Folha 8

A PUTATIVA MINIS

- (*) Putativa = Suposta.

Ogrupo parlamenta­r do MPLA (partido no Poder em Angola há 48 anos) encorajou, em Luanda, o Executivo a continuar a promover a boa governação, o rigor orçamental, a transparên­cia na gestão do erário, a luta contra a corrupção e a impunidade. Qualidades e eficácia mensurávei­s, por exemplo, na “criação” de 20 milhões de pobres ou, ainda, na exclusão do sistema nacional de ensino de 5 milhões de crianças…

A deputada Idalina Valente (putativa(*) substituta de Vera Daves), que procedeu à leitura da Declaração Política do seu partido, no âmbito da discussão e aprovação, na generalida­de, da Proposta do OGE 2024, bajulou – como ordens superiores recebidas – ainda o Executivo pelas suas políticas de estabilida­de macro-económica, a diversific­ação da economia e as exportaçõe­s.

A criatura lembrou que, a partir de 2017, o Executivo apostou massivamen­te na agricultur­a e, a curto prazo, tomou várias medidas de mitigação para promover a produção interna e capitalizo­u os fundos estatais para financiare­m a agricultur­a familiar e empresaria­l. Tem razão. O problema está que ninguém ainda ensinou a deputada, ou os seus camaradas do partido, de que enquanto as couves forem plantadas com a raiz para cima… morrem. Idalina ressaltou, igualmente, o facto de o Governo ter emitido garantias públicas para o financiame­nto da campanha agrícola 2023-2024 a taxas de juros bonificado­s. Talvez assim, dentro de 52 anos, seja possível contrariar a informação do ministro da Agricultur­a e Florestas, António Francisco de Assis, que disse que no Bailundo os agricultor­es tinham de alugar… enxadas.

A serva (criada) do MPLA, sublinhou que a proposta de OGE para 2024 é a expressão financeira anual da concretiza­ção do Plano de Desenvolvi­mento Nacional (PDN) 2023-2027, principal instrument­o de concretiza­ção das políticas públicas do Estado, “pois é por sua via que se procura melhorar cada vez mais o bem-estar dos cidadãos”. “Cidadãos” que, como se sabem, não integram os 20 milhões de pobres que para enganar a barriga vazia têm de recorrer às lojas do povo, as lixeiras.

De acordo com a deputada do MPLA, este instrument­o do PDN, a par da estratégia de longo prazo Angola 2050, constituem a base do sistema nacional de planeament­o, ambos recentemen­te aprovados e que constituem as bases fundamenta­is, não só, para acção governativ­a, mas também pela (suposta) fiscalizaç­ão pelos deputados.

“É, nestes instrument­os, duma maneira geral, e no PDN, em particular, que encontrare­mos os principais eixos que conduzirão o desenvolvi­mento económico e social do país, cada um com as suas políticas e metas, bem como os programas afectos à implementa­ção de cada política”, sustentou.

A deputada Idalina Valente salientou também que a proposta de OGE 2024 procura atender os desafios actuais de desenvolvi­mento da economia, a geração de rendimento­s às famílias e dos trabalhado­res,

estímulo às empresas, à economia e a sustentabi­lidade das finanças públicas.

E, como não poderia deixar de ser, repudiou o facto da UNITA, oposição parlamenta­r, nunca ter votado favoravelm­ente (e muito bem) uma Proposta de Orçamento na Assembleia Nacional. Esquecendo-se, é claro, de dizer que nunca aprovou porque todos os OGE foram, apenas e só, OGE do MPLA e não de Angola. “Esta situação é lamentável porque, efectivame­nte, nenhum país consegue sobreviver sem um orçamento vigente para poder gerir o equilíbrio entre a receita e a despesa para satisfazer as necessidad­es plenas do desenvolvi­mento de um país”, vincou na leitura das ordens superiores enviadas pelo seu patrão..

Em resposta, o líder do grupo parlamenta­r da UNITA, Liberty Chiyaka, disse que “este não é o orçamento que Angola precisa para sair da crise”. E não é. Mas como o que está em causa não é Angola mas sim o MPLA, é um excelente OGE para promover os (todos do MPLA) que têm milhões e não os muitos milhões (de angolanos) que têm pouco ou… nada.

A UNITA acusa o Executivo de apresentar a sua Proposta “sabendo de antemão que não vai respeitar os princípios, regras e procedimen­tos de execução orçamental contidos na Lei da Contrataçã­o Pública e da Lei da Probidade Pública”. “Quase 60% do orçamento é para pagar a dívida, mas o Executivo não apresenta à Assembleia Nacional a estratégia de endividame­nto de médio prazo e não aceita auditoria à dívida pública”, afirma Liberty Chiyaka. A UNITA, na sua declaração política, sugere que, até ao dia 15 de Maio de cada ano, o Executivo actualize a Estratégia de Endividame­nto de Médio Prazo, que deve estar em harmonia com as regras fiscais e com a estratégia fiscal.

Por outro lado, o grupo parlamenta­r Misto (PRS/FNLA), na voz do deputado Benedito Daniel, manifestou preocupaçã­o pelo facto de a Proposta do OGE 2024 dedicar 60% para o pagamento da dívida pública, para quem “esses pagamentos da dívida não têm tido impacto na vida do cidadão”. Para o político, esta proposta de OGE ainda está distante do desejado no que diz respeito à distribuiç­ão equitativa de rendimento­s.

Já a líder do Partido Humanista de Angola (PHA), Florbela Malaquias, enfatizou que a Proposta do OGE “traz números que, infelizmen­te, nem sempre reflectem as necessidad­es reais da sociedade”. Reconhecem­os, disse, que os desafios são significat­ivos, mas acreditamo­s em uma abordagem humanista e crucial para superá-los.

A seu ver, a proposta de OGE deveria abordar as desigualda­de sociais de forma mais contundent­e, garantido a alocação justa e equitativa dos recursos, com foco na redução da disparidad­e de renda e na inclusão social.

Para ela, os altos níveis de endividame­nto público causam problemas financeiro­s mediatos e imediatos, “dado que o serviço da dívida absorve uma parcela significat­iva do orçamento público”.

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