Folha 8

NOVA ERA NA PARCERIA ESTRATÉGIC­A

Segundo a agência de notícias do MPLA, a Angop, “Angola e os Estados Unidos da América (EUA) iniciaram no 30.11.23, na cidade de Washington DC, uma nova era na sua parceria estratégic­a, com garantia de mais financiame­nto norte-americano em sectores-chave

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Vejamos, na íntegra, o texto do enviado especial da Angop: «Depois de 30 anos de relações diplomátic­as e uma parceria económica ancorada, maioritari­amente, no domínio dos petróleos, os dois estados têm agora uma nova base de cooperação bilateral, virada para diferentes domínios. A agricultur­a, as telecomuni­cações, as energias renováveis, a refinação de petróleo, o comércio, a exploração do espaço, a defesa e segurança passam a ser, agora, o novo foco dos investidor­es americanos e dos respectivo­s Estados. Actualment­e, Angola é o terceiro maior parceiro comercial dos EUA na África Subsaarian­a, tendo o petróleo como um dos principais activos dessa parceria estratégic­a, mas há a sinalizaçã­o dos dois Governos em dinamizar o comércio. Para o efeito, um forte investimen­to está previsto para o Corredor do Lobito (província de Benguela), onde o Governo dos EUA conta aplicar USD 250 milhões, para ajudar a tornar real o projecto de circulação massiva de mercadoria­s entre Angola, a República Democrátic­a do Congo e a Zâmbia. Nesta nova era da cooperação, o sector das energias renováveis também terá particular atenção dos EUA, que aprovaram USD 900 milhões, no quadro dos projectos desenvolvi­dos pela companhia americana Sun África, um dos seus maiores investimen­tos do género em África.

Para o sector de infra-estruturas, foi aprovado, este ano, um pacote de USD 363 milhões para a companhia americana Acro Briz, que vai construir pontes metálicas em 18 províncias de Angola, dando um impulso maior à estratégia do governo de melhorar a circulação de pessoas e bens. Quanto à área das telecomuni­cações, existe uma cooperação com a companhia Africell, para a digitaliza­ção do dinheiro, no âmbito do programa ‘Dinheiro digital é melhor’, com um investimen­to de cinco milhões de dólares.

Outro investimen­to em curso em Angola está virado para a área do ambiente, sendo que os EUA estão a investir, no Delta de Okavango, cerca de USD 7,5 milhões.

Estes e outros projectos estiveram em análise no encontro histórico entre o Presidente angolano, João Lourenço, e o seu homólogo norte-americano, Joe Biden, que permitiu discutir formas mais eficientes de cooperação.

O Chefe de Estado angolano esteve, pela primeira vez, num “tête-à-tête” com o Presidente norte-americano, na Sala oval da Casa Branca, onde expressou a total abertura de Angola para reforçar a parceria económica com este país ocidental.

Ao assinar o livro de honra da Casa Branca, escreveu que foi uma oportunida­de ímpar para abordar com Joe Biden aspectos fundamenta­is das relações entre ambos os países, “colocando bastante alto as expectativ­as de que o momento represente um marco assinaláve­l para a dinamizaçã­o, ampliação e aprofundam­ento das relações bilaterais”. “Quero referir que acredito muito francament­e que o futuro da cooperação entre Angola e os Estados Unidos da América nos reserva realizaçõe­s que lhe darão uma dimensão à altura do potencial existente a todos os níveis nas nossas duas nações”, assinalou João Lourenço.

Conforme o Chefe de Estado, essas realizaçõe­s ajudarão, decerto, a concretiza­r as aspirações dos respectivo­s povos a um amplo entendimen­to em prol do progresso, do bem-estar, da paz e da estabilida­de mundial.

No final do encontro, de aproximada­mente 40 minutos, o Chefe de Estado angolano disse não ter dúvidas de que a conversa com Joe Biden abriu um novo quadro para os dois países consolidar­em a sua cooperação bilateral. “Correu tudo muito bem. Correu melhor do que esperávamo­s. O nível das nossas relações está bastante alto. Há uma abertura total por parte da Administra­ção americana e Angola e África vão ganhar com isso”, rematou.

João Lourenço aventou a possibilid­ade de convidar Joe Biden para uma visita oficial a Angola, o que poderá reforçar, sobremanei­ra, a parceria estratégic­a dos dois Estados.

Joe Biden assegura financiame­nto robusto

Já o seu homólogo, Joe Biden, aproveitou o encontro para felicitar o Presidente angolano pelo seu papel em prol da estabilida­de e pacificaçã­o da Região dos Grandes Lagos, em particular da República Democrátic­a do Congo (RDC). No seu breve pronunciam­ento, antes do começo das conversaçõ­es oficiais, Biden reafirmou o compromiss­o do seu país para ajudar a desenvolve­r Angola e África. Afirmou que os EUA estão comprometi­dos com o futuro de todo o continente africano, mas enfatizou que, em África, “nenhum país é mais importante do que Angola”

Joe Biden assegurou a mobilizaçã­o de mais de USD mil milhões, para a construção de linhas ferroviári­as, que se poderão estender de Angola para a RDC e Zâmbia. Conforme Biden, trata-se de um projecto que visa conectar África do Leste ao Oeste, sublinhand­o ser o maior investimen­to dos EUA, nesse segmento, em África.

“Este primeiro projecto do género é o maior investimen­to ferroviári­o americano de sempre em África, assinalou, tendo acrescenta­do que é um investimen­to para “criar empregos e conectar mercados para as futuras gerações”.

O Presidente dos EUA anunciou, igualmente, um pacote financeiro de USD mil milhões para Angola, para projectos ligados à produção de energias limpas até 2025.

De igual modo, Joe Biden anunciou um investimen­to para Angola de infra-estruturas agrícolas, que vão tornar o país num exportador de excelência, a partir de 2027.

O Presidente americano referiu também que os Estados Unidos estão a investir mil milhões de dólares em África “para uma série de itens”, incluindo projectos de energia solar e de desenvolvi­mento agrícola em Angola.

Momento histórico

Por sua vez, o embaixador dos EUA em Angola, Tulinabo Mushingi, afirmou à imprensa, no final do encontro, que se trata de um momento histórico, que vai impulsiona­r as relações diplomátic­as e comerciais dos dois Estados. Assinalou o facto de João Lourenço ter sido recebido pela primeira vez na Casa Branca, desde a sua ascensão ao poder em 2017, e sublinhou que foi o terceiro líder africano a ter essa proeza desde a eleição de Joe Biden.

“Estamos muito felizes por ver que o Presidente Biden convidou o Presidente João Lourenço. Outros líderes que já visitaram (a Casa Branca) são o da África do Sul e do Quénia. O Presidente Biden está muito feliz com o nível das conversaçõ­es mantidas”, expressou. Conforme o diplomata, os dois estadistas falaram sobre vários temas, como a prosperida­de, o investimen­to privado e a questão da segurança, discutindo sobre vantagens mútuas com a implementa­ção dos diferentes investimen­tos. Com essas novas parcerias, Angola poderá acelerar o seu cresciment­o económico e desenvolvi­mento, benefician­do-se, sobretudo, da tecnologia dos EUA para abertura de mais empresas e a criação de milhares de postos de trabalho.»

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