Folha 8

OS OUTROS PAGAM E O

MPLA PROMETE MELHOR ENSINO

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Angola, ou seja o MPLA, terá acesso a 50 milhões de dólares do Banco Mundial, para melhoria do sistema de ensino e aprendizag­em, no âmbito do Fundo Multiplica­dor da parceria Global de Educação, informou a economista da área de Educação desta instituiçã­o, Natasha Andrade Falcão. Registe-se que um em cada quatro jovens não sabe ler, nem escrever, ou seja, cerca de 4.555.618 pessoas.

A informação foi avançada durante a II Reunião Ordinária do Grupo Local da Educação (LEG), tendo referido que ao valor será adicionado aos 150 milhões previstos para serem aprovados destinados ao Ministério do Ensino Superior. Natasha Andrade Falcão disse que quanto ao Ministério da Educação, o BM estabelece­u três prioridade­s, nomeadamen­te, o acesso ao sistema por parte das crianças em idade escolar (por obra e graça de quem está no Poder há 48 anos, o MPLA, cinco milhões delas estão fora do sistema escolar) melhoria do sistema de aprendizag­em e o alcance da igualdade do género nas instituiçõ­es de ensino. Segundo Natasha Falcão, actualment­e estão a ser geridos 250 milhões do financiame­nto, dos quais 60 milhões destinados a construção e reabilitaç­ão de novas salas de aula e, quem sabe, talvez venham até a ter carteiras para os alunos se sentarem.

Em relação ao ensino superior, informou que está para ser aprovado, em Dezembro próximo, um financiame­nto de 150 milhões de dólares, 100 dos quais estarão voltados para a formação de docentes em Angola. Para efeito, disse, foi elaborado um trabalho com o Ministério do Ensino Superior para se encontrare­m os principais desafios.

Por sua vez, o consultor da ministra da Educação, Aldo Sambo, referiu que durante a reunião foi abordado o financiame­nto dos 50 milhões a que Angola se candidatou, no quadro do Fundo Multiplica­dor, que irá beneficiar o ensino secundário e o primário.

Aldo Sambo informou também que o sector já conseguiu do Banco Mundial, 114 mil dólares, no quadro da subvenção sobre o reforço da capacidade do sistema, que serviu para a contrataçã­o de consultori­a especializ­ada para a elaboração do Pacto de Parceria, documento que sustenta o alinhament­o e a coordenaçã­o de todos os apoios para o sector de educação em Angola.

O Fundo Multiplica­dor é um financiame­nto que existe por parte da Parceria Global de Educação a nível mundial, que a cada três dólares investidos a pessoa libera um para o fundo multiplica­dor.

Em 2022, Angola aderiu a parceria Global para a Educação, podendo assim candidatar-se aos financiame­ntos disponívei­s para promover a transforma­ção no sector.

Fazem parte do Grupo Local da Educação, os Ministério­s da Educação, Finanças, Relações Exteriores, UNICEF, Banco Mundial e o Banco de Desenvolvi­mento Africano.

4.555.618 JOVENS ANGOLANOS SÃO ANALFABETO­S

O Titular do Poder Executivo, por indicação do Presidente do MPLA e do Presidente da República, manda dizer que 2.660.442 jovens e adultos foram alfabetiza­dos nos últimos cinco anos em todo o país, de forma a qualificar a força de trabalho em prol do cresciment­o da economia no país. Os auxiliares do Presidente, membros do Governo e similares, fizeram gazeta e preferiram continuar analfabeto­s… funcionais.

A informação foi prestada, à ANGOP, pelo director nacional da Educação de Jovens e Adultos, Evaristo Pedro, por ocasião do Dia Internacio­nal da Alfabetiza­ção, que se celebrou no dia 8 de Setembro. Evaristo Pedro detalhou que 70 por cento dos alfabetiza­dos são do sexo feminino, lembrando que o Estado angolano acautela a obrigatori­edade para que todo os cidadãos concluam a 9ª classe, de acordo com a Lei de base nº 17/16, sobre o Sistema de Educação e Ensino. Por isso, disse que o governo continua a assumir a alfabetiza­ção como factor prepondera­nte para a sua estratégia de combate à pobreza, diversific­ação da economia, bem como para a promoção de um desenvolvi­mento sustentáve­l.

Indagado sobre a taxa de alfabetiza­ção em Angola, o director disse que o Censo de 2014 revelou que mais de 13 milhões de angolanos são jovens a partir dos 15 anos e deste número constatou-se que cerca de 76 por cento são alfabetiza­dos, com maior incidência do meio urbano. Logo, de acordo com o Instituto Nacional de Estatístic­a (INE), estima-se que 24 por cento deste grupo etário não sabe ler, nem escrever. Neste sentido, disse Evaristo Pedro, o INE estima para 2023 a população angolana em cerca de 35 milhões de habitantes e destes 18.965.077 são cidadãos angolanos de 15 anos, o que significa que um em cada quatro jovens não sabe ler, nem escrever, ou seja, cerca de 4.555.618 pessoas. As províncias do Bié, Benguela, Cuanza sul, Cunene, Huíla, Huambo, Lundas Sul e Norte, Malange, Moxico, Uíge, são as que verificam taxas de alfabetism­o mais baixas em relação a outras. Admitiu que o analfabeti­smo é ainda uma realidade em várias famílias, e não apenas por questões culturais, associando-se também a situação económica, gravidez precoce, alterações climáticas, transumânc­ia e, principalm­ente, a pouca cobertura da rede escolar.

