abel Chivukuvuk­u é um político que sempre acalentou o iludido sonho de ser Presidente da República. Falhou. Continua a falhar. Já não vai a tempo de sê-lo. Para compensar a imateriali­zação da sua fantasia, Abel Chivukuvuk­u quer ser e fazer qualquer coisa para aparecer e não ser publicamen­te esquecido. Nem que, para tal, tenha de gabar a sua amizade com João Lourenço e revelar que com ele confabula todas as semanas. Há menos de três anos, pediu ao aclamado escritor José Eduardo Agualusa para imortaliza­r as suas façanhas em livro. Agualusa atendeu ao pedido. O resultado tem nome: ”Vidas e mortes de Abel Chivukuvuk­u”. Estará à disposição do público no próximo dia 15 de Novembro, na capital angolana. Por estes dias tivemos um cheirinho de algumas partes da narrativa biográfica do ex-dirigente da UNITA. Uma espécie de pré-lançamento feito pela agência Lusa. Abel Chivukuvuk­u diz, entre outras coisas, no cheirinho sobre o referido livro, que pediu ao antigo chefe de Estado para adestrá-lo, objetivand­o suceder-lhe no cargo. Em troca, ele protegeria José Eduardo dos Santos, na hora da sua retirada.

O País lembra-se da imagem television­ada em que, numa cerimônia ocorrida no Palácio Presidenci­al, José Eduardo dos Santos, em confabulân­cias, visa-vis com Abel Chivukuvuk­u, ambos de taças na mão, risse, ao ponto de quase perder a compostura. Está deslindado o enigma da gargalhada do presidente emérito do MPLA e antigo chefe de Estado angolano. Ao respigar os pontos mais altos do livro à Lusa, Abel Chivukuvuk­u diz que o ex-presidente José Eduardo dos Santos pediu à UNITA para ficar com parte do território das Lundas para resolver problemas de liquidez do País.

Olhe, que não, olhe que não Dr. Chivukuvuk­u. Não me parece que esta versão correspond­a à verdade. A verdade é que (pouca gente sabe disso) quando o País tivesse com profundo problema de liquidez para pagar a Função Pública, José Eduardo dos Santos tinha o engenho de procurar soluções. Orientava parte da sua “entourage palaciana” - com conhecimen­to do governador do BNA e ministro das Finanças mandava imprimir dinheiro na Argentina. Na sequência mandava três ou quatro aeronaves da TAAG trazer toneladas de cédulas monetárias impressas para o País. O problema de liquidez era resolvido com um pé às costas e em menos trinta dias.

Todavia, vale a pena esperar pelo lançamento e obtenção do livro para que o possámos ler de capa a rabo, de modo a tomarmos conhecimen­to das (in)verdades relatadas por Abel Chivukuvuk­u e transcrita­s por José Eduardo Agualusa. Que venha o livro!

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