Que venham as (in) verdades de Chivukuvuku
Abel Chivukuvuku é um político que sempre acalentou o iludido sonho de ser Presidente da República. Falhou. Continua a falhar. Já não vai a tempo de sê-lo. Para compensar a imaterialização da sua fantasia, Abel Chivukuvuku quer ser e fazer qualquer coisa para aparecer e não ser publicamente esquecido. Nem que, para tal, tenha de gabar a sua amizade com João Lourenço e revelar que com ele confabula todas as semanas. Há menos de três anos, pediu ao aclamado escritor José Eduardo Agualusa para imortalizar as suas façanhas em livro. Agualusa atendeu ao pedido. O resultado tem nome: ”Vidas e mortes de Abel Chivukuvuku”. Estará à disposição do público no próximo dia 15 de Novembro, na capital angolana. Por estes dias tivemos um cheirinho de algumas partes da narrativa biográfica do ex-dirigente da UNITA. Uma espécie de pré-lançamento feito pela agência Lusa. Abel Chivukuvuku diz, entre outras coisas, no cheirinho sobre o referido livro, que pediu ao antigo chefe de Estado para adestrá-lo, objetivando suceder-lhe no cargo. Em troca, ele protegeria José Eduardo dos Santos, na hora da sua retirada.
O País lembra-se da imagem televisionada em que, numa cerimônia ocorrida no Palácio Presidencial, José Eduardo dos Santos, em confabulâncias, visa-vis com Abel Chivukuvuku, ambos de taças na mão, risse, ao ponto de quase perder a compostura. Está deslindado o enigma da gargalhada do presidente emérito do MPLA e antigo chefe de Estado angolano. Ao respigar os pontos mais altos do livro à Lusa, Abel Chivukuvuku diz que o ex-presidente José Eduardo dos Santos pediu à UNITA para ficar com parte do território das Lundas para resolver problemas de liquidez do País.
Olhe, que não, olhe que não Dr. Chivukuvuku. Não me parece que esta versão corresponda à verdade. A verdade é que (pouca gente sabe disso) quando o País tivesse com profundo problema de liquidez para pagar a Função Pública, José Eduardo dos Santos tinha o engenho de procurar soluções. Orientava parte da sua “entourage palaciana” - com conhecimento do governador do BNA e ministro das Finanças mandava imprimir dinheiro na Argentina. Na sequência mandava três ou quatro aeronaves da TAAG trazer toneladas de cédulas monetárias impressas para o País. O problema de liquidez era resolvido com um pé às costas e em menos trinta dias.
Todavia, vale a pena esperar pelo lançamento e obtenção do livro para que o possámos ler de capa a rabo, de modo a tomarmos conhecimento das (in)verdades relatadas por Abel Chivukuvuku e transcritas por José Eduardo Agualusa. Que venha o livro!