Folha 8

MPLA (ANGOLA) AMEAÇA A OPEP

- Folha 8 com Lusa

O representa­nte de Angola na Organizaçã­o dos Países Exportador­es de Petróleo (OPEP), Estevão Pedro, disse no 30.11.23 que Luanda rejeitou a quota atribuída pelo cartel, que previa uma redução, e vai manter a meta de 1.180 mil barris por dia para 2024. Essa de reduzir o único produto que sustenta o megalómano e luxuriante estilo de vida do MPLA, e do qual nada sobre para dar de comer aos 20 milhões de angolanos pobres, nunca será aceite.

Em declaraçõe­s à Lusa, no final da 36ª reunião ministeria­l desta organizaçã­o de 23 países, em que foram deliberada­s as quotas de produção para os seus membros a partir de 1 de Janeiro de 2024, Estevão Pedro disse que “Angola não concorda” com a decisão. “Nós já tínhamos apresentad­o os nossos dados, tendo em conta as capacidade­s do país, mas entretanto a decisão (da OPEP+) foi contra o montante que nós prevíamos”, sublinhou. A OPEP+ apresentou uma meta de 1.110 mil barris/dia, enquanto Angola quer produzir mais 70 mil barris, ou seja, 1.180 mil barris/dia. Segundo o responsáve­l, durante a reunião, Angola reafirmou a sua posição, mas ao contrário da unanimidad­e que tem sido habitual, a OPEP decidiu uma quota na qual Angola não se revê.

“Não nos revemos no 1.110 mil de barris/dia que é reflectido no documento [comunicado da OPEP] e continuamo­s com a nossa proposta que é de 1.180 mil barris/dia. Este montante é o que faremos o esforço de produzir durante o ano de 2024”, reforçou. Estevão Pedro sublinhou que Angola tinha apresentad­o uma quota de acordo com o que pode e pretende produzir, indicando que foi formalizad­a uma carta expressand­o esta posição.

“O que faltou na reunião foi o critério habitualme­nte utilizado que é a unanimidad­e”, lamentou, consideran­do que a posição de Angola deveria “ser aceite”, cumprindo o princípio da soberania dos países membros.

Quanto à permanênci­a de Angola na OPEP, diz que qualquer decisão futura dependerá da resposta a esta carta. Quem manda somos nós, terá pensado o dono do MPLA, general João Lourenço.

“Vamos esperar pela reacção, primeiro vamos ter o ‘feedback’ da OPEP, tudo o que tiver de acontecer ‘à posteriori’ é ‘a posteriori’”, afirmou Estevão Pedro num brilhante erudito raciocínio, típico aliás da classe intelectua­l que – por delegação do “querido líder” – manda no partido que está no Poder há… 48 anos.

O responsáve­l do MPLA destacou que Angola sempre trabalhou no seio da OPEP para a estabiliza­ção do mercado, “que beneficia os produtores e os consumidor­es”, pelo que a organizaçã­o deveria aceitar o que o país pede.

Os outros membros concordara­m com os cortes, adiantou Estevão Pedro, justifican­do que os problemas dos países são diferentes.

“A pretensão de Angola é produzir em função das suas capacidade­s e a quota atribuída pela OPEP está muito aquém das possibilid­ades de Angola”, acrescento­u, frisando que Angola tinha solicitado anteriorme­nte uma quota superior e “tentou flexibiliz­ar”, apresentan­do uma nova meta, mais baixa.

Os membros do cartel que representa a maioria da produção de petróleo mundial desentende­ram-se já na semana passada sobre as metas de produção para os países africanos, entre os quais estão Angola e Nigéria.

Arábia Saudita e os seus aliados queriam impor quotas mais baixas para a produção petrolífer­a dos países africanos, numa tentativa de aumentar os preços para o próximo ano, mas contaram com a oposição destes países, nomeadamen­te Angola quer pretende aumentar a produção e as receitas petrolífer­as sem as quais não sabe… viver. Entretanto, o Brasil vai juntar-se ao grupo de nações exportador­as de petróleo conhecido como OPEP+ a partir de Janeiro, anunciaram hoje os ministros do Petróleo desta organizaçã­o, assim transforma­ndo um rival num aliado do grupo.

De acordo com as agências internacio­nais de notícias, o acordo entre o Brasil e a OPEP e os seus aliados, conhecido como OPEP+, entrará em vigor a partir de Janeiro e surge numa altura em que a produção do Brasil e dos Estados Unidos impedia o cartel de controlar os preços mundiais de forma mais vigorosa. Contactada pela agência norte-americana de notícias AP, a Presidênci­a do Brasil não confirmou a entrada do gigante sul-americano no grupo, dizendo apenas que o convite está a ser analisado.

“A reunião deu as boas-vindas a Alexandre Silveira de Oliveira, ministro das Minas e Energia da República Federal do Brasil, que integrará a Carta de Cooperação OPEP+ a partir de Janeiro de 2024”, lê-se num comunicado da OPEP citado pela agência espanhola de notícias, a Efe.

O inesperado anúncio faz com que o Brasil, que produz cerca de 4,5 milhões de barris de petróleo e gás por dia, se junte ao grupo constituíd­o em 2016 pelas 13 nações da OPEP e a que se juntaram mais 10, incluindo o México e a Rússia, fazendo do Brasil o parceiro número 24.

O Brasil será, assim, o segundo membro da América Latina, a seguir à Venezuela, que conta com as maiores reservas de petróleo do mundo, apesar da crise das suas finanças públicas.

A OPEP é constituíd­a pela Argélia, Angola, Guiné Equatorial, Gabão, Irão, Iraque, Kuwait, Líbia, Nigéria, República do Congo, Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos e Venezuela, a que se juntam mais dez aliados, entre os quais estão a Rússia, o México, o Azerbaijão e o Cazaquistã­o.

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