José Luís Mendonça apresenta “As metamorfoses do elefante”
Uma preciosidade literária, com recurso a metáforas e uso criativo da linguagem “As Metamorfoses do Elefante” é o novo livro do escritor angolano José Luís Mendonça a ser apresentado no dia 28 de Novembro às 16 horas no Centro Cultural Português em Luanda. Segundo o autor “As Metamorfoses do Elefante” é uma fábula em sete sonhos, a fábula de uma Angola ficcionada pela língua portuguesa e referendada pelos povos do novo país, ontem órfãos da Guerra Fria, e hoje reféns da sua própria húbris.
Olivro começa com a propagação de uma estranha pandemia: um surto de riso a que as autoridades chamam surriso. Em simultâneo com essa insólita pandemia, o autor, José Luís Mendonça, oferece-nos uma prodigiosa efabulação da história da Angola pós-colonial. Por essa história, deambula um bestiário magnífico de camaleões, hienas, uma vaca de fogo preto, cabras voadoras, um falcão de asas redondas e um elefante que, com rostos diferentes, representa o poder, num país moldado pela vendeta do 27 de Maio de 1977, cuja herança maior é uma repressão política desumana. Angola, década de 1970, estamos na antecâmara da independência e Hermes Sussumuku prevê, nos sete sonhos que o atormentam, um futuro de horrores para o país. O seu irmão, empenhado na luta pela libertação do povo angolano e esperançoso de um futuro risonho, recusa-se a acreditar nas visões catastrofistas de Hermes. Mas as décadas seguintes vieram a dar razão aos sonhos premonitórios, e a independência de Angola não encerrou em si mesma a luz que todos buscavam. Além de uma longa e dolorosa guerra civil, que abriu portas a sucessivas crises políticas, sociais e económicas, os angolanos deparavam-se agora com uma estranha pandemia: um surto de riso a que as autoridades chamam surriso. A solução? Coser a boca dos infectados. Este é o mote para As Metamorfoses do Elefante, o novo romance de José Luís Mendonça, um dos principais autores angolanos contemporâneos, da denominada «Geração das Incertezas», que integra nomes como José Eduardo Agualusa, Lopito Feijoó ou Ana Paula Tavares.
A figura central deste brilhante romance é um elefante que, com rostos diferentes, representa o maior paradoxo das independências africanas: a dupla intangibilidade das fronteiras africanas e do modelo de gestão colonial, cuja herança maior é uma consequente repressão política desumana. Aos leitores, o autor explica que esta é «a estória de uma ficção da língua portuguesa chamada Angola. Herança de navegadores lusos, refundada pelos povos do novo país, ontem órfãos da Guerra Fria e hoje órfãos de si mesmos. Uma fábula em sete sonhos transfigurados no tempo.»
PERCURSO DO AUTOR
JOSÉ LUÍS MENDONÇA nasceu em Angola, em Novembro de 1955, na Comuna da Mussuemba, Município do Golungo Alto. Licenciado em Direito. É jornalista e poeta. Foi director e editor-chefe do Jornal CULTURA, quinzenário angolano de Artes & Letras. Autor de várias obras de poesia, de contos e de um romance, fez a sua aparição no mundo das Letras Angolanas com o livro “Chuva Novembrina”, obra à qual foi atribuído em 1981, o Prémio Literário Sagrada Esperança pela INALD – Instituto Nacional do Livro e do Disco. Em 2005, o Ministério da Cultura atribuiu-lhe o Prémio Angola Trinta Anos, na disciplina de Literatura, no âmbito das comemorações do 30º Aniversário da Independência Nacional, pela obra poética “Um Voo de Borboleta no Mecanismo Inerte do Tempo”. No mesmo ano, foi contemplado com o Prémio Notícias Gerais da Lusofonia no Concurso CNN Multichoice Jornalista Africano.
Em 2015, foi vencedor do Prémio Nacional de Cultura e Artes na categoria de Literatura, pela singularidade do seu estilo e valor cultural das temáticas tratadas.