DA PÁTRIA QUE SURREAMBULAVA PARA O OCASO: UMA TENTATIVA DE DESCODIFICAR A NOVELA «VIAGEM PARA O FIM», DE JOÃO TALA
Com o presente texto, tentaremos descodificar a novela «VIAGEM PARA O FIM», de João Tala: 1. Solanhi, na referida novela, é símbolo da nação angolana, uma nação com futuro incerto, rodeada de áfricas, isto é, composta por variados problemas. Vide: «é difícil explicar uma mulher em delírios. Mas de Solanhi dizia-se que ardia umas vezes, sufocava-se outras, cada vez que cantavam os galos». Se olharmos para a história de Angola: os cinco séculos de colonialismo, a luta de libertação nacional, as guerras entre os partidos, a bajulação, os problemas de justiça, o elitismo e outros problemas sociais, podemos compará-la aos paroxismos dolorosos de Solanhi. Atentemos: «Mas o qu´é mesmo que se passa com a consciência e a estabilidade da mana Solanhi? Inicialmente pensámos numa epilepsia, mas os mais radicais aventavam um xinguilamento». Por acaso, não se pensa que os problemas de Angola são frutos do colonialismo?! Aqui, epilepsia seria o colono e o xinguilamento seria o orgulho exacerbado de quem governa desde a independência. Solanhi é Angola, portanto.
2. Os dois galos, arrancados da imaginação de Solanhi, são a vontade de liberdade, de crescer, de desenvolver que alguns angolanos têm/inham. Vejamos: «…continuavam a chegar não sabíamos de onde, os sons fantásticos. De qual capoeira mesmo vêm essas músicas do saber? Oh, Ngana, são os galos do Candimba». O desejo de dias melhores para este país surge das cidades e dos musseques, lá onde o asfalto termina.
3. Candimba é, qual no mito do Sebastianismo, o Galaaz que restabeleceria a paz nesta Angola, que outrora era composta por vários reinos que viviam em harmonia (?), saindo de um local para, como justiceiro, ajudar os que menos têm numa nação em que, segundo o
«VIAGEM PARA O FIM» faz parte dum grupo de oito narrativas (novelas, contos e crónicas) que integram a obra «Surreambulando» do poeta e prosador João Tala. Trata-se duma novela que termina onde começa (Simbad, 2017).
narrador, nunca a competência foi primordial. Ele «corria inegavelmente por uma causa (entende- se Justiça)». Contudo, o que ninguém previa é que ele…caminharia para a prisão… seria acusado de…ter matado um homem que era uma história!» Como é sabido, há mais injustiçado do que pão em Angola. Não é já a falta de instituições fortes, (nos dizeres de Obama) uma injustiça? Na novela, Candimba passa por povoações abandonadas pela administração pública, numa das quais, Mazoto, toda a população padecia de tripanossomíase, doença do sono. Cacolombolo, uma região outrora fértil em diamante, é/são a/as Lunda/s.
4. Em «VIAGEM PARA O FIM», João Tala, qual pintor, pinta
Angola e os seus problemas: a injustiça, a paz, a pobreza, a prostituição, a bajulação, o elitismo e companhia limitada (leia-se outros problemas), para tanto.
*Professor, escritor e ensaís
OPresidente da República e líder do MPLA, João Manuel Gonçalves Lourenço é citado como tendo avançado com diligências tendentes a decretar “tréguas” ao líder da UNITA, Adalberto Costa Júnior por concluir que o combate que o regime move contra o líder do maior partido da oposição estar a produzir resultados contrários aos visados, estando a desgastar ainda mais a imagem e credibilidade do também Titular do Poder Executivo, segundo o boletim Africa Monitor Inteligence, na edição que sai(u)rá a rua no 11.11.23, que o Presidente do MPLA, João Lourenço, ao notar que a campanha contra ACJR estaria a afectar a sua imagem interna e externa, em especial devido aos meios e métodos usados. Um mensageiro terá levado a mensagem ao líder da UNITA, mas na condição de reciprocidade, cessando, também, os “ataques”. Segundo a publicação, o temor que João Lourenço deixa transparecer em relação a ACJR como seu adversário político, reside em especial, na sua popularidade interna – de dimensão considerada ajustada a um aglutinador de toda a oposição ao regime. Os danos que a campanha contra ACJ tem infligido a JL são – segundo o Africa Monitor - considerado resultado da conjugação de factores, sendo que um dos quais revela fraqueza e falta de confiança em si próprio para se bater com um adversário político contra o qual apresenta meios desiguais. O Africa Monitor também entende que a persistência e duração da campanha converteu ACJ em “vitima”, sendo um dos factores da sua elevada popularidade interna.