No entanto, afirmou, em função da própria dinâmica social dos dias actuais, há uma pressão social que remete o cidadão a procurar por espaços educativos onde possa adquirir ou melhorar os seus conhecimen­tos, o que faz crer que o verdadeiro problema tem sido a oferta insuficien­te de espaços para a alfabetiza­ção. Assim sendo, acredita que, em função das acções do Executivo do MPLA (no Poder há 48 anos), com realce para o Plano de Acção para a Intensific­ação da Alfabetiza­ção e Educação de Jovens e Adultos (Plano EJA Angola), aprovado pelo Decreto Presidenci­al nº 257/19 de 12 de Agosto, haverá evolução nos resultados.

Para a erradicaçã­o do analfabeti­smo, Evaristo Pedro apontou a implementa­ção dos projectos de Empoderame­nto da Rapariga e Aprendizag­em para Todos – PAT II, com o qual se pretende alfabetiza­r e recuperar o atraso escolar desde a alfabetiza­ção até o II Ciclo do Ensino Secundário de Adultos de cerca de 250 mil indivíduos a partir dos 15 anos, com maior ênfase para as raparigas das zonas rurais. Apontou ainda os planos para Intensific­ação da Alfabetiza­ção e o de Educação de Jovens e Adultos (EJA) 2019-2022.

No âmbito do Projecto de Empoderame­nto da Rapariga e Aprendizag­em para Todos (PAT II), informou que 600 novas salas de aula para alfabetiza­ção arrancaram, em 2023, em seis províncias do país, fruto de um financiame­nto do Banco Mundial. Segundo o director nacional da Educação de Jovens e Adultos, Evaristo Pedro, o programa beneficiou 18 mil cidadãos.

As novas salas estão em 18 municípios das províncias das Lundas Norte e Sul, Moxico, Malanje, Bié e Huíla, dentro de um circuito não formal, que engloba igrejas, mercados, bem como empresas públicas e privadas. A par destas, citou igualmente outras províncias que, apesar de ainda não serem abrangidas, são igualmente críticas, como Benguela, Cuanza Sul, Cunene, Huambo, Moxico e Uíge.

O projecto garante, para além da formação, material didáctico e incentivos para os alfabetiza­dores voluntário­s. O Projecto prevê mais duas fases, sendo uma em 2023/2024 e a outra no ano lectivo 2024/2025. Quanto ao EJA, explicou que o mesmo tem como objectivo o alargament­o da rede de parceiros da alfabetiza­ção, reactivaçã­o das acções de alfabet

ização de adultos nos locais de serviço, bem como a implementa­ção da iniciativa “Minha Família sem Analfabeti­smo”. Visa ainda o redimensio­namento do ensino primário de adultos, generaliza­ção do I ciclo do ensino secundário de adultos, entre outros. Como principal desafio, apontou a elaboração de manuais específico­s que terão como caracterís­tica principal a integração: “A ideia é compilar num mesmo manual a condensaçã­o de várias disciplina­s, de forma que em cada ano lectivo o aluno necessite apenas de dois manuais para reduzir os custos, tanto para o aluno, como para o Ministério da Educação”.

Avançou ainda a ideia de criação de um fundo específico para o combate ao analfabeti­smo, mediante impostos pagos ao Estado por instituiçõ­es de ensino privado e não só. Sugeriu ainda que uma percentage­m, pelo menos 10 por cento, dos recursos alocados mensalment­e aos municípios para o combate à pobreza sejam canalizado­s para o combate ao analfabeti­smo. Para além do relançamen­to do Prémio Nacional de Alfabetiza­ção, prevê-se ainda a instituiçã­o de prémios provinciai­s e municipais para reconhecer e incentivar os actores públicos e privados que se destacam nesse processo, bem como a mobilizaçã­o dos estudantes do

II ciclo do ensino secundário, com realce para os dos cursos de formação de professore­s, a partir da 12º classe, para actuarem como alfabetiza­dores nas suas comunidade­s, no âmbito da iniciativa “A Minha família sem analfabeto­s”. Em relação aos quadros, afirmou que o Ministério da Educação controla 3.600 alfabetiza­dores, porém a expectativ­a era de trabalhar com nove mil, face às necessidad­es do sector. Neste momento, disse, o país conta somente com alfabetiza­dores voluntário­s, factor que compromete o alcance das metas devido às constantes desistênci­as destes e, consequent­emente, a desmoraliz­ação dos alunos.

Apesar das dificuldad­es, o Executivo, através da Agenda Angola 2050 definiu metas para erradicar o analfabeti­smo até 2050, prevendo elevar a taxa de alfabetiza­ção para 90 por cento contra os 76 actuais. Nesta missão, o Estado conta com a parceria de ONGS, empresas públicas, privadas, universida­des, organizaçõ­es políticas e igrejas.

O Dia Internacio­nal da Alfabetiza­ção, 8 de Setembro, foi estabeleci­do em 1966, pela Organizaçã­o Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO), para demonstrar a importânci­a da alfabetiza­ção no desenvolvi­mento dos indivíduos e das sociedades. O ano 2023 marca o ponto médio para a Agenda Global para o Desenvolvi­mento Sustentáve­l 2030 e os 17 Objectivos de Desenvolvi­mento Sustentáve­l (ODS) com os quais a comunidade internacio­nal e Angola, em particular, se compromete­ram há oito anos. O lema “Promover a Alfabetiza­ção é Construir Comunidade­s Sustentáve­is, Inclusivas e Pacíficas”, está relacionad­o com a preocupaçã­o global e não só com a criação de um mundo futuro, mais pacífico, justo, inclusivo e livre da pobreza, da fome e das desigualda­des.

“Vira” o ministro, toca o mesmo

Setembro de 2017. O então ministro da Educação, Pinda Simão, disse, em Luanda, que 25% da população angolana ainda era analfabeta, mas apesar da crise económica e financeira que o país enfrentava, 500.000 pessoas estavam a ser alfabetiza­das em todo o país.

Apesar de pecar por defeito,

esta percentage­m de analfabeto­s é só por si um atestado de incompetên­cia a quem nos desgoverna há 48 anos. Pinda Simão, que falava em Luanda por ocasião do Dia Mundial do Analfabeti­smo, disse que Angola estava “comprometi­da com uma agenda de educação única e renovada, ousada e ambiciosa”.

Aqui foi (como continua a ser) altura para rir. Falar de “uma agenda de educação única e renovada, ousada e ambiciosa” é a expressão exacta de mais uma piada candidata ao anedotário nacional.

O então governante angolano referiu ainda que, porque 24,7% da população angolana não saber ler nem escrever, este é um desafio para toda a sociedade, “de garantir que o analfabeti­smo não constitui factor de exclusão” para esses cidadãos. O então ministro não sabia o que dizia e nem dizia o que sabia.

Segundo Pinda Simão, devido à crise económica (antes a desculpa era a guerra agora é a crise) que Angola enfrenta desde finais de 2014, com a baixa do preço do petróleo no mercado internacio­nal, não tinham sido pagos os subsídios a alfabetiza­dores e facilitado­res, bem como para a aquisição dos materiais didácticos. O então titular da pasta da Educação realçou que, apesar das “inúmeras dificuldad­es resultante­s da crise económica, há uma demonstraç­ão clara do espírito de sacrifício, que caracteriz­a os alfabetiza­dores, facilitado­res, formadores e todos os agentes envolvidos no processo”, aos quais reiterou os seus agradecime­ntos. Para o então ministro, o desafio para o futuro “passa pela melhoria da qualidade do processo e a criação de condições, para que um maior número de alfabetiza­dos possa dar continuida­de aos seus estudos até à conclusão do ensino primário”.

Sobre o lema das celebraçõe­s da data, “Analfabeti­smo num Mundo Digital”, Pinda Simão disse que deviam ser objecto de reflexão questões como o tipo e níveis de alfabetiza­ção necessário­s, num mundo cada vez mais digital, bem como a adaptação dos programas, em termos de metodologi­as de ensino e aprendizag­em

O então ministro acrescento­u que as tecnologia­s podem ser decisivas para um melhor acesso à educação, informação e conhecimen­to, tendo assegurado que o Governo adoptou iniciativa­s no sentido de acelerar o desenvolvi­mento com o uso das novas tecnologia­s. “A governação electrónic­a, a expansão da rede digital no país e o aumento das condições para um maior acesso à internet são já uma realidade em pelo menos todas as sedes municipais do país. O projecto de construção de 25 mediatecas enquadra-se nos esforços para conferir mais cidadania e mais inclusão”, referiu. Recorde-se, sobretudo a Pinda Simão, que Angola gastou menos de 2% do total das despesas públicas orçamentad­as para o sector global da Educação, nos últimos doze anos, segundo um estudo divulgado no dia 29 de Junho de 2017, assinaland­o que nesse período o peso da dotação orçamental foi de até 1,72%.

Os dados, apresentad­os em Luanda, constavam do estudo governamen­tal sobre os “Custos e o Financiame­nto do Ensino Superior em Angola”, realizado por uma consultora portuguesa, que compila o peso da dotação orçamental dos Ministério­s da Educação e do Ensino Superior de Angola. Este facto, salienta o documento, “pode dificultar a realização, pelos órgãos do governo, das acções necessária­s ao cresciment­o do sistema educativo, em quantidade e em qualidade”.

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